segunda-feira, 26 de outubro de 2009

'A polícia entrou atirando’, diz marido de mulher baleada na Penha





Acabo de ver o comercial da Brahma, cheio de gente feliz e batalhadora. Nas novelas da Globo vemos um Rio de Janeiro luxuoso e tranquilo. Até quando nossos veículos de mídia vão enfeitar a nossa realidade? A situação do Rio está atingindo o seu limite, e não será via repressão que esta calamidade será solucionada. Já disse aqui e repito, a situação nas periferias de São Paulo e Rio de Janeiro é semelhante a situação da Palestina, dois povos em choque de morte. A metodologia dos policias que invadem nossas favelas e periferias é semelhante a das forças armadas israelenses. Não há qualquer tipo de identificação e solidariedade por parte dos policiais com relação aos moradores de nossas comunidades carentes, isso Brasil a fora. O que temos aqui é algo próximo do Apartheid, nossas elites brancas pagam a polícia para dizimar o povo negro e nordestino que sobrevive nos arrabaldes de nossas cidades. O pior está por vir.



Ele contou que rua estava clara e que ‘dava para ver a família seguindo’.
A mulher morreu e é grave estado da filha de 11 meses, que está internada.

O marido de Ana Cristina, baleada com a filha de 11 mesmes no colo, na Favela Kelsons, na Penha, no subúrbio do Rio, afirmou, na manhã desta segunda (26), que os disparos que mataram a sua mulher e feriram sua filha vieram de policiais.

“A polícia, quando foi por volta de umas 22h30, a polícia entrou, o poste estava claro, tinha luz, dava pra eles verem que tinha uma família seguindo pra ir embora pra sua casa e eles entraram atirando”, disse o marido da vítima que não quis se identificar.

A assessoria da Polícia Militar, no entanto, informou, na manhã desta segunda-feira, que policiais do 16º BPM faziam patrulhamento na região na noite de domingo 925) quando foram atacados por traficantes. Os policiais não revidaram, porque havia muitos pedestres na rua, no momento. A PM lamentou a morte da vítima e afirmou que vai colaborar com a apuração dos fatos, entregando as armas dos policiais para a perícia.

A PM disse ainda que ajudou os feridos. O marido de Ana Cristina confirmou a informação:

"A policia só socorreu porque eu gritei, porque se eu não grito... mas também não adiantou de nada, porque ela já caiu no meu colo morta", disse.


Muito emocionado, ele contou que espera se manter forte para garantir a educação dos filhos. Além da menina de 11 meses, a dona de casa deixou mais dois filhos, um de 6 e outro de 3 anos.

“É muito difícil mesmo. Perder ela assim, por uma guerra que não é nossa, é do governo do estado, é difícil”, desabafou ele, acrescentando em seguida que se sentia indignado.

Estado de saúde do bebê

Segundo a Secretaria estadual de Saúde, o estado de saúde da criança é grave, mas estável. Ela foi operada ainda no domingo e encontra-se internada no pós-operatório do Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Ainda não é possível avaliar se ela corre o risco de perder o braço. É preciso aguardar a evolução do quadro clínico.

O corpo de Ana Cristina será enterrado no Cemitério de Irajá às 16h desta segunda-feira.

Como foi o crime

O crime aconteceu quando Ana Cristina Costa do Nascimento, de 24 anos, e mais seis pessoas – entre elas, o marido e mais dois filhos - passavam pela Rua Marcílio Dias, em direção à Avenida Brasil e vários disparos foram feitos na noite de domingo. Um dos tiros atravessou as costas da dona de casa saindo pelo peito e atingindo o braço do bebê, que estava no colo da mãe.

De acordo com parentes das vítimas, por volta das 22h de domingo, a vítima, que morava em Vista Alegre, no subúrbio, saía da favela com a família. Segundo eles, ela tinha ido visitar a irmã, que mora na Favela Kelsons, e seguia para um ponto de ônibus na Avenida Brasil, quando policiais em quatro patrulhas do 16º BPM (Olaria), entraram atirando na favela.

Parentes contaram que Ana Cristina tinha ido à casa da irmã para organizar a festa de 1 ano da filha, no mês que vem. A dona de casa deixa dois outros filhos de 6 e 3 anos, respectivamente.

Eles informaram ainda que outras pessoas do grupo não foram atingidas pelas balas porque conseguiram se jogar no chão, no momento dos disparos.

Delegado quer saber calibre da bala

O delegado Felipe Ettore, da 22ª DP (Penha), disse que está investigando todas as possibilidades: de o tiro que matou Ana Cristina e feriu a filha dela ter partido dos policiais ou dos criminosos. O delegado vai aguardar o laudo que vai informar o calibre da bala que atingiu a vítima e a filha dela. Ettore disse que não vai divulgar detalhes sobre o caso para não atrapalhar as investigações.




Nenhum comentário:

Postar um comentário