Sai Capeta!
Página do João Paulo Cunha
Os professores paulistas passaram a segunda-feira, 08, organizando sua mobilização com a expectativa de, até sexta-feira, conseguir adesão total da categoria para paralisar por tempo indeterminado as escolas da rede pública estadual. Muitas escolas funcionaram parcialmente ontem. Os professores conversaram com pais e estudantes sobre a precariedade da rede no estado e conquistaram manifestações de apoio.
”Sou contra o sistema de aprovação automática que o governador José Serra colocou para as nossas crianças. Além disso, os professores merecem salários dignos, para que consigam passar dignidade para os filhos da gente”, disse Marcos Leandro Castro, pai de aluno da Escola Estadual Caetano de Campos, no bairro paulistano da Aclimação.
Na escola em que estuda o filho de Marcos não há sequer inspetores ou funcionários para garantirem a segurança dos estudantes. Por causa disso, as próprias mães se organizaram e montaram um sistema de inspetoras voluntárias. Isilda Aparecida Rede é uma delas. “Como não existe funcionário para cuidar dos nossos filhos, as famílias têm que substituir o Poder Público na escola. A gente vem cuidar, porque eles ficam sem nenhuma proteção. Não há nem quem organize um fila”.
A professora Mônica Severo explica que dá aulas em 16 turmas do ensino básico (segundo grau), com 40 a 45 alunos por classe. A promessa de Serra, de manter dois professores por turma, não foi cumprida na Escola Estadual Caetano de Campos. ”Eu fico até constrangida, porque um professor nessas condições não consegue conhecer seus alunos pelo nome”, disse Monica, que, para manter tantas turmas, ganha R$ 1 mil por mês, somadas as bonificações.
“A política educacional do Serra não permite sequer que os professores se vinculem aos alunos, porque nós somos transferidos constantemente. Também é mentirosa a propaganda que fala que temos laboratórios nas escolas, ou mesmo que elas funcionam nos fins de semana”, conta a professora.
Serra declarou na noite de segunda-feira que a greve dos professores “é um movimento que não pegou”. Segundo ele, “é um movimento esquisito, porque vai contra os aumentos salariais por mérito, contra a distribuição de materiais para os alunos estudarem e contra o conjunto de ações que beneficia os alunos”.
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