segunda-feira, 24 de maio de 2010

Palma de Ouro em Cannes vai para cineasta tailandês



Charlotte Gainsbourg entrega a Palma de Ouro a Apichatpong Weerasethakul























O júri do 63º Festival de Cannes, presidido por Tim Burton e com um cineasta amante do cinema ao seu lado como o espanhol Victor Erice, mais o italiano Alberto Barbera, diretor do Museu Nacional de Cinema em Turin, e o ator americano-portoriquenho Benicio del Toro, agiu com audácia. Deu a Palma de Ouro para o cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul e seu filme sobre espíritos LUNG BOONMEE RALUEK CHAT/ TIO BOONMEE QUE SE LEMBRA DE SUAS VIDAS PASSADAS. A notícia foi recebida com satisfação pela imprensa. Apichatpong disse esperar que o prêmio sirva para acalmar os ânimos em seu país à beira de uma sangrenta guerra civil.

TIO BOONMEE... é um filme de maturidade na jovem carreira de Apichatpong, sempre acompanhado pelas seleções da Mostra. Para fazer esta fábula inspirada no budismo, sobre reencarnações e vidas passadas, o cineasta contou com a ajuda de produtores da Inglaterra (Simon Field, ex-diretor do Festival de Roterdã), Espanha (Luis Miñaro), Alemanha (Michael Weber) e França (Joslyn Barnes, Danny Glover).

O Grande Prêmio do Júri foi para o francês DES HOMMES ET DES DIEUX/ SOBRE HOMENS E DEUSES, de Xavier Beauvois. Trata com a paz de monastérios, do recente massacre contra uma ordem religiosa e caridosa na Argélia por radicais muçulmanos. O filme mostra o lado bom e assistencialista da igreja católica.

O prêmio de melhor diretor foi também a um francês, o simpático ator (“por acaso”, ele disse) Mathieu Amalric por TOURNÉE. E o prêmio do júri destacou mais UN HOMME QUI CRIE, de Mahamat-Saleh Haroun, virtuoso cineasta revelado no Chade. “Vamos ver agora se conseguimos voltar a ter um cinema de novo em nosso país, para passar filmes em 35mm.”, ele disse ao comentar a sua premiação...

O prêmio de melhor ator foi dividido entre o italiano Elio Germano em LA NOSTRA VITA, de Daniele Luchetti e o espanhol Javier Bardem em BIUTIFUL, do mexicano Alejandro Gonzáles Iñarritu. Germano fez um discurso contra os políticos que estão estragando a Itália. Bardem, no estilo Hollywood, dedicou o prêmio ao seu diretor, à família e à namorada Penélope Cruz, que o ouviu comovida.

Juliette Binoche, que sofreu superexposição durante o festival, pois foi tema do cartaz do 63º Festival de Cannes, acabou sendo premiada como melhor atriz pelo filme francês do iraniano Abbas Kiarostami COPIE CONFORME. Ela também fez uma declaração de amor e encantamento profissional (a Kiarostami) e um protesto (pela prisão política de Jafar Panahi e desde 15 de maio em greve de fome em Teerã). Bem que o prêmio de interpretação feminina também poderia ser dividido - com a coreana Yun Junghee em POETRY, de Chang-dong Lee, filme reconhecido como melhor roteiro.

A Palma de Ouro para curta-metragem foi para o francês-armênio CHIENNE D’HISTOIRE, de Serge Avedikian, uma animação sobre um massacre real de milhares de cães na Anotólia de 1910. A analogia do diretor é com o genocídio armêmio que vem logo a seguir, em 1915, pelo mesmo império otomano, e o dos anos 1940, contra judeus e outras minorias, pelos nazistas.

O prêmio da seção ‘Un Certain Regard’ foi para o coreano HAHAHA, de Sangsoo Hong. O cineasta ganha as simpatias dos cinéfilos por fazer filmes muito similares ao estilo do mestre francês Eric Rohmer, com cirandas amorosas e diálogos leves e aparentemente fúteis. O prêmio do júri na mesma seção foi ao ótimo OCTUBRE, dos irmãos peruanos Daniel e Diego Vega. Ao contrario de HAHAHA, é sobre a secura e a sordidez nas relações humanas, do ponto de vista de um agiota. A cineasta Claire Denis, presidente do júri, reconheceu que todo o jurado foi afetado no seu trabalho pelo encantamento do novo filme de Manoel de Oliveira O ESTRANHO CASO DE ANGÉLICA, filme de abertura do ‘Un Certain Regard’.

E o prêmio ‘Caméra d’Or’, dado a um cineasta estreante, ficou com o mexicano AÑO BISIESTO, de Michael Rowe, apresentado na seleção Quinzena dos Realizadores. Por acaso o presidente deste prêmio foi o também mexicano, o ator e diretor Gael García Bernal. Boa safra para encher nossos olhos, corações e mentes.




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