quarta-feira, 30 de junho de 2010

SP tem 6º trajeto mais difícil até o trabalho


Paulista gosta, por isso sempre vota no PSDB


Email da leitora Renata

Constatação é parte de pesquisa da IBM com motoristas de 20 cidades em 5 continentes que opinaram sobre deslocamentos que fazem diariamente

Ana Bizzotto - O Estado de S.Paulo

São Paulo tem o sexto trajeto mais difícil entre a casa e o trabalho, quando comparada a outras 19 cidades dos cinco continentes. A constatação faz parte da pesquisa global IBM Commuter Pain, feita em maio, que ouviu 8.192 motoristas de 18 a 65 anos. Os dados foram compilados em um índice que avalia o custo econômico e emocional dos trajetos.


O estudo reúne informações de grandes metrópoles como Pequim, onde o trajeto apresentou menos obstáculos, e de cidades menores, como Estocolmo, que teve o percurso mais bem avaliado. Na capital paulista, dos 466 motoristas ouvidos, 35% disseram que o trânsito piorou nos últimos três anos, e 26% acham que piorou muito. "Com a economia indo bem, as pessoas querem viajar mais, se mover mais. É preciso tomar medidas urgentes para melhorar o trânsito", diz o diretor de cidades inteligentes da IBM, Pedro Almeida. "Transporte e mobilidade urbana tem de ser prioridade no País, principalmente com a proximidade da Copa 2014."


Sobre os efeitos do trânsito, 73% dos motoristas de São Paulo disseram que ele afeta negativamente a saúde. Desse total, 55% disseram que o estresse aumenta, 37% ficam com raiva, 17% têm problemas respiratórios, 7% sofreram acidentes e 20% tiveram o sono reduzido. O número de dias em que essas pessoas trabalham em casa também foi levantado: 60% trabalham pelo menos um dia por semana em casa.


Soluções. Segundo Almeida, a melhoria de fluidez está relacionada à adoção de tecnologias eficazes nos sistemas de transporte. São medidas como controle inteligente de semáforos, adotado em Curitiba e Cingapura, e cobrança de pedágio urbano por sensores, adotada em Estocolmo e em outras cidades. "O problema não é usar ou não o carro, e sim como tratar a questão. Em um sistema inteligente, a tecnologia ajuda a obter informações para entender e lidar com o padrão de trânsito da cidade."


Para o professor de Transportes da Poli-USP, Jaime Waisman, um sistema de gestão ou pedágio urbano não resolve o problema em São Paulo. "Pedágio penaliza quem não pode pagar. Há muito a fazer na área de engenharia de tráfego, mas a solução não passa pelo automóvel. Nenhum sistema do mundo criará mais espaço. A solução passa por transporte público de qualidade." Para o consultor Horácio Figueira, também contrário ao pedágio, a tecnologia pode ajudar, desde que colocada a serviço do transporte coletivo. "Não fizeram nada para melhorar a circulação de ônibus. Os investimentos em obras viárias (como a nova Marginal e o Rodoanel) deveriam ser direcionados a essa melhoria, à ampliação de corredores exclusivos. Do jeito que está, em um ano voltaremos a ter grandes congestionamentos na Marginal nas horas de pico."


Os dados sobre foram enviados à Secretaria de Transportes. Em nota, a pasta diz que para comentar a pesquisa "precisaria de mais detalhes, bem como informações sobre a metodologia." Segundo a nota, a política da Prefeitura "é a de investir cada vez mais no transporte público da capital", e a SMT "está trabalhando constantemente para oferecer melhores condições de fluidez e segurança para o tráfego".






terça-feira, 29 de junho de 2010

Orgia de pedágios em São Paulo



Dou 18,50 sem tirar...



Radio Agência NP

São Paulo tem mais pedágios que demais estados juntos

Após 12 anos de privatizações, São Paulo possui mais pedágios do que os demais estados brasileiros juntos. De acordo com dados da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, a cada 40 dias um novo posto de pedágio é construído no estado. Nas rodovias estaduais e federais que cortam São Paulo estão instaladas 160 praças para a cobrança da tarifa. No restante do país, são 113 pontos.

Uma reportagem da Agência Estado mostra que é mais barato viajar para outro estado do que internamente. Uma viagem da capital paulista até Catanduva, no interior do estado, custa aproximadamente R$ 46. O mesmo percurso (404 Km) até Curitiba, capital do Paraná, custa R$ 9 até em tarifas de pedágio.

A primeira concessão para a exploração das rodovias paulistas foi feita em 1998. Desde então, foram investidos R$ 12 bilhões em obras de manutenção e infra-estrutura. Junto às melhorias das condições de uso, vieram as altas tarifas. Com o novo reajuste, previsto para entrar em validade nesta semana, uma viagem entre a cidade de São Paulo e o Litoral, que dura menos de uma hora, passará a custar R$ R$ 18,50.



Rede Brasil Atual

Campeão de pedágios, SP reajusta cobrança nesta 5ª


Pedágio entre capital paulista e litoral vai ficar em R$ 18,50. O estado tem 227 praças de cobrança de pedágio


Campeão de pedágios, SP reajusta cobrança nesta 5ª

Motorista passa por 12 pedágios no trajeto entre São Paulo e Presidente Prudente

Os pedágios nas rodovias estaduais de São Paulo serão reajustados a partir de zero hora da quinta-feira (1º/7). O reajuste varia entre 4,18% e 5,22%, dependendo do período de assinatura dos contratos de concessão do governo do estado com as empresas concessionárias.

Rodovias em que os contratos de concessão começaram a vigorar entre 1998 e 2000, o reajuste aplicado será de 4,18%, baseado no Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M). As rodovias com contratos assinados entre 2008 e 2009, como o Rodoanel Mário Covas e o corredor Ayrton Senna-Carvalho Pinto, terão reajuste de 5,22%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Com o reajuste, ir da capital paulista a Santos, cidade litorânea a 80 quilômetros de São Paulo, vai custar R$ 18,50, o pedágio mais caro do estado.

Viajar de carro de Presidente Prudente a São Paulo vai passar de R$ 125,80, ida e volta, para R$ 131,30 e o motorista vai encontrar 24 pedágios ao longo do caminho.

Uma viagem de São Paulo a Bauru, ida e volta, vai passar de R$ 87 para R$ 90,50. O motorista encontra 16 pedágios. De Piracicaba a São Paulo, a viagem de 158 quilômetros ficará em R$ 36,60.

Caminhões e ônibus pagam valor diferenciado, que varia de acordo com o número de eixos.

Na data da correção, o Movimento Estadual contra os Pedágios Abusivos do Estado de São Paulo convoca um dia de luta, com protestos e mobilização.

Campeão


Segundo dados da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), o estado de São Paulo tem mais pedágios que o restante do país. São Paulo tem 160 pontos de pedágio, sem contar as praças de cobrança nos dois sentidos, enquanto todos os outros estados somam 113 pedágios.

Se forem considerados todos os pontos de pedágio no estado de São Paulo, inclusive os que realizam cobrança bidirecional (ida e volta) o número sobe para 227 praças de pedagiamento.

Nos últimos 12 anos, desde que teve início a privatização das rodovias de São Paulo, 112 novos pedágios foram instalados. Isso equivale a uma praça nova a cada 40 dias.




segunda-feira, 28 de junho de 2010

Honduras: há um ano do golpe, persiste a crise


Prensa Latina

Imagen activaUm ano após o golpe de Estado em Honduras a crise política, econômica e social continua, e cresce a convicção de que uma saída ao conflito passa pela convocação de uma Assembleia Constituinte para refundar o país.

Após o Haiti, Honduras é a nação mais atrasada do hemisfério ocidental, com mais de 70 por cento da população na pobreza, fenômeno acentuado na área rural, onde o índice atinge 85 por cento.

Este país, de 7,5 milhões de habitantes, é também um dos com mais desigualdade e apenas 10 poderosas famílias controlam 90 por cento das riquezas.

Quando no dia 28 de junho de 2009, o presidente Manuel Zelaya convocou uma pesquisa para conhecer a opinião da sociedade em torno de futuras reformas constitucionais, militares encapuzados, em aliança com a oligarquia, perpetraram um golpe de Estado.

A lei primigênia da nação, aprovada em 1982 sob a tutela de uma ditadura, não responde aos interesses das maiorias e contém sete artigos pétreos que impedem realizar mudanças com respeito à forma de governo e distribuição dos recursos.

Zelaya responsabilizou pelo golpe uma elite muito voraz que maneja Honduras política e economicamente, e se opõe a qualquer modificação à carta magna que afete seus interesses.

"O golpe foi uma tragédia para Honduras e para a democracia latino-americana", reflexionou o ex-presidente ao recordar o cumprimento do primeiro ano de seu sequestro e desterro na Costa Rica.

O regime de facto encabeçado por Roberto Micheletti, que usurpou o poder, desatou uma brutal repressão contra os opositores, suspendeu as garantias constitucionais e fechou e militarizou meios de comunicação.

Durante os seis meses de ditadura registraram-se cerca de 4.200 violações aos direitos humanos, mais de 40 membros da resistência antigolpista foram assassinados, cinco jovens mortos em marchas pacíficas e houve mais de três mil detenções.

Em uma tentativa de legitimar o golpe, o regime convocou eleições no dia 29 de novembro do ano passado e dois meses depois assumiu o poder Porfirio Lobo, do Partido Nacional.

Mas o governo nascido sob o golpe de Estado é débil, enfrenta uma crescente ingovernabilidade, uma onda de violência sem precedentes e ainda não foi reconhecido por muitos países, sobretudo da América Latina.

Desde a posse de Lobo, as organizações sociais registraram mais de 700 agressões por motivos políticos, entre elas os assassinatos de 12 dirigentes populares e nove jornalistas.

Aqui prevalece o clima de impunidade, os autores do golpe não foram castigados e muitos de seus protagonistas ocupam atualmente postos chaves em instituições civis.

A ruptura institucional fez o país retroceder aos piores anos das ditaduras da segunda metade do século passado, mas também colocou com força um novo ator na vida hondurenha: a Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP).

A FNRP sobreviveu à repressão, aos toques de recolher, ao fustigamento contra seus líderes e realiza marchas em todos os departamentos [estados] para recolher 1,2 milhão de assinaturas para exigir a volta de Zelaya e a convocação uma Assembleia Nacional Constituinte.

"Foi um ano de luta, de protestos e de rejeição ao golpe de Estado e um ano de sofrimento da resistência, mas ao mesmo tempo é o surgimento da unidade popular", disse Juan Barahona, coordenador nacional da FNRP.

A principal bandeira da FNRP é conseguir uma carta magna inclusiva, para o povo, que permita corrigir as enormes desigualdades sociais.

"A luta da Frente é a mesma pela qual Zelaya foi derrocado", afirmou Barahona e acrescentou que o propósito é redigir uma nova constituição para fazer as mudanças políticas, econômicos e sociais que o país precisa e projetar Honduras para o futuro.




A realeza incompreendida de Luiz Gonzaga


Aqui em São Paulo a modinha entre a classe média boçal é o forró universitário. Eles até aceitam elementos da cultura nordestina, desde que seja feito pela elite branca paulistana, pasteurizados pela indústria cultural mambembe do sudeste brasileiro. Olha aí cambada de cretinos, baião, xote, e xaxado, é com o Velho Lua, e não com Falamansa e iguais aberrações.


Pedro Alexandre Sanches - IG

Um dos maiores compositores brasileiros vive certa obscuridade nos grandes centros, mas continua firme na boca do povo nordestino



Foto: Divulgação

Pré-couro: o sanfoneiro no início da carreira

Luiz Gonzaga viveu 76 anos e partiu em 1989, deixando atrás de si um legado monumental, talvez o maior de toda a música brasileira do século passado. Para qualquer um que conheça com profundidade a obra do coautor e intérprete original de "Asa Branca" (1947), a constatação é óbvia – mas curiosamente sua obra não é das mais citadas, conhecidas ou admiradas entre aqueles que costumam se debruçar com seriedade sobre a música popular brasileira.

Gonzagão foi um dos artistas mais populares do Brasil ao longo de quase cinco décadas de atuação profissional, entre 1941 e 1989. Continua onipresente, como atesta o sucesso de seus baiões, xotes e xaxados nas festas juninas pelo país adentro, em pleno 2010. Mas uma cisão inaugurada antes de ele nascer em Exu, no sertão pernambucano, ainda persiste: o Sudeste e o Sul do país não compreendem (ou não demonstram compreender) a grandeza do “rei do baião”. O Brasil dito cosmopolita que admira Antonio Carlos Jobim não consegue, não quer ou não admite admirar Luiz Gonzaga e seu Brasil sertanejo.O jovem sertanejo saíra de casa aos 18 anos para se incorporar ao Exército, fugira em seguida para o Rio e se iniciara como artista profissional abafando a própria origem e tocando tangos, boleros e valsas em prostíbulos da zona do mangue carioca. Após cinco anos como mero instrumentista na gravadora RCA, pôde reincorporar, graças ao sucesso de "Asa Branca", a própria identidade e as vestes de Lampião.A convivência não-pacífica tem raízes históricas tão profundas quanto a dor escondida atrás de forrós gonzaguianos como "Assum Preto "(1950), dos versos “tarvez por iguinorança/ ou mardade das pió/ furaro os óio do assum preto/ pra ele assim, ai, cantá mió”. Gonzagão despontou na era Getúlio Vargas, em meio à Segunda Guerra Mundial e à Política da Boa Vizinhança, pela qual os Estados Unidos nos acostumavam a gostar mais de Frank Sinatra e Hollywood que de nós mesmos. Surgiu na Rádio Nacional do Rio de Janeiro de sanfona em punho, com roupas de vaqueiro, chapéu de cangaceiro e alpercatas de couro – foi asperamente repreendido pelo diretor e por um período teve de associar o acordeon a um sisudo smoking.

Estilizou a música nordestina de sanfona, triângulo e zabumba a partir de "Baião" (1949) e virou herói nacional com uma sequência formidável de sucessos nordestinos: "Juazeiro" (1949), "Qui Nem Jiló" (1950), "Boiadeiro" (1950), "Olha pro Céu" (1951), "Paraíba", "Pau de Arara" (1952), "O Xote das Meninas", "Vozes da Seca" (1953), "Riacho do Navio" (1955), "Forró no Escuro" (1957)...

De rei a brega

Gonzagão se tornou hegemônico no Brasil dos anos 40 e 50, a ponto de virar moda entre meninas de sociedade tomar aula de sanfona, como mostra uma cena do documentário O Homem Que Engarrafava Nuvens, de Lírio Ferreira. Não foi à toa que os militantes da revolução universalista da bossa nova, a partir de 1958, lutaram incansavelmente por extirpar a sanfona da música brasileira. De modo geral, os garotos cultos e educados de Ipanema consideravam de “mau gosto” a arte popular praticada por gente como Gonzaga e Jackson do Pandeiro (ironicamente, o líder natural do movimento era um sertanejo baiano de Juazeiro, João Gilberto).

O confronto era mais que musical, era uma guerra de classes sociais. Ainda hoje, meio século depois, o forró é subliminarmente tratado como um gênero musical das classes subalternas. Carrega multidões às casas nordestinas da periferia paulistana, mas nem por isso encontra espaço nos meios de comunicação do eixo Rio-São Paulo.

Foto: Divulgação

Só sorriso: Gonzagão fez sucesso até o fim da vida

Gonzagão pulou por cima de todo e qualquer obstáculo porque adotou a brasilidade (e, em particular, a nordestinidade) como modo de ser e se expressar. “Lá no meu sertão pro caboclo lê/ tem que aprender outro ABC/ o jota é ji, o ele é lê/ o esse é si, mas o erre tem nome de rê/ até o ipsilon lá é pissilone”, ensinava sua própria língua em "ABC do Sertão" (1953).

Entendido por vezes como um cultuador da ignorância, transformou sua própria falta de educação formal em combustível para campanhas musicais pró-educação, como em "Acordo às Quatro" (1979): “E os menino, digo sempre à Iracema,/ em Santana de Ipanema todos os três vai estudá/ pois eu não quero fio meu anarfabeto/ quero no caminho certo da cartilha de ABC/ eu memo nunca tive essa sorte/ mas eu luto inté a morte mode eles aprendê”.

Os detratores estigmatizaram-no como um entusiasta da ditadura militar, o que de fato ele foi. Mas Gonzagão era bem mais complexo do que a MPB de extração universitária desenvolvida a partir dos anos 60 se dispunha a admitir. Como a média dos brasileiros, era um governista por natureza, desde quando serviu à pátria e a Getúlio Vargas (o que não o impediu de trocar a farda de soldado pelos trajes de cangaceiro, para seguir sua intuição artística).

Em 1959, sob o governo de Juscelino Kubitschek, deu voz à "Marcha da Petrobras": “Brasil, meu Brasil,/ tu vais prosperar, tu vais crescer inda mais com a Petrobrás”. Dois anos depois, em "Alvorada da Paz", celebrou o adversário que sobrepujou JK: “Jânio Quadros, tu és um soldado/ sentinela da democracia/ o Brasil foi por ti libertado/ reação nacional, valentia”.

Católico fervoroso e devoto de Padre Cícero, lançou o hino religioso-ufanista "Rainha do Mundo", em 1964. A letra, que na origem poderia parecer de resistência ao golpe militar, ganharia significado adesista ao ser regravada, já em 1967: “Senhora rainha do mundo/ rogai por nós nesta terra varonil/ agora e na hora de lutar pelo Brasil/ não deixeis que ninguém ponha a mão/ neste auriverde pendão/ (…) olhai e amparai esta terra de liberdade”.

Acossado pela bossa nova, que o jogara a escanteio, tornou-se hostil aos movimentos modernizadores e às palavras de ordem que a MPB universitária encampava. Em 1968, afirmou, num "Canto sem Protesto": “Pode dizer que eu não presto/ que não presta o meu cantar/ meu canto não tem protesto, meu canto é pra alegrar”. No mesmo disco, explicitou o ressentimento contra quem o interpretava como um porta-voz do atraso e advogou um "Nordeste pra Frente", antecipando em dois anos o “pra frente Brasil” de 1970: “Senhor reporte, já que tá me entrevistando/ vá anotando pra botar no seu jorná/ que o meu Nordeste tá mudado/ publique isso pra ficar documentado/ (...) Caruaru tem sua universidade/ Campina Grande tem até televisão/ Jaboatão fabrica jipe à vontade/ Lá de Natar já tá subindo foguetão/ (...) o meu Nordeste desta vez vai dispará”.

Podia até combater a canção de protesto, mas tinha um filho que se consolidava como cantor de protesto. Luiz Gonzaga Jr., o Gonzaguinha, mantinha relação conflituosa com o pai, mas desde 1968 passou a ter presença constante em seus discos. O mesmo LP que trazia "Canto sem Protesto" trazia também "Pobreza por Pobreza", de Gonzaguinha, uma autêntica canção de protesto.

Foto: Agência Estado

Com a sanfona em punho, Luiz Gonzaga se apresenta na década de 1970

À mesma época, uma facção da MPB universitária voltou-se contra a corrente e promoveu um levante de revalorização de Luiz Gonzaga. Ele virou referência crucial para os tropicalistas baianos Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa no período de exílio dos dois primeiros. O patriarca demonstrou gratidão e em 1971 dedicou o disco O Canto Jovem de Luiz Gonzaga à nova geração da MPB, regravando canções de Gil, Caetano e Edu Lobo. Num tapa com luva de pelica a quem o chapava como reacionário e direitista, gravou também "Fica Mal com Deus", do ícone das esquerdas Geraldo Vandré. Mais: quando se deu a anistia, colocou num compacto de 1980 uma versão em tempo de ópera sertaneja do hino antiditadura "Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores" (1968), que levou Vandré à glória, ao ostracismo e à mudez.

Em 1981, pai e filho se uniram no show "A Vida do Viajante", e Gonzaguinha proferiu um discurso revoltado em defesa de Gonzagão, como está registrado no disco ao vivo: “Este show coloca para fora pelo menos um pouco da história de um dos maiores artistas que se tem conhecimento neste país. Essa pessoa é o artista talvez mais popular deste país. No entanto, é uma das pessoas mais marginalizadas através dos tempos, que foi afastada em determinado tempo de determinados horários e que não teve a possibilidade de pisar em determinados palcos ditos mais sadios”.

Discriminado, mas sempre com sucesso

À parte o esforço tropicalista e a adesão constante de artistas como Clara Nunes, Fagner, Belchior, Elba Ramalho, Milton Nascimento, Baby Consuelo, Alceu Valença, Fafá de Belém e Quinteto Violado, Gonzagão cumpriu os últimos anos de vida apartado como sempre dos circuitos mais, digamos, cultos. Continuou apresentando sucessos um atrás do outro ao grande público, em palcos bem mais “sadios” do que seu filho se dispunha a reconhecer. A bossa nova jamais se reconciliou com Gonzagão, mas o Brasil profundo nunca parou de cantar "Ovo de Codorna" (1971), "O Fole Roncou" (1973), "Capim Novo" (1976), "Viola de Penedo" (1978), "Forró No 1" (1985), "Forró de Cabo a Rabo" (1986), "Nem Se Despediu de Mim" (1987). "Pagode Russo", de 1984, foi a música mais tocada nas festas juninas de 2009.

O que ele pensava sobre segregação, desprezo, preconceito e discriminação ficará para sempre registrado como alegoria no forró "O Jumento É Nosso Irmão", de 1968, retomado em 1976 como "Apologia ao Jumento", com o seguinte discurso de protesto: “O jumento é nosso irmão, quer queira ou quer não. O jumento sempre foi o maior desenvolvimentista do sertão. Ajudou o homem na lida diária. Ajudou o Brasil a se desenvolver. Arrastou lenha, madeira, pedra, cal, cimento, tijolo, telha. Fez açude, estrada de rodagem, carregou água pra casa do homem, fez a feira e serviu de montaria. O jumento é nosso irmão, e o homem, em retribuição, o que é que lhe dá? Castigo, pancada, Pau nas perna, pau no lombo, pau no pescoço, pau na cara, nas oreia. Jumento é bom, homem é mau”.

Sudeste versus Nordeste, ricos contra pobres, bossa nova versus forró, Jobim contra Gonzagão ou o que quer que seja, o Brasil que não se vê e não se reconhece em si próprio é o Brasil que segue rejeitando Luiz Gonzaga.



domingo, 27 de junho de 2010

Boicote a Rede Globo continua hoje; Hei, Galvão...


Só pra lembrar


Porfirio Lobo qualifica como "empurrãozinho" o Golpe de Estado em Honduras, e acusa Zelaya de "abuso" de poder


Lobo dijo que Zelaya buscaba perpetuarse en el poder.
Porfirio Lobo, a menina dos olhos do PIG



Para Lobo el derrocamiento de Zelaya fue un ''empujoncito'', un ''golpecito'' y no fue fortuito, sino que en el país había ya un clima de ''confrontación''. Se mostró convencido de que la verdadera intención de Zelaya era perpetuarse en el poder.

El presidente de Honduras, Porfirio Lobo, calificó el golpe de Estado contra el ex presidente constitucional Manuel Zelaya, como un "empujoncito" y aseguró que nadie lo convencerá de que la verdadera intención del derrocado gobernante era perpetuarse en el poder, algo que calificó como un "abuso" de autoridad.

"Puede ser un empujoncito, o golpecito como le llamen pero ahí hubo una ruptura de alguna forma de lo que pudo, de lo que la democracia debería tener como seguro", dijo Lobo en una entrevista exclusiva concedida a la enviada especial de teleSUR, Madelein García.

Al ser cuestionado sobre la posibilidad de que la Comisión de la Verdad, recién conformada el mayo pasado, concluya que sí hubo una ruptura del orden constitucional aquel 28 de junio de 2009, Porfirio Lobo explicó que lo más importante no es determinar si hubo o no un golpe de Estado, sino evaluar los aspectos previos que desencadenaron la crisis que concluyó con la instalación por siete meses de un gobierno de facto, porque "no surge de la nada" .

"Ahí el tema no es la discusión de si es un golpe o no es un golpe es más un tema de conceptos y como le digo, es un tema que genera a veces muchas confrontaciones porque yo dije que era un golpe aquí y se vino el mundo encima, a mi no me importa pues, aquí el problema es: sea lo que sea la crisis no surge de la nada", dijo e insistió en que Zelaya quería prolongar su mandato y que "abusó al extremo" de su poder.

"La verdad es que el amigo de atrás, el amigo Zelaya abusó del poder, abusó al extremo, y yo le garantizo a Ud. que él se quería quedar, y no hay nada que me lo saque de la cabeza", declaró.

Para el dignatario centroamericano, la verdadera importancia del informe de la Comisión de la Verdad es que será una "narración de los hechos" antes, durante y después del 28 de junio, y que hará las recomendaciones para que "lo que pasó el 28 no se vuelva a repetir".

"Entonces la Comisión de la Verdad es importante porque va a narrar los hechos antes del 28, el 28, después del 28, y la Comisión nos va a decir: mire consideramos que estas reformas deben de hacerse para garantizar que lo que pasó el 28 no se vuelva a repetir.

La madrugada del 28 de junio de 2009, un comando de militares encapuchados irrumpieron en la vivienda de Zelaya, lo secuestraron y trasladaron en un avión a la vecina Costa Rica, a donde llegó sin nada más que su ropa de cama.

Porfirio Lobo se mostró en desacuerdo con lo que le sucedió a Zelaya y las con las sanciones internacionales originadas del golpe, pues con ellas han pagado los inocentes.

"No estoy de acuerdo, ni con Zelaya, ni con lo que le pasó a Zelaya, como con nadie, yo creo que nadie aquí, quizás, algunas excepciones que tenemos pudieran desear que sucediera lo que pasó. ¿Y sabe por qué?. Porque de estas crisis el que paga es el que es totalmente inocente. No es a Pepe Lobo a quien tienen bloqueado, yo soy el presidente de Honduras, al que bloquean es a un pueblo que no tiene ninguna responsabilidad de las crisis políticas", opinó.

Además negó rotundamente que su administración sea ilegítima. "Ahora, que se diga que este Gobierno es ilegítimo, que surge de un golpe de Estado, eso no es cierto, no es correcto y están equivocados. Este Gobierno surge de la voluntad del pueblo hondureño expresado en las urnas tal como lo señala nuestra Constitución y las leyes".

Zelaya puede volver en libertad

Porfirio Lobo aseguró en entrevista exclusiva a teleSUR que el ex presidente Manuel Zelaya tiene plena libertad de llegar a Honduras "y nada le va a pasar. Es más, para ponerle fin a todo este debate, yo voy allá, lo traigo, entra conmigo bajo mi responsabilidad y nadie lo va a detener y va ser escuchado en libertad", declaró Lobo.

Ante la interrogante sobre qué le venía a la mente cuando escuchaba la fecha 28 de junio de 2009, el actual mandatario, juramentado en enero pasado, admitió que "lo que puedo recordar es que ha empezado un calvario para el pueblo hondureño".


500 prisões nos protestos contra o G20


Dispositivo policial em Toronto mobilizou 19 mil polícias e custou mil milhões de dólares. Polícia carregou sobre manifestantes pacíficos. Merkel diz que países vão reduzir a metade os défices até 2013.
Manifestação em Toronto. Foto de iwasaround, FlickR
Manifestação em Toronto. Foto de iwasaround, FlickR

Milhares de manifestantes dos movimentos sociais foram violentamente reprimidos pela polícia a poucos quarteirões do lugar onde se reunia a cimeira do G20 – os vinte países mais ricos do planeta – no centro da cidade de Toronto, Canadá.

A polícia afirma que só agiu em resposta aos ataques violentos de manifestantes do chamado Black Block, mas Bill Blair, o chefe da polícia, reconheceu que as forças policiais tiveram de controlar os quase dez mil manifestantes. Um vídeo mostra que a polícia usou bastões e sprays de pimenta para afastar manifestantes que estavam sentados no chão.

Entre os detidos estava um jornalista colaborador do diário britânico Guardian, Jesse Rosenfeld.

Os protestos foram organizados por sindicatos e movimentos sociais em protesto contra as medidas adoptadas na cimeira, que “só favorecem os ricos”.

Apesar das promessas de redução dos défices e de austeridade por parte dos governos, não faltou dinheiro para montar o dispositivo de segurança em tono da cimeira. O Canadá gastou mil milhões de dólares canadianos e mobilizou 19 mil polícias para a segurança do evento.

Merkel: redução de défice para metade

Ainda antes da conclusão da cimeira, a chanceler Angela Merkel disse que os países do G20 vão cortar o défice pela metade até 2013. "Isto constará do documento final", afirmou à imprensa a chefe do governo alemão.

Os Estados Unidos e os chamados países emergentes defenderam a manutenção de certas medidas de estímulo, enquanto a Europa considerava que é momento da austeridade fiscal. As declarações de Merkel apontam para uma possível fórmula intermediária.

Criado em 1999, o G20 integra os sete países mais industrializados do mundo (Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França, Itália, Japão, Alemanha), as economias emergentes (Argentina, Austrália, Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia) e a União Europeia.



sábado, 26 de junho de 2010

Mostra resgata clássicos do cinema egípcio

Brasil de Fato

Realizada pelo Icarabe, a 4ª Mostra de Cinema Imagens do Oriente 2010 tem nove produções em diferentes salas de São Paulo

O Instituto da Cultura Árabe (Icarabe) realiza em São Paulo (SP), entre 25 de junho e 11 de julho, a 4ª Mostra de Cinema Imagens do Oriente 2010 - Clássicos do Cinema Egípcio.

A mostra reúne nove produções de 1948 até a década de 1970, que serão exibidas no CineSesc, Galeria Olido e Cinemateca Brasileira. A programação inclui ainda um encontro com o crítico de cinema egípcio Essam Zakarea.

Além de celebrar os 130 anos da imigração árabe para o Brasil, a iniciativa pretende revelar a história do cinema árabe por meio desses clássicos, realizados durante o que pode ser considerado seu principal período – os anos 1960 estendidos.

O Egito foi pioneiro na filmografia em língua árabe, permanecendo, desde o seu nascimento por volta de 1925 até a década de 1960, como fonte da maior parte das produções exibidas em toda a região.

O evento ocorre em parceria com a Secretaria de Cultura do Município de São Paulo, o Serviço Social do Comércio (Sesc-SP) e o Centro de Estudos Árabes da Universidade de São Paulo, além do Ministério da Cultura da República Árabe do Egito e o Consulado do Egito no Rio de Janeiro. A mostra também conta com o apoio da Cinemateca Brasileira, Embaixada do Brasil no Egito, Imprensa Oficial, Fundação Caipirinha e a ArteEast de Nova Iorque.


Página oficial da Mostra na internet: http://imo2010.icarabe.org.


Serviço:


4ª Mostra de Cinema Imagens do Oriente 2010 - Clássicos do Cinema Egípcio


Locais e datas:

CineSesc (25/06 a 01/07), Galeria Olido (25/06 a 01/07) e Cinemateca Brasileira (02/07 a 11/07)


Ingressos:


Galeria Olido (Av. São João, 473 - Centro) - R$ 1,00 [inteira] e R$ 0,50 [meia]


CineSesc (Rua Augusta, 2.075 - Cerqueira César) - R$ 8,00 [inteira] • R$ 4,00 [usuário matriculado no Sesc e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante] • R$ 2,00 [trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes]


Cinemateca Brasileira (Largo Sen. Raul Cardoso, 207 - Vila Clementino) - R$ 8,00 [inteira] • R$ 4,00 [meia-entrada] Atenção: estudantes do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas têm direito à entrada gratuita mediante a apresentação da carteirinha.