terça-feira, 27 de julho de 2010

Uribe descarta negociação de paz com guerrilhas colombianas


Heil Uribe!


O presidente colombiano, Álvaro Uribe, rejeitou nesta terça-feira (27) a possibilidade de uma proposta de paz com as guerrilhas que atuam em seu país, como foi sugerido pelo chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, e ressaltou que não se pode "afrouxar" a luta contra o terrorismo.

"Sabemos que a cobra do terrorismo quando sente que está encurralada e que está com uma corda no pescoço pede processos de paz, para que afrouxemos a forca e para que ela possa tomar oxigênio e voltar a envenenar", disse Uribe, durante uma visita ao Ministério da Defesa.

Depois denunciou que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Exército de Libertação Nacional (ELN) querem "internacionalizar o pedido de oxigênio", e enfatizou que seu Governo não vai a cair nessa "armadilha".

"Alguns querem fazer a Colômbia errar de novo e afrouxar a corda no pescoço da cobra", disse Uribe.

O líder fez as declarações em referência às recentes afirmações de Maduro, que disse que levará um plano de paz para a região à reunião de chanceleres da União de Nações Sul-americanas (Unasul), convocada para esta quinta-feira, em Quito, com o objetivo de analisar a crise entre Colômbia e Venezuela.

Depois de se reunir em Buenos Aires com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, Maduro disse que uma "proposta concreta" será apresentada em Quito.

"Após ouvir essas conversas e ver a visão que a América do Sul tem sobre esta questão, nosso governo vai apresentar à Unasul uma proposta concreta que dá a metodologia para um plano de paz", disse o ministro venezuelano.

Acordo

A Venezuela apelou ontem (26) à Organização das Nações Unidas (ONU) para que se mantenha em alerta em meio à crise do país latino com a Colômbia. O embaixador da Venezuela nas Nações Unidas, Jorge Valero, entregou ao secretário-geral do organismo, Ban Ki-moon, uma carta detalhando as razões que levaram ao rompimento diplomático entre os dois países e pediu colaboração para negociar um acordo com o futuro governo do presidente colombiano, Juan Manuel Santos.

“Esperamos que o novo governo da Colômbia seja capaz de rever o acordo firmado com os Estados Unidos para a construção das sete bases militares em território colombiano. O que constitui uma ponta de lança para os povos e os governos do continente que são progressivos e representa um dos enclaves militares para estender a dominação imperialista em nosso continente”, disse o venezuelano.

As informações são da agência de notícias da ONU. Ao entregar a carta informando sobre o rompimento das relações entre a Venezuela e a Colômbia, o embaixador venezuelano pediu que Moon encaminhe cópias para todos os integrantes das Nações Unidas. Segundo o diplomata da Venezuela, a expectativa é que seja possível uma “solução negociada e pacífica para o fim do conflito”.

Paralelamente, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, reuniu-se ontem (26) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com interlocutores, Maduro disse que a Venezuela está disposta a negociar um acordo de paz com a Colômbia.

A crise entre Venezuela e Colômbia agravou-se no último dia 22, depois que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou o rompimento das relações com o país vizinho. O venezuelano tomou a decisão momentos após a divulgação de informações, durante sessão na Organização dos Estados Americanos (OEA), sobre a suposta existência de 87 acampamentos e 1,5 mil guerrilheiros em território venezuelano.

A acusação, feita pela Colômbia, provocou a indignação do governo da Venezuela e foi o estopim para que Chávez anunciasse a ruptura de relações diplomáticas. A partir daí houve manifestações de países latino-americanos que apelaram para a busca de um acordo entre colombianos e venezuelanos. O receio é que a crise contamine a região como um todo afetando a estabilidade política, econômica e social.

A disposição de negociar a mediação do conflito para o âmbito da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) deixa de lado os Estados Unidos – que também integra a Organização dos Estados Americanos (OEA) e é o principal aliado da Colômbia no continente. O que reforça, segundo especialistas, a unidade regional da América do Sul.

Rompimento

O representante colombiano, Luis Alfonso Hoyos, levou à OEA (Organização dos Estados Americanos), em Washington, uma série de mapas e fotos que comprovam, segundo a Colômbia, a presença de guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) refugiados em território venezuelano.

Em resposta às acusações de que guerrilheiros estariam abrigados em território venezuelano, Chávez anunciou o rompimento das relações diplomáticas com a Colômbia.

“Não nos resta outra opção, por dignidade, a não ser romper totalmente as relações diplomáticas com a irmã Colômbia, e isso me produz uma lágrima no coração”, afirmou o presidente da Venezuela, em transmissão ao vivo pela televisão.

Chávez também ordenou “alerta máximo” na fronteira e advertiu sobre o risco de que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, movido por seu “ódio contra a Venezuela”, pudesse realizar uma ação militar na região.

"Uribe é capaz de mandar montar um acampamento falso do lado venezuelano só para poder atacá-lo e causar uma guerra", afirmou. "A uma guerra com Colômbia teríamos que ir chorando, mas iríamos."

Em 2009, Chávez já havia "congelado" as relações com a Colômbia por causa de denúncias do país vizinho de um suposto desvio de armas venezuelanas às Farc, o que afetou enormemente o comércio bilateral.






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