sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Mortes nas prisões da CIA ficam impunes




O Departamento de Justiça dos Estados Unidos decidiu não acusar os agentes da CIA que interrogaram dois prisioneiros que morreram enquanto estavam detidos em prisões no estrangeiro.
A imagem do cadáver de Manadel al-Jamadi ficou tristemente célebre por esta e outras fotos em que soldados posavam junto ao cadáver.
O ministro da Justiça, Eric Holder, afirmou, em comunicado, que o Departamento da Justiça (DOJ) decidiu não acusar "porque as provas admissíveis seriam insuficientes para obter e sustentar uma condenação para lá de uma dúvida razoável".
A União Americana das Liberdades Civis (ACLU) criticou com veemência a decisão:
“A continuação da impunidade ameaça minar a proibição universalmente reconhecida da tortura e outros tratamentos abusivos e envia um sinal perigoso aos funcionários do governo de que não haverá consequências pelo uso de tortura e outras crueldades. A decisão de hoje [quinta-feira] de não acusar indivíduos que torturaram prisioneiros até a morte é mais um marco no que já é um registo vergonhoso”, disse Jameel Jaffer, diretor da entidade.
A investigação, conduzida pelo procurador John Durham, do Distrito de Connecticut, começou em janeiro de 2008 devido à destruição de registos em vídeo de interrogatórios feitos pela CIA.
Em agosto de 2009, a investigação foi ampliada para verificar se os interrogatórios de detidos em prisões em territórios estrangeiros violavam leis federais dos EUA; mas o Procurador-geral da altura afirmou que o DOJ não processaria ninguém “que tivesse agido de boa fé e dentro da orientação legal dada pelo Office of Legal Counsel acerca dos interrogatórios”.
Em junho do ano passado, Durham recomendou que se abrissem investigações criminais relacionadas com a morte de dois indivíduos sob custódia dos EUA em prisões no estrangeiro. Foi essa a investigação agora encerrada com a decisão de não iniciar acusações criminais.
Os dois presos mortos quando estavam sob custódia da CIA foram Gul Rahman e Manadel al-Jamadi.
Rahman morreu em 20 de novembro de 2002, algemado a uma parede de concreto numa prisão da CIA, no Norte de Cabul, conhecida como o Poço de Sal. Al-Jamadi morreu em 2003, algemado com as mãos atrás das costas às grades de uma janela, na tristemente famosa prisão de Abu Ghraib, no Iraque. Uma autópsia militar declarou que fora assassinado.



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

De que adianta repudiar Serra e votar em Russomano? Celso Russomano é o plano B da extrema direita paulistana

                             
O plano B da direita

Essa pergunta vai para os 43% que dizem repudiar José Serra. Russomano é um Kassab de cara nova, um tipo aventureiro, sem história na política. Rechaçado pelo povo de Santo André, que sempre lhe negou seu voto, agora ele cai de paraquedas na capital paulista. Se fosse outro candidato, com o telhado de vidro do senhor Russomano, Policarpos e Cia já estariam providenciando mil e um dossiês. Mas o candidato do PRB cai bem ao gosto do PIG e da elite nazista de SP. Caso vença, prosseguirão os incêndios em favelas, a onda de proibicionismo, a higienização social, a militarização da cidade, a ofensiva contra os movimentos sociais, o abandono completo dos projetos voltados as setores menos privilegiados da população (corredores de ônibus, creches, moradias populares), etc etc, etc. Se Russomano vencer, a máfia da especulação imobiliária seguirá dando as cartas, tornando o ar nessa cidade cada vez mais irrespirável.



    


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Saul Leblon: O que seria do Brasil em mãos tucanas?

FHC aproveitou o encontro para matar a saudade


Um grande banco de São Paulo reuniu nesta terça-feira três vigas chamuscadas do incêndio neoliberal que ainda arde no planeta: Clinton, Blair e FHC. Que um banco tenha promovido um megaevento com esses personagens a essa altura do rescaldo diz o bastante sobre a natureza do setor e da ingenuidade dos que acreditam em cooptar o seu "empenho" na travessia para um novo modelo de desenvolvimento.

As verdades às vezes escapam das bocas mais inesperadas. Clinton e Blair jogaram a toalha no sarau anacrônico do dinheiro com seus porta-vozes. Coube ao ex-presidente norte-americano sintetizar um reconhecimento explícito: "Olhando de fora, o Brasil está muito bem. Se tivesse que apostar num país, seria o Brasil".

Isso, repita-se, vindo de um ex-presidente gringo que consolidou a marcha da insensatez financeira em 1999, com a revogação da lei de Glass-Steagall. 

Promulgada em junho de 1933, três meses depois da Lei de Emergência Bancária, que marcou a posse de Roosevelt, destinava-se a enquadrar o dinheiro sem lei, cujas estripulias conduziram o mundo à Depressão de 1929. 

A legislação revogada por Clinton submetia os bancos ao rígido poder regulador do Estado. Legitimado pela crise, Roosevelt rebaixou os banqueiros à condição de concessionários de um serviço sagrado de interesse público: o fornecimento de crédito e o financiamento da produção. Enquanto vigorou, a Glass Steagall reprimiu o advento do supermercado financeiro, o labirinto de vasos comunicantes dos gigantes financeiros em que bancos comerciais agem como caixa preta de investimento especulativo, com o dinheiro de correntistas. 

O democrata que jogou a pá de cal nas salvaguardas do New Deal elogiou o Brasil, quase pedindo desculpas por pisotear o ego ao lado do grande amigo de consensos em Washington e de corridas de emergência ao guichê FMI. 

Mas FHC é um intelectual afiado nas adversidades. 

A popularidade contagiante do tucano, reflexo, como se sabe, de seu governo, poupa-o da presença física nos palanques do PSDB, preferindo seus pares deixá-lo no anonimato ocioso para a necessária defesa do legado estratégico da sigla. 

É o que tem feito, nem sempre dissimulando certo ressentimento, como nessa terça-feira mais uma vez. 

Falando com desenvoltura sobre um tema, como se sabe, de seu pleno domínio sociológico, ele emparedou Clinton, Blair e tantos quantos atestem a superioridade macroeconômica atual em relação à arquitetura dos anos 1990. 

Num tartamudear de íngreme compreensão aos não iniciados, o especialista em dependência – acadêmica e programática – criticou a atual liderança dos bancos públicos na expansão do crédito, recado oportuno, diga-se, em se tratando de palestra paga pelo banco Itau; levantou a suspeição sobre as mudanças que vem sendo feitas – 'sem muito barulho'' – na política econômica ("meu medo é que essa falta de preocupação com o rigor fiscal termine por criar problemas para a economia”) e fez ressalvas ao "DNA" das licitações – que não reconhece, ao contrário de parte da esquerda, como filhas egressas da boa cepa modelada em seu governo. 

Ao finalizar, num gesto de deferência ao patrocinador, depois de conceder que a queda dos juros é desejável fuzilou: "houve muita pressão para isso". 

O cuidado tucano com os interesses financeiros nos governos petistas não é novo. 

Há exatamente um ano, em 31 de agosto de 2011, quando o governo Dilma, ancorado na correta percepção do quadro mundial, cortou a taxa de juros pela primeira vez em seu mandato, então em obscenos 12,5%, o dispositivo midiático-tucano reagiu indignado. A pedra angular da civilização fora removida por mãos imprevidentes e arestosas aos mercados.

O contrafogo midiático rentista perdurou por semanas. 

Em 28 de setembro, Fernando Henrique Cardoso deu ordem unida à tropa e sentenciou em declaração ao jornal Valor Econômico: a decisão do BC fora "precipitada". 

Era a senha. 

Expoentes menores, mas igualmente aplicados na defesa dos mercados autorreguláveis, credo que inspirou Clinton a deixar as coisas por conta das tesourarias espertas, replicaram a percepção tucana do mundo:"não há indícios de que a crise econômica global de 2011 seja tão grave quanto a de 2008", sentenciou, por exemplo, o economista de banco Alexandre Schwartzman, indo para o sacrifício em nome da causa. 

Nesta quarta-feira, o BC brasileiro completa um ano de cortes sucessivos na Selic com um esperado novo recuo de meio ponto na taxa, trazendo-a para 7,5% (cerca de 2,5% reais). 

Ainda é um patamar elevado num cenário de crise sistêmica, quando EUA e países do euro praticam juros negativos e mesmo assim a economia rasteja. 

Uma pergunta nunca suficientemente explorada pela mídia, que professa a mesma fé nas virtudes do laissez-faire, quase grita na mesa: 'Onde estaria o Brasil hoje se a condução do país na crise tivesse sido obra dos sábios tucanos?' 

As ressalvas feitas por FHC no evento de banqueiros desta terça-feira deixa a inquietante pista de que seríamos agora um grande Portugal, ou uma gigantesca Espanha – um superlativo depósito de desemprego, ruína fiscal e sepultura de direitos sociais, com bancos e acionistas solidamente abrigados na sala VIP do Estado mínimo para os pobres. 

Em tempos de eleições, quando candidatos de bico longo prometem fazer tudo o que nunca fizeram, a fala de FHC enseja oportuna reflexão.






terça-feira, 28 de agosto de 2012

Prefeitura de SP manda 94 famílias carentes para o olho da rua


Extrema direita no poder

Pragmatismo Político

Sem alojamento, os sem-teto da ocupação Ipiranga ficaram na calçada com suas roupas dentro de sacos de lixo nesta terça-feira (28); no imóvel, antes da ocupação, funcionava um hotel que estava abandonado há mais de sete anos

sem teto prefeitura sp ipiranga
Moradores do prédio desocupado expressam indignação com o prefeito Gilberto Kassab. Foto: Agência Brasil
As 94 famílias sem-teto que ocupavam o prédio da avenida Ipiranga, 908, no centro de São Paulo, foram despejadas na manhã desta terça-feira (28). Com a presença de dezenas de policiais militares prontos para fazer a reintegração de posse, os moradores decidiram sair do prédio pacificamente para evitar confrontos.
Sem ter para onde ir – já que a prefeitura deixou claro aos moradores que não terá alojamento por falta de verba – as famílias, neste momento, estão na calçada com suas roupas em sacos de lixo.
De acordo com o advogado e assessor jurídico do movimento das famílias sem-teto, Manoel Del Rio, havia uma decisão do tribunal de justiça que obrigava a prefeitura a atender as pessoas com pelo menos um alojamento provisório, mas que nada foi apresentado efetivamente.
“Eles estão descumprindo a decisão do tribunal. Pode até cumprir a liminar da reintegração de posse, mas desde que atendam as famílias em alojamento”, ressalta.
O coordenador da Frente de Luta Por Moradia (FLM), Osmar Silva Borges, também afirma que as famílias deveriam ser alojadas até a decisão do tribunal. “Até agora não foi oferecido nenhum tipo de alojamento, o que existe é um arrolamento das famílias que foi feito ontem (27) até as dez da noite, mas não tem até agora nenhuma oferta de um local para as famílias ficarem alojadas”, aponta.
Porém, o major operador do 7º Batalhão da Polícia Militar, Edenilson Accarini, disse que o direito de moradia tinha que ser tratado num processo judicial, e que não era autoridade para decidir isso. Accarini ainda falou que no processo não está incluído o alojamento, por isso, considera o assunto “mais do que esgotado”.
“O problema do alojamento não é da Polícia Militar e também não sei se seria da Prefeitura, porque se a Prefeitura não foi intimada a cumprir essa parte, ela não tem obrigação nenhuma”, salienta o major.
Neste imóvel em que as famílias moravam, antes, funcionava um hotel que estava abandonado há mais de sete anos. Quando ocuparam, no dia 6 de novembro de 2011, o prédio estava sujo, sem esgoto, sem água e sem luz, conforme afirmou a coordenadora da ocupação, Maria do Planalto. “Estamos há 10 meses neste prédio. Se hoje ele tem esgoto, água e luz é porque nós mesmos reformamos tudo”, conta.

Com lágrimas e sem rumo

Com lágrimas nos olhos, os moradores, após uma rápida assembleia, decidiram sair pacificamente do prédio. Coordenadores, advogados e a imprensa participaram também da reunião.
Prédio estava sem função social, mesmo assim, a Justiça resolveu expulsar os moradores. Foto: divulgação
Silmara, ex-moradora do apartamento 132, disse que não tem para onde ir. Estudante de enfermagem da Uniesp, ela estava no prédio desde o início da ocupação, junto com seu cunhado e sua a mãe. “Muitos aqui fazem faculdade e a maioria trabalha. Agora, estamos sem rumo”, lamenta.
Reportagem do sítio Brasil de Fato conversou com vários moradores, e todos afirmaram que não querem nada de graça. “Nós queremos pagar, nós só queremos ter o direito de moradia.”
Ivanildo Mendes, 40, que morava com a esposa e mais dois casais, disse também que irá ficar na rua.
“Eu trabalho de jardineiro, não tenho condições de pagar um aluguel. Nós só queremos ter o direito de moradia”, disse em prantos.
Até o fechamento da matéria, as mais de 90 famílias, incluindo 78 crianças e diversos idosos, ainda estavam na calçada com suas roupas dentro de sacos de lixo. Ninguém da Prefeitura estava presente para comentar o caso.



domingo, 26 de agosto de 2012

Editora Anita Garibaldi lança poema de Maiakovski em homenagem a Lênin


Email do Professor Caio Toledo
 
Colegas,

saudando a publicação livo-poema de Maiakovski, pela editora Anita Garibaldi, seguem dois links que pemitem o acesso ao Requiem de Eisler/Brecht também em homenagem a Lenin.

 
 
 
A Fundação Maurício Grabois, a editora Anita Garibaldi e o Espaço Revista Cult promovem, no próximo dia 5, o lançamento do livro-poema "Vladimir Ilitch Lênin", escrito por Vladimir Maiakovski. O evento acontece a partir das 19h30, no Espaço Revista Cult, em São Paulo.
Durante o lançamento, haverá uma apresentação da obra, que é inédita no Brasil e foi traduzida diretamente do russo. Esse breve debate terá a participação da doutora em Educação, Zoia Prestes, responsável pela tradução do poema; da artista plástica e bacharel em Letras, Mazé Leite, que é autora do projeto gráfico e das ilustrações do livro; e do escritor e doutor em Literatura Comparada, Jeosafá Fernandez Gonçalves.
Na ocasião, a atriz Ana Petta fará a leitura de trechos do poema de Maiakóvski e, em seguida, haverá um coquetel.
O poema Vladimir Ilitch Lênin foi escrito em 1924, ainda sob o impacto da morte do revolucionário russo, em 21 de janeiro daquele ano. A obra é uma ode à Revolução Socialista de Outubro, ao legado de Lênin e ao Partido Comunista russo.
O Espaço Revista Cult fica na Rua Inácio Pereira da Rocha, nº 400, no Bairro dos Pinheiros.
Veja abaixo o release do livro e aqui a apresentação da obra, escrita pelo jornalista e poeta Adalberto Monteiro, presidente da Fundação Maurício Grabois e editor da revista Princípios.
 
Um poema de Maiakovski em homenagem a Lênin

Inédita no Brasil, obra escrita pelo poeta da revolução e traduzida direto do Russo, por Zoia Prestes, presta homenagem a Lênin
A editora Anita Garibaldi e a Fundação Maurício Grabois lançam o livro-poema Vladimir Ilitch Lênin. Escrito por Vladimir Maiakovski, em 1924, ainda sob o impacto da morte de Lênin, falecido em 21 de janeiro daquele ano, esta obra é um canto forte e flamejante, uma ode à Revolução Socialista de Outubro, ao legado de Lênin e ao Partido Comunista russo. Traduzido direto do Russo por Zoia Prestes, a publicação integral deste poema, no Brasil, é inédita. Só alguns trechos já tinham sido traduzidos por E. Carrera Guerra e publicados no livro Maiakovski – antologia poética.
 
Neste poema, o talento de Maiakovski foi forçado ao limite, pois a Rússia soviética era para ele “a musa das musas” e Lenin representava a personificação dessa vitória inaugural dos trabalhadores. Em sua autobiografia, Maiakovski reconhece: “(...) Eu tinha muito medo desse poema, era tão fácil descer a paráfrase política. A receptividade do auditório operário me alegrou e me reforçou a certeza da necessidade do poema”.
 
Para Adalberto Monteiro, jornalista, poeta e presidente da Fundação Maurício Grabois, “Maiakovski talvez fosse o único escritor soviético de sua geração cuja trajetória e singularidades conferiam credenciais suficientes para escrever esta homenagem. Ele usou toda a densa poesia, a cultura política e filosófica, e a condição de quem participou diretamente das barricadas que levaram Outubro à vitória.” Esta edição da Anita Garibaldi é em capa dura e o miolo em papel couchê. O projeto gráfico a diagramação e as ilustrações são da artista plástica e designer Mazé Leite.
 
A tradução
 
Como lembrou Adalberto Monteiro na apresentação desta obra, Maiakovski disse, certa vez, que “traduzir poemas é tarefa difícil, especialmente os meus”. Zoia Prestes concorda com o poeta da revolução e diz que traduzir o poema Vladimir Ilitch Lenin “não foi fácil, mas foi emocionante e um trabalho gratificante.” Esta é sua primeira experiência em traduzir Maiakovski e espera que não seja a última, pois “tenho uma paixão muito grande por sua obra e por sua pessoa. Uma paixão que teve início ainda na adolescência, quando conheci seus poemas e sua biografia.”
 
Zoia Prestes também traduziu a biografia Maiakovski: o Poeta da Revolução (Ed. Record), de Aleksandr Mikhailov. Sobre o trabalho de tradução em geral, Zoia Prestes, que atualmente estuda e traduz a obra de L. S. Vigotski, acrescenta: “De nada adianta a técnica, se o tradutor não assumir o compromisso ético diante do autor da obra original. E esse compromisso não deve anular a tarefa do tradutor, que também cria com base em suas experiências, mas ele deve primordialmente exercer o papel de suporte da alteridade do autor, para que a sua ausência se presentifique no texto traduzido.”
 
Vladimir Maiakovski (1893-1930), além de poeta, era pintor, ator de teatro e cinema, roteirista, publicitário e dramaturgo. Colocou toda a capacidade e diversidade de talentos, como um operário, em prol da construção da nova sociedade. Aderiu ao Partido socialdemocrata (bolchevique) em 1908, com 15 anos de idade, e aos dezesseis ficou preso por 11 meses.
 
Participou diretamente da insurreição, depois da conquista do poder, em 1917, e logo se engajou no Comitê dos artistas. Em 1918, entra para a Rosta, uma agência pioneira de propaganda do Estado operário. Eram os anos da guerra civil, da fome e da intervenção estrangeira. Nessa época, cria mais de 400 cartazes e escreve 1.600 legendas poéticas, um tipo especial de propaganda cujo objetivo era alimentar o ânimo dos soldados do Exército Vermelho. Haroldo de Campos dizia que Maiakovski foi “o maior poeta russo contemporâneo e um dos inventores da poesia moderna”.
 
Zoia Prestes é filha de pais comunistas (Luiz Carlos Prestes e Maria Prestes) e viveu exilada de 1970 a 1985 em Moscou, capital da então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), onde se formou em pedagogia e psicologia pré-escolar pela Universidade Estatal de Pedagogia de Moscou. Na mesma instituição obteve o título de Mestre em Educação e em 2010, obteve o título de Doutora em Educação pela Universidade de Brasília. Tradutora de diversas obras da literatura russa para o português, atualmente, dedica-se à tradução das obras de L. S. Vigotski.
 
Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), desenvolve pesquisas nas áreas da pedagogia e da psicologia, com base na teoria histórico-cultural soviética e russa.
 
Serviço:
 
Poema – Vladimir Ilitch Lenin
 
Vladimir Maiakovski
 
Tradução de Zoia Prestes
 
Capa, projeto gráfico e ilustrações de Mazé Leite
 
234 pp. / 22,5 X 22,5 cm / ISBN: 978-85-7277-109-2 / R$ 80,00
 
Editora Anita Garibaldi
 
Tel.: (11) 3129-3438 / http://www.anitagaribaldi.com.br/

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Prefeitura de SP esconde tempo médio para consulta e exame


Antes tinha, e agora tá pior ainda...

Fui ao Instituto dos Distúrbios do Sono, no HC - uma das panacéias que a mídia tukkkana vive exibindo, para atestar a excelência do complexo PSDB/DEMO/PSD (gangsterismo fascista) em termos de saúde - e para minha surpresa, consultas e exames só a partir de 2013, com sorte se consegue atendimento para o primeiro semestre do próximo ano. Algo semelhante ocorre nos setores de cardiologia, neurologia, nefrologia, etc, etc, etc... Se sobreviver até lá, muito que bem, caso contrário... Isso por que o governador de SP é médico, e o candidato a prefeito dos tukkkanus se anuncia como o "melhor (ex) ministro da saúde de todos os tempos".  


Qual o tempo médio para marcação de uma consulta com um cardiologista na cidade de São Paulo? E qual o tempo médio para o cidadão conseguir fazer uma biópsia? Embora obrigada há seis anos por uma lei municipal a divulgar o tempo médio para marcação de consultas, exames e cirurgias, a Prefeitura esconde os dados.
Por determinação da lei 14.173/06, de autoria do vereador José Police Neto (PSD), aliado do prefeito Gilberto Kassab (PSD), a administração municipal publica dezenas de indicadores sociais relativos à cidade em diversas áreas. A prefeitura, contudo, mantém alguns em segredo.
A gestão Kassab sustenta que os números estão em “processo de análise e consolidação” (ver abaixo). Um técnico da secretaria de Saúde afirmou ao Estado que eles estão prontos para ser publicados. “Agora depende de pressão”.
“Esses dados sobre saúde são tão ou mais importantes do que informações sobre desvio de dinheiro ou corrupção”, afirma Fabiano Angélico, mestre em administração pública e governo pela FGV e especialista em acesso à informação. Segundo ele, os números são importantes porque permitem avaliar melhor a gestão pública e ajudam a assegurar direitos fundamentais do cidadão.
Para ele, os dados deveriam ser publicados a tempo de serem discutidos na eleição. “Inclusive porque são úteis para balizar o voto do eleitor”, afirma. Pesquisas feitas por institutos como o Ibope apontam que a saúde é a principal preocupação do eleitorado na capital paulista.
Há quatro anos a Rede Nossa São Paulo tenta obter os dados na prefeitura. Em 3 de maio, a instituição entrou com um pedido com base na Lei de Acesso à Informação, que entraria em vigor dali a alguns dias. No dia 5 de maio a prefeitura liberou boa parte dos indicadores sociais cuja publicação a lei municipal de 2006 obriga, mas as informações relativas a consultas, exames e cirurgias, consideradas pela Rede como as mais sensíveis, continuam escondidas.
“São as mais importantes porque jogam com a vida das pessoas”, afirma Oded Grajew, idealizador da Nossa São Paulo. “Já se vão seis anos que eles são obrigados a publicar os dados”.
A secretária-executiva do Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Marina Atoji, também critica a falta de publicidade dos dados. “Já deveriam estar disponíveis sem ninguém pedir. É um assunto de interesse público e é importante para o controle da qualidade do serviço público, para acompanhar se houve melhoria ou piora”.

OUTRO LADO
Em nota, a secretaria municipal de Saúde afirma que três dos seis indicadores que a lei a obriga a publicar estão “em processo de análise e consolidação”. “Uma das razões é a alteração da base de dados utilizada para a construção desses indicadores, alteração esta decorrente, sobretudo, da implementação do SIGA-SP”. O Sistema Integrado de Gestão e Assistência à Saúde (SIGA-SP) é o sistema eletrônico que cadastra e disponibiliza – internamente – informações relativas à saúde no município.
A secretaria argumenta ainda que, nos casos de procedimentos mais complexos, como cirurgias, aguarda a chegada de dados oriundos do Estado de São Paulo. “No que se refere à realização dos procedimentos de média e alta complexidade, é necessário também acrescentar os dados fornecidos pela secretaria de Estado da Saúde, que oferece os mesmos procedimentos à população paulistana”.
O órgão não informa quando pretende disponibilizar os números.
A secretaria municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão (Sempla), responsável pela publicação dos dados, afirmou, também em nota, que os indicadores sociais serão “paulatinamente aperfeiçoados”.
A Sempla sustenta também que “em 2009 a Prefeitura de São Paulo transformou a transparência pública em uma política de governo e, desde então, vem ampliando gradativamente os instrumentos para que a população e a sociedade civil organizada possam acompanhar todas as ações realizadas na cidade”.



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Neoliberalismo, um dogma inabalável?



A crise deveria tê-las reduzido a pó, mas as ideias neoliberais são constantemente renovadas, segundo um processo de produção permanente, no seio de verdadeiras fábricas: instituições internacionais, universidades, think tanks. Por Michel Husson
Promover políticas cujos efeitos contraproducentes são comprovados (recessão e precariedade) demonstra uma obstinação dogmática
Em França, muitas centenas de economistas reuniram-se para dizer até que ponto estavam “aterrados” em razão das políticas levadas a cabo na Europa. Diante da crise, as medidas de apoio à atividade depressa foram substituídas por uma austeridade generalizada. Ora esta desencadeia uma espiral recessiva que não pode resolver a questão da dívida, e muito menos do desemprego. Esta vontade cega de voltar ao business as usual vem acompanhada de uma aplicação brutal das receitas neoliberais, que se parece muito a uma terapia de choque.
Podemos falar aqui de dogma, no sentido de que o corpus neoliberal é um conjunto “de ideias mortas que se passeiam ainda entre nós”, como explica John Quiggin num livro notável1. Ele cita cinco, entre as quais a hipótese da “eficiência dos mercados” (os preços determinados pelos mercados financeiros representam a melhor estimativa possível de um investimento) ou a “teoria do escoamento” (trickle down economics) segundo a qual o bem-estar dos “1%” acaba por beneficiar o conjunto da população.
A crise, e o aumento das desigualdades que a precedeu, deveriam ter reduzido a pó estas ideias: mas elas sobrevivem, como testemunham a ausência de medidas significativas de regulação financeira ou de redução das desigualdades. Isto acontece porque o dogma neoliberal é constantemente renovado segundo um processo de produção permanente, no seio de verdadeiras fábricas: instituições internacionais, universidades, think tanks. Estes “aparelhos ideológicos” são ricamente dotados de meios e tendem a marginalizar todo o programa de investigação heterodoxa. A sua legitimidade assenta na ideia de que a economia é uma ciência de leis incontornáveis, tão intangíveis quanto as leis da física. Este cientifismo é o fundamento sobre o qual pode construir-se o crescimento económico.2 Eis porque certos economistas podem sinceramente pensar que são depositários da razão económica. Mas nem todos. Um grupo de economistas3 tomou recentemente posição “sem opção ideológica” a favor de Nicolas Sarkozy, precisando que “nem de direita nem de esquerda, a ciência económica ajuda a deliberar as escolhas [sic]”.
Angela Merkel enunciou de maneira muito clara as “reformas estruturais” que deveriam acompanhar o “pacto do crescimento” proposto por Mário Draghi, presidente do BCE: “os custos salariais não devem ser muito elevados, as barreiras no mercado de trabalho devem ser baixas, para que cada qual possa conseguir um emprego”4 Aqui temos dois artigos essenciais do dogma: o desemprego resulta de um “custo do trabalho” muito elevado e da rigidez do mercado de trabalho. Temos o direito de falar aqui de um dogma, porque esta causalidade nunca foi estabelecida. No entanto, muito se investiu para consegui-lo e a OCDE construiu mesmo toda uma bateria de indicadores com este fim.
Mas o resultado foi um fracasso: apesar dos estudos truncados, dos “consensos” duvidosos e das regras de três abusivas, nenhum resultado sólido pôde ser identificado. O último relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho) consagra um capítulo ao balanço desta literatura e conclui assim: “Os dados empíricos confirmam a conclusão de estudos anteriores: não existe ligação clara entre a legislação protetora do emprego e o nível de emprego”.5
Promover políticas cujos efeitos contraproducentes são comprovados (recessão e precariedade) demonstra uma obstinação dogmática de que Jacques Freyssinet deu a chave: “Quando a situação melhora, isso prova a eficácia das reformas realizadas; quando a situação se degrada, isso prova a necessidade de acelerar o seu ritmo”. 6
Mas o dogma não é simplesmente irracional. Ele funda uma irracionalidade restrita, fornecendo elementos de legitimidade a políticas que procuram preservar os privilégios de uma camada social estreita. Neste sentido, o dogma é um dos instrumentos que permitem reforçar o poder do capital. Mas esta arma ideológica não é suficiente para contornar o grande dilema que a crise fez aparecer: o capitalismo neoliberal já não pode funcionar nas mesmas bases, mas não aceita espontaneamente outras regras de funcionamento. Só um grau suplementar de afundamento na crise e/ou uma pressão social suficiente poderia afastá-lo do dogma neoliberal.
Retirado de Salut et Fraternité, PDF no site hussonet.
Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net
1 John Quiggin, “Zombie Economics. How Dead Ideas Still Walk among Us”, Princeton University Press, 2010.
2 Philip Mirowski, “Plus de chaleur que de lumière”, Economica, 2002.
3 Bertand Belloc et alii, “Économistes, sans parti pris idéologique, nous soutenons Sarkozy”, Le Monde, 3 mai 2012.
4 Les Échos, 26 de abril de 2012.
5 ILO, “Better jobs for a better economy”, World of Work Report, 2012.
6 Jacques Freyssinet, “Trou d’air, récession ou rupture? Continuités et inflexions dans les politiques de l’emploi”, Crónica.



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O reacionário “Agito das Bucetas” (“Pussy Riot”). Tristes bonecas de ventríloquo da Amerika & de suas guerras

Fiz questão de publicar essa postagem. Já pensaram as Agito das Bucetas, digo,  Pussy Riot, fazendo um show de protesto na horrenda Catedral da Nossa Senhora de Aparecida, em Aparecida do Norte-SP, ou em alguma igreja batista do sul dos EUA, ou em alguma sinagoga em Israel, já pensaram???

Do grande blog Redecastrophoto
Paul Craig Roberts



Meu coração está com as três mulheres da banda russa Agito das Bucetas [orig. Pussy Riot] – que foram brutalmente manipuladas e usadas por ONGs pagas por Washington infiltradas na Rússia. A banda Agito das Bucetas foi mandada cometer crime, enviada em missão absolutamente ilegal. O pique das moças é admirável. Mas é triste a facilidade com que se deixaram enganar e manipular.

Washington andava à procura de alguma coisa “popular” que pudesse usar para demonizar o governo russo e, assim, puni-lo pelo “crime” de opor-se à decisão de Washington de destruir a Síria, exatamente como Washington destruiu o Iraque, o Afeganistão e a Líbia; e como Washington ainda planeja destruir o Líbano e o Irã.

Mas ofender e atacar deliberadamente locais de culto e crentes religiosos seria denunciado como crime de ódio nos EUA e nos estados-fantoches dos EUA na Europa e no Canadá e na Grã-Bretanha. Então, a banda Agito das Bucetas violou a lei russa. E os EUA viram, ali, o “fato” de que precisavam.

Antes de as mulheres serem julgadas, o presidente Putin dissera que, em sua opinião, as mulheres não deveriam receber pena severa. Acompanhando a opinião de Putin, o juiz condenou as mulheres – enganadas, manipuladas e usadas por ONGs que vivem do mesmo dinheiro que financia as guerras daAmerika – a dois, não aos sete anos de prisão que a lei russa prevê para o crime de atentado à liberdade de religião e culto.

Banda Pussy Riot
As mulheres da banda não foram torturadas, não passaram por “simulação de afogamento” como procedimento de “interrogatório estimulado”, não foram estupradas, não foram obrigadas a assinar falsas confissões, nem foram entregues a governos ditatoriais “amigos” dos EUA para serem torturadas, dentre outras práticas já consagradas no sistema de “justiça” dos EUA.

Tudo levava a crer que, em alguns meses, Putin encontraria meio legal para libertar aquelas mulheres. Nada disso, é claro, poderia ser usado como propaganda a favor do Império Amerikano. Então, a 5ª Coluna paga por Washington e ativa na Rússia entrou em ação para tornar impossível, para Putin, oferecer alguma espécie de indulto às mulheres do grupo Agito das Bucetas.

Vladimir Putin
A tática de Washington, então, foi organizar manifestações, tumultos, quebrar igrejas, destruir prédios públicos e imagens religiosas na Rússia, de modo que Putin fique impossibilitado, ante a opinião pública russa, de comutar a pena das integrantes do Agito das Bucetas.

O que Washington mais deseja é minar o prestígio popular do governo de Putin e semear a divisão dentro da Rússia. É o mesmo processo pelo qual Washington continua a assassinar quantidades imensas de pessoas pelo mundo, ao mesmo tempo em que, simultaneamente, vai criando fatos como a ação e a prisão das integrantes da banda Agito das Bucetas, que são entregues como pasto onde se delicia a imprensa-empresa mercenária – presstitute, em inglês.

Em todo o ocidente, a imprensa-empresa mercenária prostituída por-se-á a denunciar os crimes de Putin contra a banda Agito das Bucetas, não os crimes de Washington, Londres e dos estados-poodles na União Europeia os quais, esses sim, massacram muçulmanos pelos quatro cantos do planeta, ao som de discursos sobre “democracia”.

A disparidade entre direitos humanos no ocidente e no oriente é espantosa. Por exemplo: quando um dissidente chinês dito “militante da liberdade” procurou asilo em Washington, os chineses “autoritários” não impediram que o homem deixasse a China e viajasse à Amerika: se queria ir... que fosse!

Julian Assange
Mas quando Julian Assange, o qual – absolutamente diferente da mídia-empresa mercenária ocidental – efetivamente trabalha para oferecer informação verdadeira e confiável aos cidadãos, recebe asilo político do Estado do Equador, a ex-Grã, hoje mini, Bretanha, curva-se ante o patrão norte-americano, e recusa o direito de passagem, para que Assange viaje ao Equador.

O governo britânico não se incomoda com violar a lei internacional, porque foi pago para violar a lei internacional! Washington pagou... e o Reino Unido não se envergonhou de converter-se em estado pária! A que ponto chegaram!

Karl Marx ensinou bem que o dinheiro converte tudo em mercadoria, em coisa que se compra e vende: governo, democracia, honra, moralidade, prestígio, a narrativa histórica, a lei. Nada escapa: tudo se compra e vende. Esse traço do capitalismo já alcançou amplíssimo desenvolvimento nos EUA e em todos os estados-poodles que obedecem aos EUA, cujos governos vendem o interesse dos próprios cidadãos, sempre que Washington estala os dedos. Assim, vão enriquecendo, não os estados, nem os cidadãos, mas os governantes, como Tony Blair, comprado por $35 milhões – preço que, para muitos, foi gigantesco desperdício de dinheiro.

Mandar soldados ingleses combater por interesses de Washington e do Império da Amerika em terras distantes, esse é o serviço que políticos europeus corruptos sempre têm a vender e que políticos norte-americanos corruptos sempre estão dispostos a comprar e compram.

Apesar de todos os conceitos, discursos e ritos enunciados, repetidos e encenadosem nome da Democracia Europeia, os povos da Europa e o povo britânico absolutamente nada podem fazer contra o modo como são usados como bucha nos canhões de Washington e morrem pelos interesses de Washington.

Estamos conhecendo nova modalidade de escravidão: sempre que um governo distante alia-se ao governo da Amerika, os cidadãos daquele governo distante passam a ter de servir à Amerika e morrer pela Amerika; são os neoescravos de Washington.

Toda a atenção que a mídia-empresa em todo o mundo trabalhou para atrair na direção da banda Agito das Bucetas – banda obscura, sem nenhum talento conhecido – só serve para comprovar que toda a imprensa-empresa mercenária é a mesma, em todo o planeta e, toda ela, está incorporada numa mesma operação de propaganda dos EUA.

Atenção: a banda Agito das Bucetas NÃO É The Beatles dos anos 1960s. Os jovens que se manifestam a favor da banda nem suspeitam que todos, a banda e eles, estão sendo usados hoje como figurantes em imagens para a televisão. Amanhã ou depois, talvez estejam outra vez na televisão, mas já metidos em sacos de cadáveres, nos quais voltam para casa os soldados de países distantes que morrem nas guerras da Amerika.

Bradley Manning
Há tantas outras questões tão mais importantes, para as quais a imprensa deveria chamar a atenção! Há o caso da detenção ilegal de Bradley Manning, soldado que foi preso e torturado e que continua preso, sem acusação formalizada, pelo governo dos EUA.

Manning já está na prisão, sem condenação e sem culpa formalizada – e em território dos EUA! – há mais tempo do que a sentença a que foram condenadas as mulheres da banda Agito das Bucetas!

Qual o “crime” de Manning? Ninguém sabe. Washington o acusa por ter cumprido o dever, nos termos do Código Militar dos EUA e denunciado um crime de guerra – quando soube que militares norte-americanos haviam assassinado civis, entre os quais dois jornalistas, no Iraque – e por ter “vazado” documentos para WikiLeaks que expuseram ao mundo as mentiras do governo dos EUA.

Quer dizer: Manning é hoje o grande herói dos direitos civis, da liberdade de manifestação e expressão e da democracia no mundo. Por isso, precisamente, aAmerika o deseja preso e torturado, no fundo de uma de suas masmorras.

Julian Assange, de WikiLeaks, acusado de postar na Internet os documentos vazados, está confinado no prédio da Embaixada do Equador em Londres. O regime britânico defensor de direitos humanos, muito estranhamente, se recusa a cumprir a lei internacional e a dar direito de passagem a Assange, que recebeu asilo político e deve viajar ao Equador.

Não há quem trabalhe com leis internacionais e não saiba que o direito de asilo tem precedência sobre outros procedimentos, sobretudo tem precedência sobre golpes, ilegalidades e declarações mentirosas.

Washington armou e financiou terceiros para destruir a Síria e quer fazer o país rachar, dividido entre facções em guerra. Em vez de protestar contra esse ato odioso praticado por Washington, o mundo protesta contra o governo sírio por resistir contra a ameaça de a Síria ser destruída por Washington. Acho que nem George Orwell imaginou que os povos do mundo fossem tão supremamente estúpidos. 

Na Amerika da “liberdade e da democracia”, o presidente Obama recusa-se a obedecer ordem de uma corte federal, que lhe ordenou que cesse de violar direitos Constitucionais, claros, perfeitos, dos cidadãos norte-americanos. Em vez de obedecer, o presidente dos EUA desafia a decisão da Corte e mantêm presos cidadãos norte-americanos, sem julgamento e sem acusação formal. E não se veem movimentos e protestos contra essa ação de tirania. Não. Ao contrário, aAmerika é exibida ao mundo como exemplo de democracia. Por que não se veem manifestações e protestos em todas as ruas dos EUA?