sexta-feira, 31 de julho de 2009

1969, o ano em que o bicho pegou



Se 1958 foi o ano que não devia ter terminado, e 1968 o ano que não terminou, 1969 foi o ano em que o bicho pegou. Em 13 dezembro de 68 foi decretado o infame AI-5, e todos os canais de diálogo entre Estado e população foram vedados. A partir de então a luta contra a ditadura passou a ser travada nas sombras, setores mais combativos dos movimentos sociais decidiram não se submeter a truculência dos militares golpistas e resistir pelas armas. Antes de dezembro de 68 já se observavam ações armadas de grupos clandestinos no Brasil, mas de forma incipiente e praticamente desconhecida, tanto pela sociedade quanto por boa parte dos aparatos repressivos, que atribuíam tais ações a criminalidade corrente. Por isso é uma falácia falar que a luta armada impulsionou o AI-5, o que impulsionou tal Ato foi o aumento sem precedentes da combatividade da sociedade civil, que contagiou até os meios políticos, isolando a Ditadura. Uma vez acuada, a Ditadura tirou sua máscara de legalidade e instituiu um Estado efetivamente policial. Após o baque inicial do AI-5, grupos radicais (assim como o governo militar o era) apressaram sua organização para a luta armada. Em dezembro o Agrupamento Comunista de São Paulo (dissidência do PCB) criou a ALN (Aliança Libertadora Nacional), liderada por Carlos Marighela. Na mesma época se organiza a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), reunindo militantes egressos do MNR (Movimento Nacionalista Revolucionário), grupo de ex-sargentos brizolistas, a dissidência da POLOP (Política Operária), o Grupo de Osasco, e seções da UPES (União Paulista dos Estudantes Secundaristas). Estas foram as maiores e mais atuantes organizações revolucionárias do período, mas havia outras, como o PC do B, o MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), o Colina (Comandos de Libertação Nacional), dentre outros. Até o final dos anos de chumbo diversos rachas vão contribuir para a proliferação de grupos armados.

Em janeiro de 1969, o capitão Carlos Lamarca, mais o sargento Darcy Rodrigues, o cabo José Mariani e o soldado Carlos Alberto Zanirato, fogem do Quartel de Quitaúna, Osasco, levando consigo 63 fuzis FAL. Este fato chama definitivamente a atenção da repressão para a luta armada no Brasil. Neste ano ocorrem mais de cem assaltos (expropriações) e explosões. Morrem 15 agentes da repressão e quatro cidadãos, tombam 19 guerrilheiros e são denunciados 1027 casos de tortura, de acordo com cifras oficiais. [1]

Em julho é criada a Operação Bandeirantes.

Pouco tempo depois é expropriado um dos cofres com dinheiro roubado do povo de São Paulo pelo ex-governador Adhemar de Barros, ação que rendeu cerca de 2,8 milhões de dólares para a VPR.

Em finais de julho, em Mongaguá, litoral de São Paulo, após congresso envolvendo VPR e Colina, dá-se a fusão entre estas duas organizações, surgindo a VAR-PALMARES (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares)

Em setembro é sequestrado o embaixador americano, Charles Elbrick, em ação realizada por um comando reunindo MR-8 e ALN.

Pouco tempo depois é preso e torturado até a morte Virgílio Gomes da Silva, que participara do sequestro do embaixador americano. Virgílio é o primeiro desaparecido político.

Também em setembro se dá o racha da VAR e o ressurgimento da VPR, Lamarca lidera a cisão.

Em novembro Carlos Marighela é assassinado por um destacamento liderado pelo delegado Sérgio Fleury.

Por volta de dezembro a repressão é generalizada em todo o país, a censura é total e todos os movimentos sociais se encontram bloqueados, também a essa época esquadrões da morte executam impunemente milhares de cidadãos brasileiros nas periferias das grandes capitais.

A ofensiva dos grupos revolucionários brasileiros ocorre em 1969, já em finais deste mesmo ano os gorilas passam a ofensiva, fortalecendo seus aparatos repressivos, transformando o Brasil em um verdadeiro Estado policial protofascista, que iria dizimar toda uma geração de militantes de esquerda. Os mais corajosos e idealistas de sua época, o que havia de melhor entre seus pares.

Este texto é o primeiro de uma série que pretendo postar neste blog, minha proposta será contar a história de bravos militantes que tombaram no combate a Ditadura, heróis desconhecidos. Numa época em que nossa Ditadura é chamada por alguns veículos de comunicação de ditabranda, é mais que necessário resgatar a memória destes combatentes. Se com toda a infâmia praticada pelos golpistas de 64 ainda tem gente que se arvora a dizer que não tivemos um governo ditatorial, ou tentam suavizar o período de exceção que vitimou nosso país, imaginem se estes revolucionários não tivessem tido a coragem de desafiar o governo ilegítimo que comandava o Brasil com mão de ferro. É bem provável que o período que durou de 1964 a 1985 sequer fosse chamado de Ditadura.

[1] Elio Gaspari. A Ditadura Escancarada. São Paulo, Companhia das Letras. 2002. p. 470

Campaña de agresión contra Venezuela es la más intensa de los últimos 10 años


Foto: Archivo, ABN.
Caracas, 31 Jul. ABN.- La ministra del Poder Popular para la Comunicación y la Información, Blanca Eekhout, señaló que la campaña internacional que en contra de Venezuela llevan a cabo los principales medios de comunicación privados en el mundo, es las más intensa de los últimos 10 años.

“Venezuela se ha convertido en uno de los países más tratado y descalificados por los medios de comunicación en el mundo”, indicó en rueda de prensa ofrecida desde la Sala de Prensa Simón Bolívar en el Palacio de Miraflores.

Eekhout precisó que, de acuerdo con un estudio realizado por el despacho que dirige, existe una tendencia superior a 50% de los artículos publicados por los medios internacionales que se refieren a la gestión de Gobierno del presidente, Hugo Chávez, de manera negativa.

De acuerdo con el estudio, la tendencia de los artículos publicados refieren que más de la mitad tiene un impacto negativo, es decir, más de 50% es negativo y muy negativo, mientras que sólo 20% se refiere a Venezuela de manera neutral o informativa.

“¿Por que más de 700 artículos tienen a Venezuela como centro"”, se preguntó la ministra, al tiempo que indicó: “Hay párrafos y fragmentos de estos artículos que se repiten en unos y otros medios, lo cual demuestra que esta campaña se trata de una línea fijada por los grandes medios capitalistas”.

“Se han utilizado términos como "narcoestado" y es una tendencia que se repite en todos estos medios”, denunció.

La titular de la cartera de Comunicación e Información destacó que esta campaña contra Venezuela obedece a que en la actualidad el Gobierno que encabeza el presidente Chávez desarrolla una gestión dirigida a “la construcción de un mundo nuevo, así como plantear la idea de que es posible vivir en justicia, con solidaridad, y que es posible que los pueblos decidan su destino”.

Como ejemplo, señaló que de 167 artículos de opinión y editoriales de los medios de comunicación internacionales, 79% es muy negativo y un 11% negativo, con lo cual la reseña negativa contra el Gobierno venezolano alcanza 90%.

Por último, la ministra Eekhout apuntó que esta campaña contra el presidente Chávez y su Gobierno está condenada al fracaso “porque el presidente Chávez es la expresión de un pueblo; del pueblo latinoamericano, indígena, mestizo, negro, del pueblo pobre que levanta la voz, pero además que es una tendencia en el mundo y es indetenible”.

Los estudios fueron realizados a los siguientes medios de comunicación impresos: impresos ABC, de España; ABC Color, de Paraguay; El Clarín, de Argentina; El Comercio, de Ecuador; El Estado, de Brasil; Financial Times, del Reino Unido; O Globo, de Brasil; The Guardian, del Reino Unido; La Jornada, de México; El Mercurio, de Chile; La Nación, de Argentina; The New York Times, de Estados Unidos; El País, de España; La Razón, de Bolivia; El Universal, de México; el Wall Street Journal, de Estados Unidos, y The Washington Post, de Estados Unidos.

Tomy, Charge Rebelión




Tomy é chargista do invocado site Rebelion

quinta-feira, 30 de julho de 2009

40 ANOS DA CRIAÇÃO DA OPERAÇÃO BANDEIRANTE


Sábado Resistente

40 ANOS DA CRIAÇÃO DA OPERAÇÃO BANDEIRANTE
A REPRESSÃO CLANDESTINA TRANSFORMADA EM ROTINA


08 de agosto de 2009, das 14h às 17h30

Memorial da Resistência de São Paulo – Largo General Osório, 66 – Luz


Um dos órgãos de repressão mais violentos da Ditadura Militar no Brasil foi a chamada Operação Bandeirante (OBAN), criada pelo II Exército em São Paulo, no mês de julho de 1969. Foi um centro integrador das forças que reprimiram os que resistiam ao regime ilegal e ilegítimo dos militares que deram o Golpe em 1964, instalado na Rua Tutóia, onde atualmente funciona o 36° Distrito Policial da cidade. Para debater sobre esta sinistra organização, sua história e influência durante “os anos de chumbo”, o Núcleo de Preservação da Memória Política do Fórum Permanente de Ex-Presos e Perseguidos Políticos de São Paulo e o Memorial da Resistência de São Paulo convidam para as palestras de três eminentes estudiosos sobre o legado da OBAN nos dias de hoje.

Programa:

14h – 14h15: Apresentação/Coordenação:

Marcelo Mattos Araújo – Memorial da Resistência de São Paulo

Ivan Seixas – Jornalista, ex-preso político – Diretor do Núcleo de Preservação da Memória Política e do Fórum de Ex-Presos e Perseguidos Políticos de São Paulo

14h15 –15h45: Palestras

Moderador: Maurice Politi Presidente do Núcleo de Preservação da Memória Política e Diretor do Fórum dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo. Ex-preso político.

Debatedores: Dr. José Henrique Rodrigues Torres Juiz de Direito da Vara do Júri de Campinas e professor de Direito Penal da PUC-Campinas. Secretário-Executivo da AJD (Associação dos Juízes para a Democracia).

Profa. Dra. Mariana Joffily Mestre em História pela Sorbonne (Paris IV), doutora em História Social pela USP e pós-doutoranda em História pela UFSC. Autora da Tese "No centro da engrenagem: os interrogatórios da Operação Bandeirante e do DOICODI de São Paulo (1969-1975)"

Dr. Marlon Weichert Procurador Regional da República, Mestre em Direito Constitucional (PUC) e Professor de Direito Constitucional, Tributário e Sanitário. Autor, conjuntamente com a Dra. Eugenia Favero, da Ação Civil Pública que pede a responsabilização civil dos comandantes do DOI-CODI por tortura e mortes ocorridas durante o regime militar.

15h45 –16h40: debate

16h45 –17h30: visita ao Memorial da Resistência de São Paulo


Sobre a OBAN

Inicialmente, foi um centro clandestino de detenção e tortura que reuniu integrantes das três forças armadas, assim como um pequeno contingente “selecionado” de soldados da Força Pública e da Policia Civil do Estado de São Paulo. A partir de meados de 1970, a Operação Bandeirante tornou-se uma estrutura oficial das forças do Exército, passando a ter o nome de DOI-CODI (Destacamento de Operações e Informações ligado ao Centro de Operações de Defesa Interna). Na década de 80, os DOI foram renomeados SOP – Setor de Operações. Calcula-se que passaram pela OBAN mais de 10.000 prisioneiros. Os seus comandantes, hoje processados pelo Ministério Público Federal, foram os responsáveis por inúmeras mortes de combatentes sob torturas e execuções nas dependências deste organismo ou em vias públicas. O Sábado Resistente é promovido pelo Núcleo de Preservação da Memória Política do Fórum dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos de São Paulo e pelo Memorial da Resistência de São Paulo. É o espaço de discussão entre companheiros combatentes de ontem e de hoje, pesquisadores, estudantes e interessados para o debate sobre temas ligados às lutas contra a repressão, em especial à resistência ao regime militar, implantado com o golpe de Estado de 1964. Nossa preocupação é estimular a discussão e o aprofundamento dos conceitos de Liberdade, Igualdade e Democracia, fundamentais ao Ser Humano em busca de sua libertação.

O petróleo tem que ser nosso



Documentário ''O petróleo tem que ser nosso'' reforça campanha


O documentário “O Petróleo Tem que Ser Nosso – Última Fronteira”, que será lançado no Cinema Odeon, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, às 18h30 desta quinta-feira (30), é mais uma peça da campanha que defende a nacionalização do petróleo. Na oportunidade será lançada também a cartilha da campanha “O Petróleo Tem que Ser Nosso”. O roteiro se desenvolve em torno de uma inquietante e atual questão: diante das gigantescas reservas descobertas no Pré-Sal, que direção o País vai tomar?



A obra, dirigida por Peter Cordenosi, com duração de uma hora, reúne depoimentos de intelectuais, políticos, trabalhadores, estudantes, líderes religiosos e militares, como o governador do Paraná Roberto Requião, prof. Ildo Sauer, prof. Carlos Lessa, senador Aloísio Mercadante (PT-SP), o presidente da ABI Maurício Azedo, o ator Paulo Betti, entre outros. Após a sessão haverá um debate e apresentação do coral do Sindipetro-RJ.


O presidente da AEPET, Fernando Leite Siqueira e o coordenador-geral do Sindipetro-RJ, Emanuel Cancella, que promovem o evento, destacam que o filme é uma defesa dos interesses nacionais e levanta questões relevantes sobre a propriedade das enormes jazidas de petróleo do pré-sal recentemente descobertas pela Petrobrás na costa brasileira e, seu objetivo é alertar para a defesa de um patrimônio que pertence ao povo.


''O Petróleo tem que ser nosso - Última Fronteira'' é um documentário que informa e alerta sobre a eminente necessidade de se defender um patrimônio genuinamente brasileiro, revertendo-o em proveito dos verdadeiros donos - o povo. O Brasil é um país rico, mas outros usufruem das nossas riquezas. Temos que inverter isto!, afirma Maria Augusta Tibiriçá, médica e nacionalista na apresentação do documentário.


De Brasília
Márcia Xavier

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Racismo na Caruda!


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Dessa vez foi demais, Danilo Gentili, um dos repórteres engraçadinhos do psdbista Marcelo Tas, apresentador do programa "humorístico" CQC (Chirico O Que Custar), escancara seu racismo no Twitter. Este "repórter" que se faz passar por crítico nunca me enganou, é o típico representante de certos setores da classe média deste país, é racista, preconcetuoso, boçal, facistóide. É daqueles que se politizou pelas páginas da Folha e da Veja, portanto, não é de se estranhar seu comportamento. Mas agora ele passou dos limites, e terá que se ver com o Ministério Público.


"O que é aquilo?

Na madrugada um abraço.

O que é aquilo?

Racismo na caruda.

Aquilo é abuso de poder".

RZO




adnews


Danilo Gentili, do CQC, será investigado por declaração considerada racista

29/07/09


Danilo Gentili integrante do CQC da Band, será investigado pelo Ministério Público Federal em São Paulo, por fazer uma declaração considerada racista em seu Twitter. “Agora no TeleCine KingKong, um macaco que depois que vai para cidade e fica famoso pega um loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?”, escreveu Gentili no último sábado (25/07).

A mensagem foi encaminhada a um procurador, que vai apurar se houve racismo ou não. O post gerou muitas reclamações no seu próprio Twitter e no mesmo dia Gentili tentou se defendere se complicou ainda mais. “Alguém pode me dar um explicação razoável porque posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa mas nunca um negro de macaco?”, twittou.

No domingo, Gentili postou uma foto em seu blog, em que ele aparece dentro de uma jaula, ironizando a situação com a seguinte legenda: “Obrigado pessoal. Vocês conseguiram me prender igual um macaco por denúncias de racismo”.

Depois de toda confusão, Gentili pediu desculpas a qualquer pessoa que tenha ofendido, mas afirmou que não vai tirar os tweets do ar porque realmente disse o que está escrito na sua página.

Com informações do site da Band.

Enquanto isso, em Honduras...






Genocidio en Honduras, asegura defensor de los derechos humanos

MARÍA JULIA MAYORAL GONZÁLEZ

Tegucigalpa, 28 de julio (PL).— Las Fuerzas Armadas y la Policía hondureñas practican el genocidio de carácter colectivo, señaló un defensor de los derechos humanos en el país, al cumplirse hoy un mes de la asonada militar.

Genocidio en Honduras, asegura defensor de los derechos humanosEl presidente del Comité de los Derechos Humanos en Honduras, Andrés Pavón, informó a la prensa que ante esa realidad interpusieron un recurso de amparo contra el toque de queda, ante la Corte Suprema de Justicia.

Venimos a poner autos a la Corte para que después el Estado de Honduras no diga que desconocía la práctica del genocidio de carácter colectivo que están llevando a cabo las Fuerzas Armadas y la Policía, afirmó el abogado.

Mediante el toque de queda, el régimen de facto viola más de 22 artículos de la Constitución, como los derechos a la alimentación y a la libre circulación, precisó el especialista en Derecho.

El recurso presentado ante la Sala Constitucional de la Corte Suprema busca alertar sobre el "holocausto que se ha estado construyendo en el pueblo fronterizo de El Paraíso", señaló el jurista.

En esa localidad, a 10 kilómetros de la frontera con Nicaragua, desde el pasado jueves permanecen numerosos ciudadanos, quienes tratan de unirse al presidente Manuel Zelaya, a riesgo de sus vidas por la represión militar, la falta de agua y alimentos.

Un joven albañil de 23 años de edad, Pedro Magdiel Muñoz Salvador, fue asesinado allí y su cuerpo, con visibles señales de torturas, hallado a unos 100 metros del destacamento policial de El Paraíso, localidad adonde había llegado procedente de Tegucigalpa para respaldar el retorno del mandatario constitucional tras el golpe de Estado del pasado 28 de junio.

El gobierno de facto, encabezado por Roberto Micheletti, impuso en las zonas limítrofes con Nicaragua un toque de queda permanente desde el mediodía del viernes hasta la fecha, por lo que muchos simpatizantes de Zelaya están atrapados, en situación humanitaria cada vez peor, denunció Pavón.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Sete dicas para se dar bem no Stand-up comedy



SÃO PAULO AGENDA <<span class=
A risonha classe média paulistana


Virou moda em São Paulo o tal do Stand-up comedy, até o Sérgio Malandro entrou nessa. Este tipo de espetáculo surgiu nos EUA, lógico, como tudo que é chique, ao menos para a classe média paulistana. De uns tempos para cá os teatros paulistanos foram invadidos por esse tipo de espetáculo, e este fenômeno já se espalha para o resto do país. A pergunta que fica é: por que a classe média de São Paulo tem tanta necessidade de rir? Claro que uma boa comédia não faz mal para ninguém, mas há pessoas nessa cidade que tem um desejo compulsivo de rir, quem mora aqui já deve ter visto gente assim. Cada vez sobra menos espaço para a reflexão, para sensações conflituosas que só o bom teatro pode proporcionar. O grande público quer mesmo é rachar o bico. Para estes o Stand-up comedy está aí, mas claro, a animada classe média paulistana é exigente com o que consome, por isso os comediantes precisam se ajustar ao gosto deste público. Tenho observado via televisão e You Tube os mocinhos gozados e descoladinhos do Stand-up, e já descobri suas manhas. Assim sendo, para ser um bom comediante deste tipo de espetáculo, é só seguir as seguintes dicas:

1 – Incorpore todos os preconceitos possíveis a suas palavras e gestos, as favas com seus escrúpulos.

2 – Quando tratar de política siga sempre a crítica corrente, da mídia gorda, aquilo que alguns blogueiros chamam de PIG.

3 – Concentre as ridicularizações nos pobres, sobretudo negros e nordestinos, faça imitações grotescas e frise bem os sotaques.

4 – Convém criar tipos como faxineiras, empregadas domésticas e porteiros, pois estas categorias estão mais presentes no cotidiano da classe média.

5 – É imprescindível tripudiar em cima do presidente Lula, saliente bem o seu português, seu dedo amputado, sua origem humilde, o público irá ao delírio.

6 – Jamais faça qualquer tipo de piada envolvendo o nome do governador José Serra, sob pena de perder o emprego.

7 – Não sofistique demais suas piadas, pois seu público está ali para rir, e não para pensar.

Pois bem, estas são as dicas, se você caprichar bem pode até arranjar uma boquinha na MTV ou no CQC (Chirico O Que Custar) da Band.



segunda-feira, 27 de julho de 2009

Ministro venezuelano responde a acusações levianas do vice-presidente colombiano


Agência Bolivariana de Notícias

Venezuela


Foto: Archivo, ABN
Caracas, 27 Jul. ABN.

Como una agresión contra el Gobierno de Venezuela y sus instituciones, definió el ministro del Poder Popular para Relaciones Interiores y Justicia, Tareck El Aissami, las acusaciones hechas por el vicepresidente de Colombia, Francisco Santos, quien señaló que 'varias armas que un país europeo le vendió a Venezuela aparecieron en manos de las Farc (Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia'.

'Nos nos extrañaría que nuevamente sea la supercomputadora de (Raúl) Reyes donde aparezca de nuevo un archivo, que tenía alguna configuración extraña, y que aparezca este nuevo show mediático que forma parte de una agresión contra nuestro pueblo, contra nuestro Gobierno y sus instituciones', sostuvo el ministro venezolano.

El Aissami precisó que estas acusaciones forman parte del plan de agresiones contra Venezuela, por los resultados exitosos que en materia de incautación de drogas presenta el Gobierno venezolano.

Denunció que este show mediático ha sido elaborado desde Estados Unidos y que cuenta con el apoyo de algunos 'pitiyanquis' de la región suramericana.

'Cuando el Gobierno venezolano muestra resultados en materia antidrogas, y otras materias de lucha contra el delito, resulta que nos pretenden descalificar sobra la base de infamias y mentiras que rayan en lo ridículo. Todo parece una película barata del Gobierno estadounidense y lamentablemente los pitiyanquis de la región', subrayó.

El ministro venezolano resaltó que el Gobierno se ha caracterizado por la seriedad con que maneja los temas de las relaciones bilaterales y la lucha contra los delitos, como el narcotráfico, por lo que descartó que las acusaciones tengan fundamento.

III Seminário Internacional Margem Esquerda: István Mészáros






Proletários e Blogueiros do meu Brasil, uni-vos!!!


Caros,


A Boitempo Editorial tem o prazer de convidar a todos para o
III Seminário Internacional Margem Esqueda, que acontecerá de 18 a 28 de agosto. Confira a programação completa. Mais informações pelo email :






USP

DIA 18, TERÇA
14h
O poder da ideologia: Miguel Vedda, Virginia Fontes, Osvaldo Coggiola e Wolfgang Leo Maar
19h
Trabalho e alienação: Ricardo Antunes, Ruy Braga, Jesus Ranieri e Giovanni Alves


DIA 19, QUARTA
14h
Marx, Lukács e os intelectuais revolucionários: Emir Sader, Antonino Infranca, Carlos Nelson Coutinho e José Paulo Netto
19h
Para além do capital -a crise estrutural do capital: François Chesnais, Jorge Beinstein, Leda Paulani e Edmilson Costa


DIA 20, QUINTA
14h
Para além do capital - lógica destrutiva e questão ambiental: Brett Clark, Carlos Walter Porto-Gonçalves, Mohamed Habbib e Plínio de Arruda Sampaio
19h
Educação e socialismo: Roberto Leher, Afranio Mendes Catani e Isabel Rauber


DIA 21, SEXTA
14h
Marxismo, lutas sociais e revolução na América Latina: Francisco de Oliveira, Maria Orlanda Pinassi, Gilmar Mauro e Lucio Flávio de Almeida
19h
A necessária reconstituição da dialética histórica: István Mészáros
Encerramento: solo de Bach em viola por Susie Mészáros


UNESP-Araraquara

DIA 24, SEGUNDA
14h
A crise estrutural do capital: Gilmar Mauro, Maria Orlanda Pinassi e Aldo Casas.


UNICAMP

DIA 25, TERÇA
A crise estrutural do capital: Ricardo Antunes, Álvaro Bianchi, Aldo Casas, Caio Toledo e Plínio de Arruda Sampaio Jr.


UERJ

DIA 25, TERÇA
A necessária reconstituição da
dialética histórica: István Mészáros; comentários de Emir Sader e Gaudêncio Frigotto


CUFSA - Fundação Santo André

DIA 26, QUARTA
19h30
Crise do capital e perspectivas do trabalho: Antonio Rago Filho, Livia Cotrim, Miguel Vedda e Everaldo de Oliveira Andrade


UFRJ

DIA 26, QUARTA
17h30
Perspectiva do socialismo hoje: José Paulo Netto, Carlos Nelson Coutinho e Jorge Giordani
19h40
Música: solo de Bach em viola por Susie Mészáros
20h
A necessária reconstituição da dialética histórica: István Mészáros


UFRGS

DIA 27, QUINTA
19h
A necessária reconstituição da dialética histórica: István Mészáros; comentários de Jorge Giordani e Paulo Vizentini

DIA 28, SEXTA
15h
Para além do capital e a crise mundial: Jorge Giordani, Carla Ferreira e André Cunha
19h
Para além do capital, imperialsmo e Estados periféricos: Luiz Dario Ribeiro, Mathias Luce e Cesar Augusto Barcellos.


CEFET-BH

DIA 27, QUINTA
19h
Para além do capital: crise do capital e perspectivas do trabalho: Nicolas Tertulian, Ester Vaissman, Ana Lucia Barbosa Faria e Rodrigo Dantas


Boitempo Editorial

Débora Prado

Assessoria de Imprensa

+ 55 11 2305 1641
+ 55 11 8382 4978

sábado, 25 de julho de 2009

A violência é tão fascinante




Estreou ontem em São Paulo o filme alemão O grupo Baader Meinhof, esta produção segue a esteira do revisionismo conservador que vem sendo realizado pelo cinema alemão, vide os filmes Adeus Lenin e A Vida dos Outros, obras que ressaltam apenas os aspectos negativos da Alemanha Oriental socialista. Para quem quiser saber o porquê deste revisionismo recomendo acompanhar os artigos de Flávio Aguiar, colunista da Carta Maior que se encontra na Alemanha. É inconteste o crescimento da esquerda neste país, talvez por isso a direita esteja tentando recontar a História com tanto afinco. Mas voltando ao filme em questão, O Grupo Baader Meinhoff mostra guerrilheiros com uma roupagem fashion, os atores fazem o tipo rostinhos bonitos, a primeira vista se chega a simpatizar com os jovens revolucionários alemães. Mas ao longo da trama se vai notando que estes jovens são cruéis e inconsequentes, espalham o caos e a violência, e ao final tem o castigo merecido, por serem maus meninos. O filme de Uli Edel não faz uma contextualização satisfatória do período histórico em que se dão os fatos narrados na trama, não faz menção alguma sobre os princípios teóricos que norteavam os guerrilheiros. Não se sabe ao certo pelo que estão lutando os militantes da RAF (em português Facção do Exército Vermelho). Uli Edel deveria ter se inspirado em filmes como Estado de Sitio, de Costa Gavras, este sim um marco do cinema político. Ainda assim vale a pena ver este filme, pois dá para se ter uma noção do quão foi agitado o panorama político alemão dos anos setenta. No Brasil temos várias referências as Brigadas Vermelhas italianas e a guerra suja travada pelo governo italiano, em associação com a máfia, contra este grupo revolucionário. Temos poucas referências sobre o que se passava no resto da Europa, para muitos será uma novidade ver que na Alemanha o bicho também pegava. Mas é bom saber filtrar o que se absorve com este filme, pois seu propósito é, visivelmente, deturpar a História.

Mai informações sobre O Grupo Baader Meinhoff:

site omelete


O Grupo Baader Meinhof

Der Baader Meinhof Komplex
Alemanha, 2008 - 150 min
Drama
Direção:
Uli Edel
Roteiro:
Uli Edel, Bernd Eichinger, Stefan Aust (livro)
Elenco:
Martina Gedeck, Moritz Bleibtreu, Johanna Wokalek, Nadja Uhl, Jan Josef Liefers, Stipe Erceg, Niels-Bruno Schmidt
3 ovos!





Crítica: O Grupo Baader Meinhof

Filme alemão romantiza - e por vezes questiona - a história da famosa guerrilha

23/07/2009Marcelo Hessel

É sintomático o fato de Baader-Meinhof ser lembrado por muitos hoje como o nome de um blues da Legião Urbana. Em tempos de capitalismo autodestrutivo como o atual, ver um filme sobre a utopia idealista de uma guerrilha de esquerda dos anos 60 e 70 é como visitar uma ficção, daquelas em que autofalantes entoam no meio da rua canções de protesto.

Há, sim, uma variedade considerável de romantizações em O Grupo Baader Meinhof (Der Baader Meinhof Komplex, 2008), mas a história em essência é verídica. Assim como no filme, ela começa oficialmente quando o xá do Irã visita Berlim ocidental em junho de 1967, e um grupo de estudantes, protestando contra violações dos direitos humanos no país árabe, é recebido pela polícia e pela claque do xá com violência desmedida.

Soma-se aí a aversão ao imperialismo dos EUA, em plena ebulição da Guerra do Vietnã, e a onda estudantil dos movimentos europeus de 1968, e temos o ambiente ideal para a criação da Facção Exército Vermelho (a RAF), liderada por Andreas Baader (Moritz Bleibtreu). Com a adesão da jornalista Ulrike Meinhof (Martina Gedeck, de A Vida dos Outros), a RAF alicerça seus dois pilares: o da teoria, Ulrike, e o da ação, Baader.

A princípio, o diretor Uli Edel se deixa levar pelo encanto do movimento. Cada discurso inflamado de Ulrike vem acompanhado de temas clássicos do período - Janis Joplin, Jimi Hendrix - e da glamourização da clandestinidade, com Gudrun (Johanna Wokalek), a mulher de Baader, banhando-se nua na frente de um novato. A cena em que Baader, na estrada, ensina o mesmo novato a descarregar seu revólver sem direção é o ápice da transformação dos guerrilheiros em rockstars.

Aos poucos, porém, o grupo é chamado a não apenas responder pelos seus atos, como também a definir um norte. No começo dos anos 70 não era difícil ver movimentos de esquerda assumir para si a defesa de causas as mais variadas - palestinos, panteras negras, tupamaros, todos citados em algum momento de O Grupo Baader Meinhof - mas o fato é que a RAF tinha dificuldade até em defender sua própria integridade. Com os atentados, mortes e prisões começam a acontecer.

Edel trabalha numa linha historiográfica o tempo inteiro - jogando em cascata informações e mais informações, em off e em reconstituições de ações de guerrilha - mas o filme só começa a ficar interessante de verdade (pelo menos para quem, hoje, não se contenta com a nostalgia) quando percebemos o abismo que há entre Ulrike e Baader, entre a teoria e a prática. Cena emblemática: as alemãs nuas tomando sol, para estupefação dos milicianos árabes, em pleno campo de treinamento na Jordânia.

Todo o terço final do filme - que cobre a longa e exaustiva prisão e o consequente julgamento dos cabeças da RAF - serve para discutir a validade do grupo, e, mais importante, discutir o que significa impor, ao imaginário popular, a figura do guerrilheiro como um semideus. Em alemão, "komplex" pode significar tanto "grupo" quanto "questão". É ambíguo, portanto, o título original - e o filme se sai bem sempre que trata o grupo Baader-Meinhof como uma questão.



Pesquisa derruba mitos sobre os componentes de torcidas organizadas



O sampaulino nervosinho Flávio Prado

Deu na Carta Capital, maioria dos integrantes de torcidas organizadas é de classe média, trabalha e estuda. Este estudo vem em boa hora, pois já se tornou praxe criminalizar as torcidas organizadas. A mídia sempre relacionou as brigas e distúrbios provocados pelas organizadas ao fato de seus membros serem provenientes das classes baixas e moradores de periferia. Rotulando assim as torcidas fica fácil para a imprensa reacionária e pequeno burguesa demonizá-las. Porém, com esta pesquisa se tem conhecimento que entre as organizadas há membros de todos os estratos sociais, pessoas que trabalham, tem residência fixa, não possuem antecedentes criminais, enfim, cidadãos comuns, que podem até ser filhos ou parentes daqueles que se apresentam nos programas esportivos de dedo em riste, atirando para todos os lados. O campeão deste tipo de criminalização é Flávio Prado, apresentador do Mesa Redonda (aquele das múmias) da TV GAZETA, rede sobre a qual já escrevi nesse blog ( http://blogdocappacete.blogspot.com/2009/06/tv-gazeta-mais-pro-serra-de-todas.html). Flávio Prado faz o tipo nervosinho, passa boa parte de seu programa chamando os torcedores organizados de "marginais", "vagabundos"; repete sempre que "a polícia tem mais é que baixar o pau mesmos nesses bandidos"; que "os hospitais não devem atender torcedores feridos em brigas", etc. É daí pra baixo, só não pede pena de morte por que pode pegar mal. Porém, do jeito que as coisas estão indo no Brasil, com a direita cada vez mais abusada, daqui a pouco ele pede cadeira elétrica para os "vagabundos". Aliás, ele enche a boca para proferir este adjetivo, parece aqueles radialistas de extrema direita, como o Afanásio Jazadi, com certeza uma referência sua. Na sua esteira seguem os demais apresentadores do Mesa Redonda, outros programas pegam mais leve, mas a criminalização é uma constante na imprensa brasileira, que ultimamente vem criminalizando tudo. A pesquisa divulgada pela Carta Capital vem para derrubar uma série de mitos, o ministro dos esportes, Orlando Silva, já demonstrou interesse em trabalhar com os dados do estudo da pesquisadora da Faculdade de Educação Física da Unicamp Heloisa Reis. É isso aí senhor ministro, de ouvidos a gente séria e não a múmias de direita que querem criminalizar até beijo na boca.




SOCIEDADE
No anonimato da multidão - Pesquisa derruba mitos sobre os componentes de torcidas organizadas

24/07/2009 17:37:37

Phydia de Athayde

Marginais. É assim que muita gente enxerga quem participa de torcidas organizadas de futebol, especialmente se no jogo houve alguma briga, tumulto ou morte. É mais fácil imaginar que sejam vândalos, bárbaros, do que se confrontar com uma realidade que pode surpreender: talvez sejam gente comum. É o que constata em trabalho inédito a pesquisadora da Faculdade de Educação Física da Unicamp Heloisa Reis. “Os resultados põem por terra a generalização de que torcedores organizados são vadios.”

Para chegar a essa conclusão, a coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas de Futebol fez um perfil minucioso do torcedor organizado. O trabalho, a que
CartaCapital teve acesso, será concluído em setembro e pesquisou 813 filiados da maior torcida organizada de cada um dos três principais times da capital paulista (Corinthians, São Paulo e Palmeiras). Além de informar as características sociais, eles opinaram sobre as causas da violência dentro e fora dos estádios. Interessada nesse tema, Heloisa pesquisou apenas o gênero e a faixa etária dos principais algozes e vítimas de atos violentos – homens entre 15 e 25 anos.

Em vez de pobres marginalizados, encontrou rapazes instruídos, de famílias estruturadas. “Os torcedores organizados têm bom nível educacional, moram com os pais e, além disso, têm noção da própria responsabilidade nos acontecimentos violentos”, expõe Heloisa. O próximo passo será pesquisar todo o País. Conhecer a fundo o torcedor é, segundo a pesquisadora, indispensável para enfrentar a violência de forma eficaz. “Na Europa, as mudanças partiram desse diagnóstico.”

Para o ministro do Esporte, Orlando Silva, os resultados reforçam a convicção de que não faz sentido marginalizar o torcedor organizado. “São grupos legítimos com quem o Estado precisa dialogar cada vez mais”, disse à CartaCapital. O ministério financiou o estudo.

Apesar de cores e hinos diferentes, a condição social e as opiniões de palmeirenses, são-paulinos e corintianos são muito parecidas. “As informações se repetem independentemente do time”, diz Heloisa. E morre outro clichê: o de que existem torcidas da elite e outras mais carentes.

Aos dados.O torcedor organizado é solteiro (94%) e católico (62%). Vai ao estádio sempre (40%) ou muito frequentemente (45%) – mesmo que a partida seja televisionada. Neste caso, o faz pela emoção do estádio (52%), por amor ao time (30%) e para torcer em grupo (12%). A maioria trabalha (61%) ou estuda (27%), onde 9% não informou a ocupação e 3% está desempregada, menor que a taxa brasileira, de 8,1%.
(Clique na tabela acima para ampliá-la)

No entender desse torcedor, há dois principais motivos para a violência. Em primeiro, fatores ligados ao adversário (rivalidade, fanatismo e provocações), com 31,5% das respostas. Em seguida, com 30%, fatores ligados à própria torcida (falta de educação, vir para brigar, estupidez).

Outros 19,5% dos entrevistados creditam a violência a fatores externos (polícia violenta, mídia, desempenho do time, diretoria dos clubes, falta de estrutura e impunidade). Apenas 6% consideram que o consumo de drogas e álcool leva à violência, enquanto 5% a consideram um reflexo da sociedade, dissociado do futebol.

Heloisa vasculhou em detalhes a contribuição dos jornais, rádios e televisão para o problema. Para 47% dos entrevistados, a mídia estimula a violência ao explorá-la (incentivam a rivalidade, provocam torcedores,- buscam ibope). Para 17%, a mídia contribui ao estigmatizar as torcidas (mostra só o lado ruim, chama de vândalos). Uma proporção parecida, 18%, discorda: considera que a mídia incentiva a paz e mostra a realidade. E 14% criticam a manipulação da informação pela imprensa.

Recentemente, o Brasil foi apontado como líder do ranking de mortes ligadas ao futebol pelo sociólogo Mauricio Murad, da Uerj e da Universidade Salgado Oliveira. Ele contabilizou 42 óbitos de torcedores em conflitos dentro ou próximo a estádios de futebol nos últimos dez anos. Em pesquisa semelhante, Heloisa Reis (em parceria com a Universidade de Amsterdã) contabilizou 35 vítimas de homicídio no mesmo período.

Os números não batem por diferenças na metodologia e na data exata da contagem. Mas, ao contrário do colega, Heloisa discorda que o Brasil lidere um ranking. “Afirmar isso é temerário e perigoso. Não há levantamentos mundiais confiáveis e, além disso, uma divulgação desse porte pode maximizar um problema já grave e atrair jovens violentos para o futebol”, alerta. Ela diz que a mídia inglesa, ao difundir o vandalismo nos estádios nos anos 1980, só fez aumentar a violência. A tese faz sentido. Tanto que, hoje, na Europa, nem mesmo invasões de campo são mostradas na tevê. Sem repercussão, tendem a diminuir.

Para Murad, mais importante do que constatar a violência é como a sociedade reagirá a ela. E considera exemplar o caso da Argentina. “Basicamente, nos últimos três anos, eles apertaram a legislação, punindo não apenas torcedores como dirigentes (de clube e de torcidas) que incitassem a violência, fizeram campanhas educativas na mídia e controlaram o consumo de álcool.”

Essas medidas são inspiradas no que funcionou na Europa (Itália e Inglaterra) para diminuir o problema. A elas deveriam se somar, segundo Heloisa, a melhora na venda de ingressos, ampla divulgação do Estatuto do Torcedor, a atuação do Procon e do MP, um código de ética para a mídia divulgar violência, a mudança do horário das partidas para no máximo 19h30, a criação de comissões estaduais e a retomada da Comissão Nacional de Prevenção da Violência (criada em 2004 e estagnada), além de uma polícia especializada em eventos esportivos. “Isso deveria ser feito antes de 2014, mas não acho que ocorrerá”, hesita a professora.
O ministro Orlando Silva se diz ciente da “gravíssima” situação da violência no futebol. Menciona a padronização das normas técnicas dos estádios como um avanço (deve vigorar no Campeonato Brasileiro de 2010) e diz que o Ministério da Justiça começou a treinar policiais militares especialmente para lidar com torcedores. É pouco, tardio, mas um começo.


Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=4627