sábado, 15 de maio de 2010

Preconceito afasta rap e hip hop dos palcos do centro paulistano

Foi feito muito alarde em cima dessa virada cultural, mas o que vemos é um bando de atrações meia boca, o rap foi excluído, o rock sucatedado. Quem organizou o evento está desatualizado, muita coisa boa ficou de fora, e pra variar os tucanos quiseram fazer economia, quando se trata do povo, pra essa gente, toda economia é pouca. Gastam uma baita grana só para a Madona fazer uma vizitinha ao Zé Babão, e não são capazes de trazer atrações melhores para a virada cultural.

Revista Brasil Atual

Virada Cultural deixa rap de lado

Para o escritor e rapper Ferréz, organização do evento mostra preconceito contra os gêneros musicais vindos das regiões periféricas - e pobres - das cidades. Ele critica ainda o despreparo da polícia para lidar com o público


Virada Cultural deixa rap de lado

Ferréz diz que o movimento também deixou a Virada Cultural de lado (Foto: Jailton Garcia/RdB)

São Paulo - Neste fim de semana acontece mais uma edição da Virada Cultural em São Paulo, evento promovido desde 2005 que reúne variadas atrações culturais por 24 horas, principalmente na região central da capital. Mas quem gosta de rap vai acabar se decepcionando.

Neste ano, inicialmente, nenhuma atração do gênero musical estava marcada para o Centro, onde estão os palcos principais. As poucas apresentações programadas haviam sido deslocadas para os Centros de Educação Unificados (CEUs), situados em bairros periféricos. Apenas poucos dias antes da virada, houve mudanças na programação que levaram uma apresentação à região.

Para o escritor e rapper Ferréz, a exclusão das manifestações de Hip Hop vem dos dois lados já que o movimento também tem deixado a Virada Cultural de lado. "A atual gestão já cometeu gafes de apagar desenhos dos Gêmeos, já baniu apresentações de rap, portanto a nossa forma de mostrar a ignorância deles é não participando em nada, nem na parte literária e nem shows", critica, em entrevista à Rede Brasil Atual.

O coordenador de programação da Virada Cultural, José Mauro Gnaspini, ponderou durante a coletiva de lançamento da programação que há, nesta edição, atividades relacionadas ao grafite, à dança de rua e a DJs, que têm relação com o Hip Hop. Apenas os shows de rap é que enfrentam resistência, segundo o coordenador.

"O Hip Hop é uma expressão muito importante da cultura paulistana. A gente sabe disso e apanhamos bastante por tentar fazer”. Gnaspini referiu-se ao show do Racionais MCs em 2007, na Praça da Sé, que acabou em confusão. O incidente prejudicou a imagem do gênero perante os organizadores.

Em 2008, um palco exclusivo chegou a ser dedicado a manifestações culturais de Hip Hop em um espaço cercado, próximo ao Terminal Dom Pedro II. Gnaspini disse, em entrevista para o Último Segundo, que a experiência não foi positiva. "A preocupação era tão grande que havia um pente fino da polícia. Lá era o único lugar da festa em que havia revista corporal para quem entrava. Apesar da melhor das intenções, acabamos segregando de novo."

Para Ferréz, o tratamento demonstra apenas o despreparo da polícia e até preconceito contra o movimento. Isso porque apresentações de outros gêneros também terminam em confusão, mas apenas o rap é taxado como problemático. "Não acredito que a policia esteja preparada para nada, falta mais escola, treinamento", critica. "Desde a ditadura, a policia está aí só para reprimir, não tem nada de comunitária, foi criada para reprimir e até hoje pouca coisa mudou", desabafa.


Rap na Virada

Os grupos Instituto e Z'africa Brasil estarão no palco da praça Julio Prestes, no domingo (16), às 6h da manhã. Thaíde e Cabal se apresentam em uma pista black e soul montada próximo à rua Santa Efigênia.

Nos CEUs há as apresentações de Emicida (Vila Curuçá, domingo às 18h), Rappin Hood (Lajeado, domingo às 17h), Thaíde (Parque São Carlos, sábado às 17h) e Nelson Triunfo (Sapopemba, domingo às 16h).

No sábado (15) à noite, a opção é o Espaço +Soma, com o show de Akira Presidente e Kamau. Também se apresentarão A Filial, Rincón Sapiência, Stefanie e Akin no que a casa chama de "Viradão do Rap". Os shows serão gratuitos.



Um comentário:

  1. preconceito total, a gente ja ta acostumado... mas nao podemos nos deixar acostumar. temos q protestar!!!

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