quinta-feira, 18 de março de 2010

COSEAS (Coordenadoria do Serviço de Assistência Social da USP) ocupada


CRUSP em 1968


O CRUSP foi invadido por estudantes da USP em meados da década de sessenta (fora cosntruído para os jogos panamericanos de São Paulo de 1961 - se não me engano). Logo se transformou numa trincheira de combate a Ditadura, espaço livre onde se reuniam grupos e tendências estudantis de esquerda, operários e militantes da guerrilha urbana. Por isso o CRUSP foi invadido e ocupado pelos gorilas em 1968, centenas de estudantes foram presos, muitos foram torturados. Moradores mais antigos dizem que dos que foram presos em 68, alguns foram mortos nos porões da Ditadura.
Após a invasão, o CRUSP ficou fechado por dez anos, até que em 1978 foi novamente invadido e ocupado por estudantes que não podiam arcar com suas moradias. A liberdade dos cruspianos começou a ser tolhida após o início da dinastia tucana em São Paulo, de lá para cá as coisas só pioraram.
Morei cinco anos no CRUSP, e ao longo desses anos só vi as condições de vida dos moradores piorarem, a única coisa que aumentou foi vigilância. As refeições do bandejão central pioraram sensivelmente, o novo bloco, fruto da mobilização pós ocupação da reitoria em 2007, até hoje não foi entregue. Os critérios para a escolha dos novos moradores é um mistério, estudantes que poderiam perfeitamente pagar aluguel são contemplados com vagas no CRUSP, enquanto muitos que precisam, de fato, não conseguem quartos. Será coincidência o fato da maioria dos novos alunos serem conservadores, na maioria evangélicos ou católicos de extrema-direita?
O perfil do CRUSP mudou muito nesses anos, de território livre, espaço de vivência política, cultural, contra-cultural e libertária, o Conjunto dos Moradores da USP está se transformando num condomínio de família, quadradão. O próximo passo será cobrar aluguel. Felizmente ainda há resquícios do velho CRUSP, não podemos deixar a direita tomar conta.
CANAAAALHAS!!!!!


Os moradores do Crusp, em Assembleia realizada no final da noite desta quarta-feira, em função de a Coseas (Coordenadoria do Serviço de Assistência Social da USP) ter encerrado unilateralmente as negociações com a Amorcrusp (Associação dos Moradores do Crusp) que estavam em andamento, DECIDIU:

Ocupar imediatamente a Coseas!

COSEAS/USP OCUPADA NESTA MADRUGADA

Os moradores do Crusp, em Assembleia realizada no final da noite desta quarta-feira, em função de a Coseas (Coordenadoria do Serviço de Assistência Social da USP) ter encerrado unilateralmente as negociações com a Amorcrusp (Associação dos Moradores do Crusp) que estavam em andamento, DECIDIU:

Ocupar imediatamente a Coseas!

Até que sejam atendidas as demandas abaixo, mas ESPECIALMENTE:

1) Que todos os ingressantes que precisem e solicitaram moradia no Crusp, tenham esse direito assegurado;
2) O fim do serviço interno de informação que monitora a vida, o comportamento e, inclusive, as atividades políticas dos moradores*

*(São elaborados, pelos porteiros e agentes de segurança, relatórios internos de informação - e restritos ao uso interno da diretoria da Coseas - que colhem e registram informações tais como: pautas e falas de assembleias dos moradores, com identificação do nome e número do apt de alguns dos oradores, registro de horários de início e fim de festas nos apartamentos e cozinhas do Crusp, mesmo quando não há reclamações de outros moradores, anotações de horários de entrada e saída de moradores acompanhados de amigos, etc, etc, etc... Vazou um documento da Coseas onde estão discriminadas as diretrizes de "segurança" e "limpeza" do Crusp... Esse documento é uma bomba contra a administração da Coseas.)


DIVULGUEM E VENHAM REFORÇAR A OCUPAÇÃO


Diante da falta de vagas na moradia que deixou neste ano de 2010 mais de cem inscritos para alojamento emergencial sem um teto e sem condições materiais p/estudar;
Diante do atraso da reitoria na conclusão da obra do novo bloco da moradia que, segundo acordo, deveria estar pronto no início de 2009;
Diante das expulsões arbitrárias (despejo) de estudantes moradores do CRUSP sem aviso prévio, sem direito de defesa e durante a madrugada, chegando ao ponto de barrar o acesso dos despejados a qualquer um dos blocos da moradia;
Diante do fim do Programa Bolsa Trabalho, que deixou muitos estudantes de baixa renda sem condições de concluir seus cursos sem apoio financeiro;
Diante das irregularidades constatadas no processo de ?seleção sócio-econômica? , realizadas pela Coordenadoria de Assistência Social da USP p/ concessão de bolsas;
Diante da tentativa de privatização do espaço da moradia cedido pela USP ao banco Santander sem consentimento dos estudantes e moradores do CRUSP;
Diante das péssimas condições a que são submetidos os trabalhadores dos restaurantes universitários administrados pela Coordenadoria de Assistência Social da USP e, principalmente dos restaurantes terceirizados por meio deste orgão e da reitoria desta universidade;
Considerando que a Coseas tem demonstrado por meio de suas políticas e provado, por meio de documentos (guardados a sete chaves), estar a serviço da vigilância e violência contra os moradores, por meio da elaboração de relatórios invasivos sobre a vida particular (práticas tipicas da ditadura militar);
Considerando, ainda, que a função de promover políticas de permanência estudantil não tem sido cumprida pela COSEAS, ao contrário, este órgão, a serviço da reitoria da USP, tem trabalhado sempre no sentido de dificultar o acesso do estudante aos programas de permanência;
Considerando que permanência estudantil e um direito!;
Nós, estudantes, moradores do CRUSP e candidatos sem vaga na moradia, resolvemos ocupar o espaço do térreo do bloco G, que originalmente era nosso mas estava sendo utilizado pela Coordenadoria de Assistência Social. Retomamos o espaço, queremos:

MAIS VAGAS NA MORADIA!
TRANSPARÊNCIA NOS PROCESSOS SELETIVOS PARA OS PROGRAMAS DE PERMANÊNCIA!
CONTRATAÇÃO DE MAIS FUNCIONÁRIOS E MELHORIA NAS CONDIÇÕES DESUMANAS DE TRABALHO E ATENDIMENTO NOS RESTAURANTES!
FIM DAS EXPULSÕES ARBITRÁRIAS DE ESTUDANTES DA MORADIA!
FIM DO SERVIÇO DE VIGILÂNCIA E DA PRÁTICA DE VIOLÊNCIA IRREGULAR DA COORDENADORIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL!
AUTONOMIA DOS ESTUDANTES NO ESPAÇO DA MORADIA E NOS PROCESSOS SELETIVOS PARA OS PROGRAMAS DE PERMANÊNCIA!
CONCLUSÃO DAS OBRAS DO NOVO BLOCO DA MORADIA!





Um comentário:

  1. A força estudantil é importante e tem condições de mudar uma situação e o rumo da história.
    Abraços

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