quarta-feira, 31 de março de 2010

Direita comemora o Golpe de 64











É disso que eles mais sentem saudade




terça-feira, 30 de março de 2010

Negros correm mais riscos do que brancos


E tem gente que fala que não há racismo no Brasil



Estadão


Pouco beneficiados pelas recentes ações de combate à violência, os jovens negros são 130% mais alvo dos assassinatos cometidos no País.


O trabalho também mostra que o risco de um jovem negro ser vítima de homicídio no País é 130% maior do que o de um jovem branco. A desigualdade entre as duas populações, que já era expressiva, aumentou de forma assustadora em cinco anos. Em 2002, morriam 1,7 negros entre 15 a 24 anos para cada jovem branco da mesma faixa etária. Em 2007, essa proporção é de 2,6 para 1.

O abismo entre taxas de homicídios é resultado de duas tendências opostas.

Nos últimos cinco anos, o número de mortes por assassinato entre a população jovem branca apresentou uma redução significativa: 31,6%. Entre negros, o movimento foi outro, um aumento de 5,3% das mortes no período. "Brancos foram os principais beneficiados pelas ações realizadas de combate à violência. Temos uma grave anomalia que precisa ser reparada", diz Jacobo.

O trabalho revela que em alguns Estados as diferenças de risco entre as populações são ainda mais acentuadas. Na Paraíba, por exemplo, o número de vítimas de homicídio entre negros é 12 vezes maior do que o de brancos. Em 2007, a cada 100 mil brancos, eram registrados 2,5 assassinatos. Entre a população negra, no mesmo ano, as taxas foram de 31,9 homicídios para cada 100 mil.

"As diferenças sempre foram históricas no Estado. Mas as mudanças nesses últimos cinco anos foram muito violentas", avalia Jacobo. Paraíba seguiu a tendência nacional: foi registrada a redução do número de vítimas entre brancos e um aumento do número de assassinatos entre negros.

Pernambuco vem em segundo lugar: ali morrem 826,4% mais negros do que brancos. Rio de Janeiro ocupa a 13ª posição, com percentual de mortes entre negros 138,7 % maior do que entre brancos. São Paulo vem em 21º lugar. No Estado, morrem 47% mais negros do que brancos.

O Paraná é o único Estado do País onde a população branca apresenta maior risco de ser vítima de homicídio. Ali, proporcionalmente morrem 36,8% mais brancos do que negros.

A esmagadora maioria dos assassinatos no País ocorre entre a população masculina. Em 2007, 92,1% dos homicídios foram cometidos contra homens. Na população de jovens, essa proporção foi um pouco maior: 93,9%. Espírito Santo foi o Estado que apresentou maior taxa de homicídios entre mulheres: 10,3 por 100 mil, seguida de Roraima, com 9,6. O Maranhão foi o Estado com o menor indicador. Foram registradas 1,9 mortes a cada 100 mil mulheres.

O estudo conclui ainda que não é a pobreza absoluta, mas as grandes diferenças de renda que forçam para cima os índices de homicídio no Brasil. O trabalho fez uma comparação entre índices de violência de vários países com indicadores de desenvolvimento humano e de concentração de renda. "Claro que as dificuldades econômicas contam. Mas o principal são os contrastes, a pobreza convivendo com a riqueza", afirma Jacobo.


Até o Jornal da Record está babando o ovo do Serra, e aí PHA?


Ana Paula Padrão, velha musa do PIG


Isso mesmo, sexta-feira o Jornal da Record fez coro com o resto do PIG e apresentou os professores paulistas que protestavam contra o Ditador José Serra como um bando de vândalos. Hoje eles mostraram a inauguração de um trecho do Roubanel cheios de elogios ao Ditador, uma babação de ovo nojenta, até entrevista com o maldito mostraram, como tem mostrado todos os dias, aliás. Sobre o apitaço dos professores, nenhuma palavra. Bastou a Ana Paula Padrão ir para esse jornal para o nível cair. O Jornal da Record era um dos únicos a "ouvir o outro lado", o único que demonstrava alguma seriedade, agora... Falando nisso, Ana Paula Padrão é aquela que, de acordo com as más línguas, era muito próxima de um ex presidente fanfarrão.
E aí PHA?



Serra contraria orientações de segurança do código de trânsito e inaugura rodoanel inacabado



Após acidente, Serra admitiu que houve falhas nas obras do rodoanel. (Foto: Tiago Queiroz/AE)
Já vimos esse filme, mas o Serra não tá nem aí, o PIG protege.


Brasília Confidencial

O Rodoanel não ficará pronto a tempo de ser inaugurado na data prevista pelo governador José Serra (PSDB), que deve deixar o cargo esta semana para concorrer à presidência da república. Mesmo assim, Serra fará um evento de entrega da obra inacabada: faltam retornos e acessos, a sinalização está incompleta, não há posto de serviço de ajuda ao usuário (SAU) e das polícias ambiental e rodoviária, além de seis praças de pedágio. A liberação para o trânsito deve acontecer amanhã, 31/03, com apenas parte da sinalização horizontal (faixas nas pistas) e vertical (placas e letreiros de informação).

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) orienta a só abrir uma estrada para a circulação normal de veículos quando estiver devidamente sinalizada, para não expor os usuários a riscos. No trecho entre as cidades de Itapecerica da Serra e Embu, serviços de terraplenagem e de colocação de base para o pavimento ainda estavam sendo feitos no fim de semana. A falta de acessos e retornos e de obras de vias complementares, como a nova avenida Jacu-Pêssego, podem piorar o trânsito em alguns trechos, conforme previsão do próprio secretário de Transportes da Capital, Alexandre de Moraes. Uma alteração no sistema construtivo que reduziu o prazo do contrato, de quase R$ 5 bilhões para construção do Trecho Sul, de 48 para 34 meses pode ter sido uma das causas do acidente ocorrido em 13 de novembro do ano passado, quando três vigas desabaram sobre a Rodovia Régis Bittencourt esmagando três carros e ferindo três pessoas.

Na ocasião, a Bancada do PT apresentou representações nos Ministérios Públicos Estadual e Federal, solicitando a apuração dos motivos do acidente e questionando a conivência do governo do estado em acatar a alteração do regime de execução de empreitada por preço unitário para empreitada por preço global. Isto modificou a medição dos serviços realizados. Em termos técnicos, tal alteração significou que não existia mais uma medição física do serviço, que passou a ser pago com base em apontamentos constantes no Cronograma Financeiro de Pagamento e Norma de Fiscalização, Medição e Pagamento. Esta alteração contratual é irregular e já havia sido apontada em fiscalização do Tribunal de Contas da União.



segunda-feira, 29 de março de 2010

Armando Nogueira era santo?




Armando Nogueira aparece no documentário Muito Além do Cidadão Kane criticando duramente a edição do famoso debate Lula x Collor, que beneficiou o segundo descaradamente. Após essa declaração muita gente passou a apresentá-lo como exemplo de ética. Antes desse evento Armando Nogueira já era tido como um exemplo de competência jornalística, pois ajudou a estruturar o telejornalismo brasileiro, criando o formato do Jornal Nacional, da Globo.

Sobre as questões acima quero tecer alguns comentários.

Primeiro, todo mundo sabe que a Rede Globo era o principal aparelho Ideológico da Ditadura, seu maior veículo de propaganda e a grande dissemidadora dos ideais da "Revolução de 64". O carro chefe da doutrinação ideológica da Globo sempre foi o Jornal Nacional, neste era, e ainda é, estampada diariamente a visão de mundo da direita golpista brasileira. Armando Nogueira ajudou a criar esse monstro, que até hoje somos obrigados a engolir. E o que é pior, o povo brasileiro foi educado a aceitar o conteúdo do JN sem críticas, como verdades absolutas.

Segundo, a patifaria envolvendo a campanha em favor de Collor por parte da Rede Globo não começou com a edição do debate, a dois dias da eleição. A fraude começou um ano antes, com a criação do "caçador de marajás". Toda a campanha de 1989 para a presidência do Brasil foi manipulada de forma suja em favor de Collor. Quem estava nos bastidores da campanha sabia que o "caçador de marajás" era um completo desqualificado, um cocainômano; um playboy que jamais trabalhara na vida e não tinha competência para administrar sequer suas próprias contas, quem dirá o Brasil. Armando Nogueira sabia disso, ainda assim embarcou na campanha do alagoano.

Com relação as crônicas esportivas de Armando Nogueira não tenho nada a dizer, apesar de achar um pouco enfadonhas suas longas declamações cheias de pompa. Que descanse em paz.






Matança de jornalistas em Honduras




Enquanto o PIG concentra seus ataques as "graves violações" a liberdade de expressão praticadas na Venezuela, e se solidariza com os suicidas cubanos da CIA, só em março, cinco jornalistas foram assassinados por jagunços de aluguel em Honduras. Sobre esse massacre, não vemos discursos indignados, editoriais raivosos, defesas intransigentes a Democracia e ao exercício livre do jornalismo. A falta de vergonha na cara da mídia corporativa brasileira não tem limites.



Honduras: os riscos para o exercícios do jornalismo

Com cinco profissionais da imprensa assassinados só neste mês de março, Honduras se converteu hoje em um dos países de maior risco para o exercício do jornalismo.

Os crimes mais recentes ocorreram no fim de semana no departamento de Olancho, onde matadores de aluguel massacraram José Bayardo Mairena e Víctor Manuel Juárez, minutos após concluir um espaço noticioso na Rádio Súper 10, da localidade de Catacamas.

Em similares circunstâncias perderam a vida os comunicadores David Meza, de Rádio El Patio, na cidade da Ceiba; Nahum Palacios, diretor de notícias da cadeia de televisão de Aguán; e Joseph Ochoa, do canal 51, de Tegucigalpa.

Ainda que o porta-voz da Secretaria de Segurança, Leonel Sauceda, tenha dito que as investigações estão bastante avançadas, até o momento ninguém foi detido, nem julgado por estes crimes.

Segundo denunciou a Plataforma de Direitos Humanos trata-se de uma "estratégia de terror, imobilização e perseguição contra opositores ao golpe de Estado".

Muitos dos comunicadores utilizavam seus espaços como tribuna para denunciar a ruptura da ordem institucional no dia 28 de junho e as violações dos direitos humanos cometidas pelo regime de facto de Roberto Micheletti.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) condenou os recentes ataques e chamou as autoridades a investigar os crimes, capturar os responsáveis e tomar medidas para melhorar a segurança dos jornalistas.



domingo, 28 de março de 2010

Gilberto Dimenstein da aula de ética

Gilberto Dimenstein, paladino da ética, do bom senso e da ordem, não pode se conformar com uma manifestação de professores, principalmente se ela descamba em pancadaria.

Professores dão aula de baderna

Fico me perguntando como os alunos analisam as imagens de professores desrespeitando a lei e atirando paus e pedras contra a polícia, como vimos na manifestação nos arredores do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo --afinal, supostamente são os professores que, em sala de aula, devem zelar pela disciplina.

É claro que, nem remotamente, a agressividade daquela manifestação representa os professores. Trata-se apenas de uma minoria organizada e motivada, em parte, pelas eleições deste ano.

A presidente da Apeoesp (o maior sindicato dos professores estaduais), Maria Izabel Noronha, disse que estava ali para quebrar a "espinha dorsal" do governador (Serra) e de seu partido (o PSDB) --ela que, no dia anterior, estava no palanque de Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República.

Mas será que os alunos sabem disso? Será que vão imaginar que os professores são daquele jeito, sem limites, indisciplinados?

Todos sabemos como é difícil impor disciplina em sala de aula e, mais ainda, conter a violência. Não será com exemplos de desrespeito (de quem deveria dar o exemplo) que a situação vai melhorar. Muito pelo contrário: afinal, o que se viu foi uma aula de baderna.

Só espero que pelo menos essa lição os estudantes não aprendam.

Gilberto Dimenstein, 53 anos, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Onlineàs segundas-feiras.


Dimenstein é um entusiasta dos governos do PSDB, sobretudo na área da educação, sua especialidade. Já que tudo está dando certo na educação paulista, correndo as mil maravilhas, não tem por que se posicionar contra, não é? Segundo Dimenstein, as diretrizes educacionais de José Serra são impecáveis. No entanto, uma breve investigação sobre os números da educação paulista indicam exatamente o contrário, o que nos faz pensar que o nobre colunista da Folha é: mal informado, relapso, ou desonesto mesmo. Leia a matéria abaixo e tire suas conclusões.


Do indefectível NaMaria News
Amor com amor se paga - Lição de um aprendiz esperto

De fato. Não se pode maltratar ou discordar de quem nos ajuda - seria falta de respeito, consideração, estima, bom senso; seria perder a noção do perigo etc..

Deve ser por isto que o nobre jornalista Gilberto Dimenstein, da Associação Cidade Escola Aprendiz (CNPJ/MF 03.074.383/0001-30) escreveu Professores dão aula de baderna e Uma greve contra os pobres e também Vocês desrespeitam os professores, da qual citamos o brilhante trecho:
Até que ponto o sindicato dos professores não está chamando uma manifestação para amanhã, na frente do Palácio dos Bandeirantes, à espera de um conflito e uma foto na imprensa? Nada contra a manifestação em si. Mas a suspeita é inevitável. Os dirigentes do sindicato são filiados ao PT, interessado em desgastar a imagem de José Serra, que está deixando o governo estadual para se candidatar à Presidência. Também sabemos que na cúpula do sindicato existem os setores mais radicais da esquerda como PSOL e PSTU.
Como se sabe, ali é área de segurança e se alguém passar da linha a polícia é obrigada, por lei, a intervir.
Seria mais um desrespeito à imagem do professor se fosse apresentado à sociedade como gente que não obedece a lei.
Você, que tem ao menos dois neurônios sadios, entendeu a mensagem, né não? Então nem vamos ousar explicar.

Por outro lado, por sermos adeptos de outras lições, resolvemos atender aos instintos mais viscerais e mostramos que a teoria é verdadeira na prática: não se pode morder a mão que nos afaga. Assim que, só por alto, mostraremos a palma carinhosa que só tem feito bondades ao importantíssimo educador de São Paulo.

“Planilha do balanço e prestação de contas do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente” (FUMCAD)

Organização: Associação Cidade Escola Aprendiz
(ano – nome projeto – validade – atendidos – idade – valor)

  • 2006
    • Escola na Praça (de 02/05/06 a 01/05/07) – 170 – 04 a 16 anos – R$264.446,00
    • Trilhas Urbanas (de 02/05/06 a 01/05/07) – 95 – 15 a 17 anos – R$144.510,00
  • 2007
    • Projeto Trilhas na Vida (de 01/03/07 a 01/03/08) – 160 – 14 a 17 anos R$776.566,30
    • Aprendiz das Letras (de 01/07/07 a 29/02/08) – 60 – 04 a 15 anos – R$87.594,72
    • Percurso Formativo (de 01/07/07 a 29/02/08) – 70 – 12 a 18 anos – R$222.300,00

  • 2008
    • Trilhas na Vida (de 01/04/08 a 31/03/09) – 120 – 14 a 17 anos/11 meses – R$848.744,39
    • Aprendiz das Letras (de 01/05/08 31/12/08) – 60 – 04 a 15 anos – R$85.610,00
    • Percurso Formativo (de 01/05/08 31/12/08) – 115 – 11 a 18 anos – R$369.840,60
      (DO da Cidade de SP 5/fevereiro/2009 - e páginas seguintes)

Àquilo tudo acrescente as renovações que assim se iniciam:

CONSIDERANDO: - o artigo 7º, da Lei 11.123, de 22 de novembro de 1991, segundo o qual o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente é órgão de decisão autônomo e de representação paritária entre o governo municipal e a sociedade civil; - que em 19 de abril de 2008, foi publicado no veículo oficial de comunicação desta cidade o Edital FUMCAD 2008, cujo objeto é estabelecer procedimento e realizar processo de analise e seleção de projetos que poderão ser financiados pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - FUMCAD/SP/2008 que estejam em consonância com as políticas públicas da Criança e do Adolescente da Cidade de São Paulo e que sejam inovadores e/ou complementares, conforme reunião realizada no dia 17 de abril de 2008, que aprovou o texto final deste Edital; - que a Comissão Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no uso das suas atribuições, aprovou o projeto...

  • Comunidade Educativa - Escola na Praça: Despacho Processo nº 2008-0.311.233-1 - por 12 meses a partir de 02/04/2009 (para 75 adolescentes) = R$439.474,17 (DO Cidade 26/março/2009)

  • Formação - Agência de Notícias: Despacho Processo nº 2008-0.315.519-712 - por 12 meses a partir do dia 01/04/2009 (para 20 estudantes de 14 a 18 anos) = R$108.302,00 (DO Cidade 31/março/2009)
  • Trilhas: Despacho Processo nº 2008-0.315.522-7 - por 12 meses a partir de 02/04/2009 (para 60 adolescentes) = R$317.834,56 (DO Cidade 2/abril/2009)
Com a Secretaria de Cultura do Estado, firmou singelo contrato (Processo SC 001653 /2009 - Contrato 457 /2009) de 36 meses em referência ao projeto Escola da Rua, relativo ao Edital: Pontos de Cultura do Estado de São Paulo. Valor praticamente simbólico de R$60.000,00 (DO 25/dezembro/2009).

Total geral (parcial) daquele aprendiz que trata com amor aqueles que o amam: R$3.725.222,74.

Em breve teremos mais do mesmo parceiro da Microsoft, SEE-SP, Prefeitura de SP, Revista Nova Escola, Editora e Fundação Abril, Colégio Bandeirantes, COC, Fundação Vanzolini, Uninove, Universia, Camargo Correa, UOL... Aguarde neste aracno blog.

PS-
Informamos que o cachorro apenas fez pose para a foto e não deve nada a ninguém.



sábado, 27 de março de 2010

No centenário de Kurosawa, a história dos cinemas japoneses da Liberdade



Em 88 anos de vida, o cineasta japonês Akira Kurosawa dirigiu 32 filmes. Entre eles, obras-primas como "Rashomon" (1950), "Os Sete Samurais" (1954), "Trono Manchado de Sangue" (1957), "Dersu Uzala" (1975) e "Ran" (1985). Foi premiado com a Palma de Ouro em Cannes e com o Leão de Ouro em Veneza, além de ter ganho um Oscar pelo conjunto de sua obra. É considerado o grande responsável por transformar o cinema do Japão conhecido no resto do mundo. Se estivesse vivo, faria 100 anos nesta terça.

Boa parte de seus trabalhos chegou ao Brasil antes mesmo de Europa e América do Norte. Seus filmes estavam entre as cerca de 2600 produções exibidas em quatro cinemas especializados em cinema japonês localizados na Liberdade, região central de São Paulo, e abertos durante a década de 50. Mais especificamente, no Cine Jóia, na Praça Carlos Gomes. Fechada em 1988, a sala hoje deu lugar a uma igreja evangélica.

Lá, foram exibidas produções como "Trono Manchado de Sangue" (adaptação de Kurosawa para "Macbeth", de Shakespeare) e "A Fortaleza Escondida" (principal inspiração de George Lucas para o roteiro de "Guerra nas Estrelas"), ambas em 1959. Ainda antes disso, quando o cineasta era virtualmente desconhecido fora do Japão, seu primeiro trabalho, "Sugata Sanchiro", chegou ao Brasil, com o título de "A Vida de um Lutador de Sumô".
O longa foi exibido no início da década de 50, numa sessão realizada no cinema mantido por frades franciscanos no salão paroquial da Igreja do Largo São Francisco. Era o Cine São Francisco, que exibiu diversos filmes para a colônia japonesa entre o final dos anos 40 e início dos anos 50. Essas sessões também atraíam alguns poucos não descendentes - um jovem Walter Hugo Khouri, posteriormente um dos mais importantes cineastas brasileiros, era um deles.

A exibição de filmes como "A Vida de um Lutador de Sumô" é uma especificidade de São Paulo, segundo o antropólogo Alexandre Kishimoto, autor de uma dissertação de mestrado sobre os cinemas da Liberdade defendida no início deste mês. "A cidade recebeu produções que mesmo grandes cidades dos Estados Unidos ou da Europa não viam. Filmes que não eram premiados em festivais ou dirigidos por cineastas reconhecidos chegavam à Liberdade", explica.

Reprodução

É uma história que começou na década de 20, quando exibidores itinerantes levavam filmes pelo interior de São Paulo. A prática foi interrompida durante a Segunda Guerra Mundial, quando a colônia japonesa no Brasil passou por diversas restrições (até reuniões em grupos eram proibidas), e só foram retomadas no final da década de 40. Em 1953, veio o primeiro cinema dedicado exclusivamente a filmes japoneses: o Cine Niterói, na Rua Galvão Bueno.

"O nome foi escolhido através de um concurso. Mas o dono do cinema, Yoshizaku Tanaka, usou uma artimanha: sugeriu um nome a um empregado seu, que o inscreveu no concurso e ganhou", explica Alexandre Kishimoto. O nome, aparentemente pouco oriental, seria uma adaptação da expressão "Nitto no Heroi" - em português, "Heroi do Japão". Um ano depois do Niteroi abrir as portas, foi a vez do Cine Tokyo (posteriormente Nikkatsu), na Rua São Joaquim.

Em 1959, foi a vez do Cine Nippon (Rua Santa Luzia) ser inaugurado e do Cine Joia (Praça Carlos Gomes), aberto sete anos antes, dedicar-se exclusivamente a filmes japoneses. Cada um desses quatro cinemas exibia filmes de uma produtora, o que fazia com que cada um tivesse um perfil específico. No Nikkatsu, os filmes jovens da empresa do mesmo nome; no Nippon, dramas ao gosto feminino da Shochiku; no Joia, filmes de diretores premiados da Toho.

No Niteroi, eram exibidos os filmes de samurais da Toei. A sala também era a mais luxuosa da região, e comportava cerca de 1300 espectadores. Foi demolida em 1968, por causa da construção da Radial Leste, e mudou-se para a Avenida Liberdade. "O Cine Niteroi foi um dos principais responsáveis pela transformação da Rua Galvão Bueno na região turística que é hoje", explica Alexandre Kishimoto. "Depois dele, lojas e restaurantes japoneses começaram a ocupar aquela área".

Entre os frequentadores desses cinemas, estavam futuros diretores como Carlos Reinchenbach e João Batista de Andrade. Críticos como Rubem Biáfora e Alfredo Sterheim também eram presença constante. Esses cinéfilos cultuavam cineastas que na época eram desconhecidos fora do Japão, como Mikio Naruse, Heinosuke Gosho, Eizo Sugawa e até Yasujiro Ozu. São exemplares do que veio a ser chamado de "cinema intimista japonês", uma "descoberta" da crítica paulista.

O consagrado Kurosawa, curiosamente, não era um cineasta valorizado nesse círculo. "Ele era criticado por ser supostamente 'ocidentalizado'", explica Kishimoto. Os westerns, afinal de contas, eram uma influência confessada pelo próprio diretor. O diálogo com o cinema americano era uma das muitas transgressões do diretor. "Ele quebrava convenções, e isso incomodava muita gente, inclusive no Japão", afirma Kishimoto.

Entre os cinéfilos de São Paulo, havia outro problema: ao contrário de Naruse e Gosho, Kurosawa era um nome conhecido entre os não-iniciados em cinema japonês. "Apesar de muitos de seus trabalhos terem sido exibidos na Liberdade, ele também conseguiu chegar às salas da Cinelândia paulistana", conta, referindo-se à região da Praça da República. "Seus filmes eram exibidos do Cine Scala, na Rua Aurora, e no Cine Coral, na Rua 7 de Abril, por exemplo".

Hoje, para ver os trabalhos de Kurosawa é preciso apelar para o DVD. Dos seus 32 filmes, pouco mais de duas dezenas estão disponíveis no Brasil. A maioria deles, infelizmente, em cópias de péssima qualidade. Quanto aos cinemas da Liberdade, eles se foram. O Nikkatsu foi o primeiro a fechar, ainda na década de 60. Niteroi e Joia foram os mais resistentes e aguentaram até 1988, sempre exibindo produções japonesas.

Veja abaixo a lista dos 15 principais filmes de Akira Kurosawa, todos disponíveis em DVD no Brasil:

1950. Rashomon (Rashomon)
1951. O Idiota (Hakuchi)
1952. Viver (Ikiru)
1954. Os Sete Samurais (Shichinin no Samurai)
1957. Trono Manchado de Sangue (Kumonosu-jo)
1958. A Fortaleza Escondida (Kakushi-toride no San-akunin)
1961. Yojimbo, o Guarda Costas (Yojimbo)
1962. Sanjuro (Tsubaki Sanjuro)
1963. Céu e Inferno (Tengoku to Jigoku)
1965. O Barba Ruiva (Akahige)
1970. Dodeskaden (Dodesukaden)
1975. Dersu Uzala (Dersu Uzala)
1980. A Sombra do Samurai (Kagemusha)
1985. Ran (Ran)
1989. Sonhos (Dreams)


sexta-feira, 26 de março de 2010

Governo fascista agride professores em São Paulo





Apesar do PIG mostrar as truculências dos jagunços da PM paulista como uma reação a agressões partidas dos professores paulistas, está claro que violências partiram, como sempre, do governo fascista do PSDB, vejam estas imagens e confiram.

Já disse aqui e repito, uma vitória do Serra nas eleições presidenciais desse ano significa Ditadura. Será pau nos movimentos sociais, na mídia independente, nos trabalhadores, no setor público como um todo. O papel protagonista do Brasil nos debates internacionais escorrerá pelo ralo, voltaremos a nos curvar perante o grande capital internacional, etc.

Mas voltando a greve dos professores paulistas, por mais que o Zé Belzebu compre toda a mídia venal e subserviente deste país, o povo está vendo qual é a sua mentalidade como governante, o caráter ultra-violento de sua gestão no trato para com todos aqueles que não endossam suas propostas. Ai de nós se esse fascista chegar ao governo federal!





São Paulo - O que era para ser uma grande demonstração de democracia, em que um grupo faz greve e o outro negocia, transformou-se em uma decepção. Nas proximidades do estádio do Morumbi, onde fica a sede do governo estadual, os professores da rede pública estadual foram recebidos nesta sexta-feira (26) da mesma forma que torcedores em dia de clássico de futebol, com centenas de policiais espalhados pelo local.

A assembleia dos professores transcorria pacificamente, mas o clima esquentou a partir do meio da tarde e acabou em confusão quando a Polícia Militar entrou em confronto com os professores da rede pública estadual.

Manifestantes carregam caixão
Manifestantes realizam assembleia e tentam chegar ao Palácio dos Bandeirantes (Foto: Mauricio Morais)
>> Clique aqui para ver fotos do protesto dos professores no Morumbi, zona sul de São Paulo

Há duas versões para explicar o início da ação policial. Uma delas, dada por professores próximos ao local, onde começou o problema, é de que os policiais queriam avançar com o cordão de isolamento e, para isso, usaram bombas ditas de efeito moral. A outra, oficial, é de que estudantes deram início à confusão. A Polícia Militar, por meio de nota, diz que alguns manifestantes atiraram rojões, paus e pedras na direção dos policiais militares. Até as 18h55, haviam nove manifestantes feridos e sete policiais.

No entanto, o vereador paulistano Jamil Murad (PCdoB), que integrou a frente parlamentar que tentou negociar com o governo do estado, afirmou ter ouvido, em tom “categórico”, ordem do coronel responsável pelo policiamento para impedir a chegada ao Palácio dos Bandeirantes.

De acordo com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) em São Paulo, o vice-presidente da entidade, Carlos Ramiro de Castro, foi ferido na testa quando tentava negociar com os policiais. Outros dois professores de História, Severino Honorato da Silva e Luis Cláudio de Lima, foram atingidos por uma bala de borracha.

No momento da confusão, alguns professores tentaram encontrar lugar a salvo da ação da Polícia Militar, ao passo que outros se ocuparam de ajudar os feridos e consolar pessoas abaladas pela ação policial. Enquanto isso, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) utilizou o caminhão de som para tentar chegar ao ponto de negociação e dar proteção aos manifestantes. "Pelo amor de Deus, fiquem atrás do caminhão, para as balas de borracha não nos atingirem, nós que estamos desarmados", pediam insistentemente os diretores do sindicato.

"A manifestação é a demonstração do desejo dos professores de resolver a questão. Mas o confronto acentua o caráter autoritário do governador", lamentou a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel.

Para o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) o confronto foi uma covardia. "Esse governo intransigente deixou um rastro de destruição. Na segunda vamos tomar providências e acionar o Ministério Público."

A tarde

Desde cedo, uma grande movimentação tomou conta dos arredores do estádio do Morumbi. Não é dia de jogo, mas os professores estaduais em greve desde o dia 8 de março colocaram cerca de 45 mil pessoas no local, segundo a Apeoesp. A PM calcula cinco mil manifestantes.

Após realizar a assembleia em frente ao estádio e manter a greve por tempo intederminado, os professores se dividiram. Uma parte subiu em direção ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, e de lá, segundo informações foram agredidos pela PM. Muitos ficaram espremidos junto ao primeiro cordão de isolamento formado pelos oficiais na avenida Giovanni Gronchi. Outros, encurralados nas ruas laterais.

Pouco antes, uma comissão dos docentes foi recebida no Palácio dos Bandeirantes pelo secretário adjunto da educação, Guilherme Bueno e pelo secretário ajunto da Casa Civil, Humberto Rodrigues. Na reunião, segundo a Apeoesp, os representantes do governo foram taxativos: "só haverá negociação se suspenderem a greve", informou Bebel. De acordo com a professora, em nenhum momento a pauta dos professores foi citada ou discutida.

O governador José Serra (PSDB) não estava na capital. Cumpriu agenda de inaugurações pelo interior, como em Presidente Prudente, a 560 km da capital. Também passou por Franca, mas lá foi recebido com um protesto dos professores.

A próxima assembleia dos professores da rede pública estadual de São Paulo está marcada para o dia 31 de março, às 14h, dia em que o funcionalismo público estadual prepara o "bota-fora" para o governador José Serra, pré-candidato pelo PSDB à Presidência da República. A data deve marcar aentrega da renúncia de Serra à Assembleia Legislativa.

Um dia de protesto

Os manifestantes se reuniram em frente ao estádio do São Paulo Futebol Clube. O ato estava previsto para começar às 15h, mas atrasou à espera de ônibus que vinham do interior e não conseguiram chegar até a região. Segundo fontes ouvidas pela Rede Brasil Atual, alguns teriam sido barrados na Rodovia Castelo Branco e Raposos Tavares, além da Marginal Tietê.

Reivindicações

  • reajuste imediato de 34,3%;
  • incorporação de todas as gratificações e extensão aos aposentados, sem parcelamento;
  • contra o provão dos ACTs;
  • contra a avaliação de mérito;
  • pela revogação das leis 1093, 1094, 1097;
  • por um plano de carreira justo;
  • concurso público de caráter classificatório.

De acordo com a Apeoesp, revistas demoradas nos veículos por parte da PM ocasionaram o atraso. O sindicato entende a ação como uma forma de "esvaziar" o protesto. Eram esperados 200 ônibus de outras cidades, já que a entidade planejava levar 100 mil professores para pressionar por negociação com o governo sobre suas reivindicações (ver box).

Outro motivo do atraso foi a tempestade de granizo que castigou a região por volta das 14h. "Estamos fazendo um pedido para que a PM libere nossos ônibus para chegarem aqui. Se o Serra não está, o vice (Alberto Godman) está e ele pode nos receber. Esperamos que o governo tenha o bom senso de receber os trabalhadores para negociar", disse o secretário-geral da Apeoesp, Fabio de Moraes, antes da manifestação.

De acordo com informações oficiais, a Polícia Militar fez um bloqueio na praça Vinicius de Morais para impedir que os manifestantes chegassem à sede do governo paulista. Só em uma das áreas ao redor há 350 policiais e 56 viaturas, além da cavalaria, força tática e a tropa de choque.

A assessoria de imprensa da Polícia Militar nega que haja"revistas"demoradasnos ônibus com manifestantes e também não dá informações sobre o efetivo na região.