Estreou ontem em São Paulo o filme alemão O grupo Baader Meinhof, esta produção segue a esteira do revisionismo conservador que vem sendo realizado pelo cinema alemão, vide os filmes Adeus Lenin e A Vida dos Outros, obras que ressaltam apenas os aspectos negativos da Alemanha Oriental socialista. Para quem quiser saber o porquê deste revisionismo recomendo acompanhar os artigos de Flávio Aguiar, colunista da Carta Maior que se encontra na Alemanha. É inconteste o crescimento da esquerda neste país, talvez por isso a direita esteja tentando recontar a História com tanto afinco. Mas voltando ao filme em questão, O Grupo Baader Meinhoff mostra guerrilheiros com uma roupagem fashion, os atores fazem o tipo rostinhos bonitos, a primeira vista se chega a simpatizar com os jovens revolucionários alemães. Mas ao longo da trama se vai notando que estes jovens são cruéis e inconsequentes, espalham o caos e a violência, e ao final tem o castigo merecido, por serem maus meninos. O filme de Uli Edel não faz uma contextualização satisfatória do período histórico em que se dão os fatos narrados na trama, não faz menção alguma sobre os princípios teóricos que norteavam os guerrilheiros. Não se sabe ao certo pelo que estão lutando os militantes da RAF (
O Grupo Baader Meinhof
Der Baader Meinhof KomplexAlemanha, 2008 - 150 min
Drama
Direção:
Uli EdelRoteiro:
Uli Edel, Bernd Eichinger, Stefan Aust (livro)Elenco:
Martina Gedeck, Moritz Bleibtreu, Johanna Wokalek, Nadja Uhl, Jan Josef Liefers, Stipe Erceg, Niels-Bruno Schmidt3 ovos! |
Crítica: O Grupo Baader Meinhof
Filme alemão romantiza - e por vezes questiona - a história da famosa guerrilha
É sintomático o fato de Baader-Meinhof ser lembrado por muitos hoje como o nome de um blues da Legião Urbana. Em tempos de capitalismo autodestrutivo como o atual, ver um filme sobre a utopia idealista de uma guerrilha de esquerda dos anos 60 e 70 é como visitar uma ficção, daquelas em que autofalantes entoam no meio da rua canções de protesto.
Há, sim, uma variedade considerável de romantizações em O Grupo Baader Meinhof (Der Baader Meinhof Komplex, 2008), mas a história em essência é verídica. Assim como no filme, ela começa oficialmente quando o xá do Irã visita Berlim ocidental em junho de 1967, e um grupo de estudantes, protestando contra violações dos direitos humanos no país árabe, é recebido pela polícia e pela claque do xá com violência desmedida.
Soma-se aí a aversão ao imperialismo dos EUA, em plena ebulição da Guerra do Vietnã, e a onda estudantil dos movimentos europeus de 1968, e temos o ambiente ideal para a criação da Facção Exército Vermelho (a RAF), liderada por Andreas Baader (Moritz Bleibtreu). Com a adesão da jornalista Ulrike Meinhof (Martina Gedeck, de A Vida dos Outros), a RAF alicerça seus dois pilares: o da teoria, Ulrike, e o da ação, Baader.
A princípio, o diretor Uli Edel se deixa levar pelo encanto do movimento. Cada discurso inflamado de Ulrike vem acompanhado de temas clássicos do período - Janis Joplin, Jimi Hendrix - e da glamourização da clandestinidade, com Gudrun (Johanna Wokalek), a mulher de Baader, banhando-se nua na frente de um novato. A cena em que Baader, na estrada, ensina o mesmo novato a descarregar seu revólver sem direção é o ápice da transformação dos guerrilheiros em rockstars.
Aos poucos, porém, o grupo é chamado a não apenas responder pelos seus atos, como também a definir um norte. No começo dos anos 70 não era difícil ver movimentos de esquerda assumir para si a defesa de causas as mais variadas - palestinos, panteras negras, tupamaros, todos citados em algum momento de O Grupo Baader Meinhof - mas o fato é que a RAF tinha dificuldade até em defender sua própria integridade. Com os atentados, mortes e prisões começam a acontecer.
Edel trabalha numa linha historiográfica o tempo inteiro - jogando em cascata informações e mais informações, em off e em reconstituições de ações de guerrilha - mas o filme só começa a ficar interessante de verdade (pelo menos para quem, hoje, não se contenta com a nostalgia) quando percebemos o abismo que há entre Ulrike e Baader, entre a teoria e a prática. Cena emblemática: as alemãs nuas tomando sol, para estupefação dos milicianos árabes, em pleno campo de treinamento na Jordânia.
Todo o terço final do filme - que cobre a longa e exaustiva prisão e o consequente julgamento dos cabeças da RAF - serve para discutir a validade do grupo, e, mais importante, discutir o que significa impor, ao imaginário popular, a figura do guerrilheiro como um semideus. Em alemão, "komplex" pode significar tanto "grupo" quanto "questão". É ambíguo, portanto, o título original - e o filme se sai bem sempre que trata o grupo Baader-Meinhof como uma questão.
Caro Capacete,
ResponderExcluirLeia no blog Terra Goyazes: A missão da Blogosfera!
http://terragoyazes.zip.net
Alberto
Olá, Caro Cappacete!
ResponderExcluirBom dia!
Notei que o meu blog está linkado ao seu (grato pela consideração) e gostaria, se possível, de um favor seu: volte à área de adição de link e marque apenas a caixinha que deixa o ícone do endereço visível. É que o meu blog não está atualizando para os leitores, embora em tenha postado com certa frequência. (note que a última postagem está datada de 6 meses atrás. Isso é falso).
Obrigado, Caro Cumpadi!
ps. Saberia como resolver o problema da não-atualização do meu blog?
Tambem, 92% dos alemães orientais preferem o comunismo.
ResponderExcluirHaja filmes contra!
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=28121