segunda-feira, 14 de junho de 2010

Seleção de guerreiros, não de craques


Os guerreiros de Dunga

Por que será que todos os comerciais sobre a seleção só falam em garra, futebol força, "time de guerreiros". Acaso somos o Uruguai, a Irlanda, a Nova Zelândia? Até o Pelé anda falando em futebol de resultados. Não somos o país do futebol, o maior celeiro de craques do mundo? Não somos a pátria de Garrincha, Tostão, Rivelino, Ademir da Guia, Zico, Nilton Santos, Canhoteiro, etc, etc, etc... Temos cinco títulos mundiais, dentre os cinco melhores jogadores de todos os tempos, pelo dois são brasileiros. Em se tratando de futebol, não devemos nada a ninguém, podemos até nos gabar. Então por que essa história de ganhar a todo custo, jogando feio, de meio a zero?

A seleção brasileira tem obrigação de ganhar dando espetáculo, temos material humano para isso. Caso tivéssemos entre-safras de craques, como a Itália, que demora anos para revelar jogadores criativos, vá lá. Mas não temos esse problema, só esse ano dois artistas da bola apareceram por aqui, Neymar a Ganso. Ano que vem pelo menos mais um aparece, e assim por diante.

É um acinte seleções como a brasileira adotar mentalidade de time pequeno e botinudo, como vemos nesse time do Dunga. O treinador brasileiro presta um des-serviço ao futebol brasileiro e mundial, essa filosofia de vitória a qualquer custo só interessa aos barões do negócio-futebol, e a alguns jogadores mercenários e perna de pau. Repito, a seleção brasileira tem obrigação de ganhar dando espetáculo, ou perder nas mesmas circunstâncias. Êxito a qualquer custo só interessa aos patrocinadores, o povo quer ver show, eu quero ver show de bola.


Um comentário:

  1. Foi-se o tempo em que podíamos contar com shows de bola da Seleção Brasileira. Eu tinha 5 anos em 1970, mas tenho vívidas as lembranças do que aquela Copa representou (não só negativamente, em relação à Ditadura) na memória afetiva de todos nós que crescemos sob a égide do "Futebol-Arte" engendrado por craques como Pelé, Tostão, Rivelino, entre outros. A impressão que tenho hoje do futebol é o de uma grande negociata, que começa nos nossos quintais, onde temos embates que parecem jogos de comadres, até chegar nos palcos internacionais, onde jogadores viraram "commodities". Olheiros percorrem o mundo (de preferência o terceiro mundo - ainda se diz "terceiro mundo"?) atrás de 'promessas' futebolísticas, talentos que possam engordar os bancos de apostas mundiais que se tornaram as equipes (ou seriam empresas) de futebol mundo afora.
    Não vou repetir a ladainha da hiper-valorização do "craque do momento" em detrimento do jogo coletivo - isso já foi por demais debatido (embora infrutiferamente, receio). Mas quem não acreditar que futebol é business basta olhar para as camisas dos jogadores, que viraram balcão de anúncios de marcas patrocinadoras. Ou, exemplo mais interessante ainda: multinacionais como MacDonald's e Coca-Cola, que são "patrocinadores oficiais" da Copa e fazem campanhas regionais (a do hexa no Brasil, provaveemente a do terta ou do bi para os países que se encontram nessa batalha) - o comercial da Coca para o Brasil é um exemplo.
    Dá para imaginar um atleta que come um Big Mac e toma Coca-Cola? E esses caras patrocinam o maior evento esportivo do planeta? OK, dinheiro é dinheiro e é isso - e não o futebol - que importa.
    Em tempo: antes que me espinafrem por uma opinião relativamente rasa (escrevo no trabalho, sem muito tempo para elaborar) sobre a copa, quero dizer que, de fato, entendo quase nada de futebol e, menos ainda, de economia de mercado. Mas gosto da Copa do Mundo, do capacidade de amalgamento de emoções coletivas que ela proporciona - para o bem e para o mal -, e da alegria de poder sentar-se junto com os amigos e torcer por uma vitória - de preferência, com arte e talento que nos dêem o espetáculo, a beleza de jogadas que compensem até mesmo a eventual derrota (vá de retro!).
    É isso.

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