segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Pobreza e desigualdade social só aumentaram no lado oriental da Alemanha depois de 24 anos de instauração do capitalismo


O que dirão certos setores da esquerda sobre isso?

Según una encuesta de la empresa Infratest dimap, que se realizó durante medio año con la participación de 50.000 personas, casi un cuarto de siglo después de la caída del muro de Berlín y la reunificación, existen desigualdades sociales importantes en el país que se agudizan en el Este.
En el estudio, que fue elaborado para el canal público de televisión ARD, los participantes tenían que responder en una escala de cero hasta diez “si usted está satisfecho con su situación actual de vida”.
Los resultados muestran un evidente malestar social entre la clase trabajadora. Tras la reunificación hubo un fuerte proceso de desindustrialización en el Este del país, lo que actualmente afecta a la economía en esta región.
Y es que parece ser que el abrazo al “libre mercado” no ha llevado demasiado progreso y bienestar social a la Alemania del Este, que durante la época comunista no sabía lo que eran los actuales comedores sociales, debido a que había trabajo, sanidad y educación gratuita.
Fue a raíz de la instauración del capitalismo cuando los alemanes del Este comenzaron a sufrir el desempleo, el hambre, la pobreza y la creciente desigualdad social.

Aumento de la pobreza

Estadísticas alemanas y europeas muestran que uno de cada seis alemanes corre el riesgo de caer en la pobreza.
El 16,1 por ciento de los alemanes, es decir 13 millones de personas están a punto de hundirse en la pobreza relativa.
Las cifras muestran que contrario a las declaraciones de la canciller Angela Merkel, la pobreza relativa está en aumento en Alemania, informó la Oficina Federal de Estadística de Alemania (Destatis) y la oficina de estadísticas de la Unión Europea (UE), Eurostat.
El informe declara que las mujeres alemanas podrían ser las más vulnerables a caer en la pobreza (menores de 18 años es de 15,7 por ciento) que los hombres (14,8 por ciento).

sábado, 8 de novembro de 2014

Torquato Neto, o Nosferatu do Brasil


Torquato Neto foi um dos mais viscerais poetas brasileiros, a extrema-esquerda do movimento tropicalista, artista breve e genial, abaixo uma amostra de sua intensidade.

Explicação do Fato:

Parte I

Impossível envergonhar-me de ser homem.
Tenho rins e eles me dizem que estou vivo.
Obedeço a meus pés
e a ordem é seguir e não olhar à frente.
Minúsculo vivente entre rinocerontes
me reconheço e falho
e insisto.
E insisto porque insistir é minha insígnia.
O meu brasão mostra dois pés escalavrados
e sobram-me algumas forças: sei-me fraco
e choro.
E choro e nem assim me excedo na postura humana:
sofro o corpo inteiro, pendo e não procuro
a arma em minhas mãos.
Sei que caminho. É só.
Joelhos curvam-se, amaziam ao chão que queima
e me penetra e eu decido que não posso
envergonhar-me de ser homem.
A criança antiga é dique barrando o meu escôo
e diz que não, não me envergonhe.
Não me envergonho.
Tenho rins mãos boca orgão genital e
glândulas de secreção interna:
impossível.
No entanto sinto medo
e este é o meu pavor.
Por isso a minha vida, como o meu poema,
não é canto, é pranto
e sobre ela me debruço
observando a corcunda precoce
e os olhos banzos.

Parte II

Também tenho uma noite em mim tão escura
que nela me confundo e paro
e em adágio cantabile pronuncio
as palavras da nênia ao meu defunto,
perdido nele, o ar sombrio.
(Me reconheço nele e me apavoro)
Me reconheço nele,
não os olhos cerrados, a boca falando cheia,
as mãos cruzadas em definitivo estado, se enxergando,
mas um calor de cegueira que se exala dele
e pronto: ele sou eu,
peixe boi devolvido à praia, morto,
exposto à vigilância dos passantes.
Ali me enxergo, à força no caixão do mundo
sem arabescos e sem flores.
Tenho muito medo.
Mas acordo e a máquina me engole.
E sou apenas um homem caminhando
e não encontro em minha vestimenta
bolsos para esconder as mãos, armas, que, mesmo frágeis,
me ameaçam.
Como não ter medo?
Uma noite escura sai de mim e vem descer aqui
sobre esta noite maior e sem fantasmas.
como não morrer de medo se esta noite é fera
e dentro dela eu também sou fera e me confundo nela e
ainda insisto?
Não é viável.
Nem eu mesmo sou viável, e como não? Não sou.
O que é viável não existe, passou há muito tempo
e eram manhãs e tardes e manhãs com sol e chuva
e eu menino.
eram manhãs e tardes e manhãs sem pernas
que escorriam em tardes e manhãs sem pernas
e eu sentado num tanque absurdamente posto no meio da rua, menino sentado sem a preocupação da ida.
E era todo dia.
Havia sol
e eu o sabia
sol: era de dia
Havia uma alegria
do tamanho do mundo
e era dia no mundo.
Havia uma rua
(debaixo dum dia)
e um tanque.
Mas agora é noite até no sol.

Parte III

Vou à parede e examino o retrato,
irresponsável-amarelo-acinzentado-testemunha.
Meus olhos não se abrem e mesmo assim o vejo.
E mesmo assim te vejo, ó menino, encostado à palmeira de tua praça
e sem querer sair.
E mesmo assim te penso dique,
desolação de seca na caatinga, noite de insônia,
canção antiga ao pé do berço,
prata
fósforo queimado
poço interminável, seco.
Ouço teu sorriso e te obedeço.
Eu que desaprendi a preparação do sorriso
e não o consigo mais.
Estou preso a ti, ainda agora,
apesar do cabelo escurecido,
as mãos maiores e mais magras
e um súbito medo de morrer, amor à vida, tolo.
tenho preso a ti a palavra primeira
e o primeiro gesto de enxergar o espelho:
ouço-te, sou mais desgosto em mim, imcompreensível.
À tua ordem decido não envergonhar-me de existir
nesta forma disforme e de osso
carne
algumas coisas químicas
e uma vontade de estar sempre longe,
visitando países absurdos.
Não posso envergonhar-me de ser homem.
tenho um menino em mim que me observa
e ele tem nos olhos
(qual a cor?)
todas as manhãs e tardes e manhãs com sol e chuva
e eu menino, que me alumiava.
Tenho um menino em mim e ele é que me tem:
por isso a corcunda precoce
e os olhos banzos: tenho o corpo voltado à sua procura
e meu olhar apenas toca, e leve,
a exata matriz da calça
molhada em festa vespertina da bexiga.
Pílulas do tipo deixa

Abaixo, curta metragem com nosso poeta, produzido por Ivan Cardoso em 1970


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

É preciso articular uma frente antifascista, antes que seja tarde, especialmente aqui em SP

Abaixo a ditadura e o fascismo!


São Paulo cada vez mais se firma como uma espécie de Munique brasileira. Como é bem sabido, Munique foi o centro do partido nazista, desde o surgimento do movimento, no começo dos Anos 1920, até a derrocada final do Terceiro Reich, em 1945. Parece que São Paulo cumpre o mesmo papel nos dias de hoje. Por aqui vemos uma elite branca e hidrófoba, disposta a tudo (contra o que elas não sabem direito), igualmente ao que se testemunhou na Alemanha após os levantes espartaquistas, entre 1918 e 1923. O pior é que no Brasil não vemos nada parecido, as instituições, a economia e a democracia se encontram sob controle. Contudo, uma gangue de publicistas da barbárie teimam em insuflar os ânimos dos setores mentalmente doentes de nossa sociedade.

O ovo da serpente já chocou, e a mídia golpista deixa claro que não recuará em seus anseios antidemocráticos. Todo mundo sabe como essa história termina, e assim como se verificou na Alemanha e na Itália, a burguesia acha que pode controlar a besta depois de parida. Infeliz engano, todos os regimes extrema-direita levaram a sociedade como um todo rumo a um abismo de barbárie, intolerância e irracionalidade, jogando populações inteiras no desespero.

Existem extratos de nossa sociedade – paulista e nacional – sedentos de sangue. Eles querem o caos, querem ver os aparatos repressivos nacionais ainda mais genocidas, até mesmo porque eles dificilmente teriam coragem de por mãos a obra para defender suas ideias criminosas. Sonham em assistir massacres no conforto de suas salas com ar condicionado, e depois dar salves a PM, como o fazem desde sempre.

Contra esse tipo de gente precisamos nos organizar. Não pertenço a nenhum movimento organizado, mas estou disposto a colaborar, da forma que estiver ao meu alcance. As marchas convocadas pelo Levante Nacional da Juventude são um primeiro passo, mas precisamos nos organizar de forma efetiva e duradoura, pois eles não vão desistir. 

As primeiras manifestações pedindo golpe, no começo dos anos sessenta, também foram pequenas como as vistas no sábado, contudo, as vésperas do assalto ao poder, em 1964, já reuniam meio milhão de pessoas. No dia 2 de abril de 1964, uma marcha reunindo 1 milhão de pessoas, no Rio de Janeiro, deu legitimidade aos golpistas para seguir com sua infâmia. Temos que enfrentá-los a altura!   

No pasarán!




Segue abaixo um vídeo que dá mostras de como se deve combater o fascismo, apenas uma sugestão.




sábado, 1 de novembro de 2014

Walter Benjamin, "O caminho do sucesso em treze teses"


1 – “Não existe nenhum grande sucesso a que não correspondam esforços reais. Mas seria um  erro admitir que esses esforços sejam sua base. Os esforços são sua conseqüência. Conseqüência da elevada auto-estima e disposição para o trabalho daquele que se vê reconhecido. Por conseguinte, uma grande exigência, uma hábil réplica e uma feliz transação são os verdadeiros esforços subjacentes aos verdadeiros sucessos.”;


2 – “Satisfação dada por meio da remuneração paralisa o sucesso, satisfação dada por meio do esforço o aumenta. Salário e esforço estão nos pratos de uma balança: todo o peso do amor-próprio deve cair no prato do esforço, assim o prato do pagamento vai sempre subir rapidamente”;



3 – “Só podem ter sucesso por muito tempo aqueles que em sua conduta são guiados por motivos transparentes. A massa destroça qualquer sucesso tão logo este lhe pareça opaco, sem valor instrutivo ou exemplar. É evidente que esse sucesso não precisa ser transparente no sentido intelectual. Qualquer teocracia demonstra isso. Ele apenas deve se ajustar a uma idéia, ou melhor, a uma imagem, logo, ao padre o confessionário, ao general a condecoração, ao financista o palácio. Quem não paga seu tributo ao tesouro de símbolos da massa deve fracassar.”;



4 – “Quanto mais claro, inequívoco, evidente, maior o afeto do público; maior é o raio de ação de uma manifestação intelectual, tanto mais público aflui para ela. Desperta-se “interesse” por um autor, isso quer dizer: começa-se a procurar sua fórmula e a expressão mais primitiva desta”;



5 – “A referência à posteridade foi uma maneira de exercer pressão no sentido de consolidar a posição do escritor na sociedade. Todas as épocas anteriores são unânimes na convicção de que os contemporâneos guardam as chaves que abrem as portas da fama póstuma. E hoje isso é tanto mais válido – por ser menor a vontade e o tempo que cada geração emergente pode ter para processos de revisão.”;                                                                                       



6 – “Fama, ou melhor, sucesso, tornou-se obrigatório e já não significa hoje ‘superação,’como antes. Numa época em que qualquer escrivinhação miserável se divulga em milhares de exemplares, resulta simplesmente um estado de agregação da literatura.”;



7 – “Condição da vitória: alegria pelo sucesso exterior como tal, alegria pura, desinteressada, que melhor se manifesta no fato de que alguém tenha prazer no sucesso – mesmo se for de um outro e precisamente se for imerecido. Um senso de justiça farisaico é um dos maiores obstáculos para o progresso.”;



8 – “Muita coisa é inata, mas muito é feito pelo treinamento. Ninguém será bem-sucedido se se poupar, se só mergulhar fundo nos temas maiores e se não estiver em condições de se empenhar até o extremo por causas insignificantes.”;



9 – “Em toda prova, as maiores chances não estão com o candidato mais bem preparado, mas com o improvisador. Pela mesma razão, quase sempre são as questões secundárias, as coisas de menor importância que decidem. O inquiridor que temos à nossa frente exige, antes de tudo, que o enganemos acerca de sua função. Se conseguimos isso, então ele nos fica agradecido e pronto a perdoar muita coisa”;



10 – “Um gênio qualquer mora dentro de todo bem-sucedido. Também o sucesso é um encontro marcado: encontra-se no lugar certo, na hora certa. Isso significa: compreender a língua na qual a sorte faz seu acordo conosco. Como é que alguém que nunca ouviu essa língua pode julgar a genialidade do coroado de êxito? Para ele tudo é por conta do acaso. Não lhe ocorre que aquilo que assim denomina é, na gramática da sorte, o mesmo que, na nossa, o verbo irregular, ou seja, o rastro não apagado duma força primitiva.”;



11 – “A estrutura de todo sucesso é, no fundo, a estrutura do acaso.”;



12 – “Pode-se blefar, mas nunca se deve sentir como um blefador. É fundamental ter consigo aquela boa-fé que nunca falta aos mais astutos impostores, mas quase sempre aos pobres-diabos.”;



13 – “O fato de que o segredo do sucesso não mora no espírito é revelado pela expressão ‘presença de espírito’. Assim, não é o Quê nem o Como, mas só o Onde do espírito que determina. Que ele esteja presente no momento e no espaço, penetrando o tom de voz, o sorriso, o olhar, o gesto. Pois, presença de espírito só o corpo é que cria!”;



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Walter Benjamin. “O caminho do sucesso em treze teses” in Rua de Mão Única – Obras Escolhidas II. São Paulo, Brasiliense, 1987.