terça-feira, 25 de maio de 2010

Grupo de Rap Racionais MC´s abandona discurso de protesto em seu novo disco


1990

Lembro-me da primeira vez que ouvi "Um Homem na Estrada", quase fui as lágrimas, era realidade demais numa música só. Os Racionais MC´s chamaram a atenção de todo o país para a dura realidade das periferias paulistanas, colocaram no mapa bairros como Capão Redondo, Jardim Ângela e Parque Santo Antonio. A região sul de São Paulo nunca mais foi a mesma depois dos Racionais. Sei que Mano Brow e seus parceiros já fizeram muito por sua área, mas muita coisa ainda está por se fazer, problemas denunciados no disco Holocausto Urbano, de 1990, continuam atuais. A polícia continua matando, gerações são perdidas para as drogas, para o crime. O tratamento dispensado pela sociedade a periferia só tem piorado. O racismo continua muito vivo, e se atualiza. Há muito o que fazer, e a periferia tem poucos intelectuais orgânicos em atuação. Discordo da atitude dos Racionais, este argumento de que "somos homens de 40 anos" parece aquele raciocínio do Roberto Campos (Bob Fields), que dizia que quem continuava comunista depois dos quarenta "não tinha cérebro". Espero que os Racionais mudem de idéia.


Ultimo Segundo

Racionais MC's quer ser livre

Querendo fugir do “partido” do rap, grupo prepara novo disco sem compromisso com o social

Lá se vão oito anos desde Nada Como Um Dia Após o Outro Dia. O último álbum de estúdio do Racionais MC’s saiu faz quase uma década e essa longa espera está prestes a terminar. O grupo de rap mais influente do país está em estúdio terminando de gravar os vocais para o disco que deve ganhar a luz do dia até o final do ano. “Muita gente cobra. Nós mesmos não aguentamos mais”, revela KL Jay, DJ do quarteto. E sabe aquela história de que o som da banda encabeçada por Mano Brown deixou de ser engajado e enveredou por um caminho diferente? É verdade.

Foto: Divulgação

O Racionais MC's em foto de arquivo: Mano Brown, KL Jay, Ice Blue e Edy Rock

Em entrevista ao iG, KL Jay confirmou que o Racionais está em outra era, um mundo de “homens de 40 anos”, mais maduros, preocupados em fazer música, e só. Uma prova disso é a dançante “Mulher Elétrica”, que rompe com o paradigma que o grupo havia estabelecido para o hip hop nacional, de um gênero engajado, porta-voz da periferia. A letra é romântica, quase um hino à beleza e encanto das mulheres, sem qualquer conotação degradante, tão comum nas paradas norte-americanas. Quando apareceu na Internet, há dois anos, a música sofreu preconceito por parte do público, que não sabia como reagir à mudança de rumo. Medo, talvez, de que seu ícone da resistência fosse entregar as armas. Afinal de contas, o Racionais vai virar pop, como dizem por aí?

“Devem estar com a mente travada, ficaram com aquele Racionais de 10 anos atrás na cabeça. Você passa para outro estágio, não conseguem entender onde você está e rotulam de pop, comercial”, responde KL Jay. “A gente faz e quer fazer música boa, não interessa se é pop, underground, comercial, gansgta... Tem música boa e ruim em todo lugar. Você não pode ficar preso nos rótulos. Dizem que a Rihanna é pop. Eu amo a Rihanna! Pra mim, é um puta som. Eu não sou pelo rótulo, sou pela qualidade.”

A cobrança por essa postura do passado é reflexo de uma ideologia que o próprio Racionais ajudou a criar, mas que foi radicalizada ao longo dos anos, inclusive perante a opinião pública. “A maioria não encara o rap como música: encara como partido político, lance social, de protesto. O Racionais não pode ficar preso nisso, meu. Tem que ser livre. O rap é música, antes de qualquer coisa. E música não tem fronteira”, sentencia o DJ. “A gente está fazendo música que vem da alma, de coisas que a gente viu, vê, e vive. ‘Mulher Elétrica’, por exemplo, é um puta som. É só você ouvir a música, a produção, a rima, a ideia. E os caras falam que a música é comercial, que o Racionais se corrompeu... Pelo amor de Deus.”

Nada de arrastar multidões

Querendo ou não, o Racionais é farol no cenário nacional e, influente, dita tendências sempre que libera um trabalho novo. Essa responsabilidade, no entanto, parece não passar pela cabeça do quarteto na hora de compor. O objetivo, KL Jay insiste, é não dever nada para ninguém e, desse jeito, poder falar o que quiser.

Foto: Eduardo RibasAmpliar

KL Jay: "A maioria não encara o rap como música; encara como partido político"

“Não podemos ter essa preocupação [com a responsabilidade] porque temos que ser livres. A gente não quer ficar arrastando multidões, embora isso aconteça. Acho que é muito mais uma questão de querer ser livre, de fazer o que você quer e quebrar barreiras. Podia ser como lá fora, pelo menos uma parte, porque lá os caras não têm de medo de falar de mulher, sexo, drogas, armas, de tudo. Por isso que é forte demais, e eles fazem shows no mundo inteiro. É liberdade de expressão mesmo.”

A cargo de Brown e Edy Rock, as letras do disco, segundo KL Jay, só ficam melhores – “eles estão muito na frente, talvez por isso sejam mal compreendidos”. Boa parte das bases já está gravada e segue um padrão de produção que, ao mesmo tempo em que é mundial, tem espírito brasileiro. O DJ tenta explicar: “É um tribal, um tambor que você não ouve, mas sabe que está lá na música. Uma coisa do Brasil mesmo, do samba com o candomblé com a batida do rap, misturados. É um som minimalista, agressivo, dançante, mas com sentimento também”. Wilian Magalhães, filho de Oberdan Magalhães, da Banda Black Rio, participa do time de produtores. Isso quer dizer esse disco pode ser mais dançante do que os outros? “Ele está muito funk anos 1970, BPM mais rápido. Funkão monstro.”

Tanto tempo sem lançar um álbum deixou o grupo com um repertório “monstro” também: até agora, são mais ou menos 30 músicas prontas. Mas, ao contrário de Nada Como Um Dia Após o Outro Dia, nem tudo não vai ser lançado na mesma época. “Comercialmente é difícil lançar um disco duplo. Fica mais caro, mais difícil de vender e somos os donos da gravadora [Cosa Nostra]. Estamos pensando em lançar discos mais rápido, talvez um agora com 10 faixas e outro no ano que vem com mais 10.” Se até o Racionais está preocupado com a indústria fonográfica, alguma coisa de fato está prestes a acontecer. Difícil vai ser segurar a ansiedade.

* Com colaboração de Eduardo Ribas


9 comentários:

  1. É difícil continuar mantendo os princípios e os ideais quando se entra de sola nas pantomima$ da sociedade.

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  2. os caras são uns bostas´como é que vc começa um movimento falando de policia´favela´e agora vem com essa de partido rap vcs são uns comedia fila da puta

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  3. EI MANO PRA VC Q FEZ O COMENTARIO NODIA 18 DE OUTUBRO DE 2010 AS 08:21 AE MANO FILA DA PUTA E VOCE QUERENDO TOMAR SATISFACAO FAZ OUTRO COMENTARIO AI SEU PAGAPAU

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  4. eles tem que continuar como eram .e noissssssssss

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  5. O tempo passou e as coisas mudaram, assim como o próprio movimento hip hop... É impossível os racionais não absorverem isto em seu trabalho. Mas é fato que está mudança mexa com a cabeça de muitos fãs, principalmente porque este grupo sempre foi referência. Concluíndo, quero dizer que sempre curti o som dos caras e eles fizeram parte da minha adolescência.

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  6. Os racionais eram demais...

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  7. os racionais mesmo´mudando de estilos vao continuar sendo os melhoris raps do brasil;e nao vai ser nem um CU que vai tentar mudar isso.engoli essa filho da puta.ass:helaine carvalho;suelma silva e layane dos santos.

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  8. nos maranhenses:caxienses e presidutenses amamos os racionais do fundo do coracao;e gostariamos que um dia eles soubesem disso.amo vcs.SOU 100% VIDA LÔKA!!!!!!!!!!.ass:helaine carvalho;suelma silva;layane dos santos!!!!!
    so pra contrariar:acharam que eles estavam derrotados;quem achou estavam errados eles voutaram estão aqui;se liga só;esculti ai;alcontrario do que vcs queriam RACIONAIS estão na correria;são guerreiros e não pagam pra vacilar;são vasos ruins de quebrar!!!!!!

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