terça-feira, 6 de abril de 2010

Palavras do líder estudantil José Serra


Segue abaixo trecho de uma entrevista* concedida pelo líder estudantil de esquerda José Chirico Serra, da chapa Ação Popular- PCB, presidente da UNE entre 1963-64.

Na minha gestão, como nas que a antecederam, sempre estivemos a frente na batalha pela democratização da vida política. Mas a luta pela democratização não se esgotava aí. Estendia-se também ao campo social e ao campo econômico. Reclamávamos o direito de voto para os analfabetos e fazíamos ao mesmo tempo uma imensa campanha de alfabetização. Realizávamos um trabalho importante de “cultura popular” através do CPC da UNE, que veio a renovar o cinema, o teatro e a música popular no Brasil. Apoiávamos todas as reivindicações sociais contra a pobreza, os baixos salários, as políticas antiinflacionárias (neoliberais) que, a pretexto de conter os preços, castigam os trabalhadores. Apoiávamos a reforma agrária e procurávamos contribuir para mobilizar a opinião publica a seu favor.

Em segundo lugar defendíamos a adoção de medidas que, num sentido amplo, resguardassem os interesses nacionais, identificados com as aspirações de grande maioria dos brasileiros. Defendíamos o fortalecimento da Petrobrás (esse menino hein...), cuja criação deveu muito ao movimento estudantil dos anos quarenta e cinqüenta. Defendíamos um maior controle das atividades e dos lucros do capital estrangeiro. Assumíamos posições contrárias as políticas econômicas recomendadas pelo Fundo Monetário Internacional, e alertávamos para os riscos da devastação e desnacionalização da Amazônia.

Em terceiro lugar, colocava-se a bandeira da reforma universitária e mais ampla reforma do sistema de ensino, visando a democratização do acesso as escolas, bem como a maior adequação do ensino as necessidades de um desenvolvimento com justiça social.

Em quarto lugar estavam as posições de defesa da autodeterminação dos povos (Yankees go home!) e de uma política externa independente para o Brasil.

Se o líder estudantil José Serra estivesse em atuação nos dias de hoje, provavelmente faria oposição ao governador José Serra, e se se metesse a protestar contra o governo paulista, certamente levaria umas borrachadas da PM.


* História da UNE (Vol.1) - depoimentos de ex-dirigentes, 1980.


2 comentários:

  1. Repare que há décadas ele fala de gestão! Ainda não aprendeu a levar uma até o fim! E outras, eu espero que nem comece!

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  2. Pois é, a única gestão que ele poderia levar até o fim, e fazer um trabalho mais ou menos, os milicos não deixaram. Mas hoje ele tem relações melhores com milicos e os golpistas.
    Abs!

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