Honduras está em toda parte!
Militantes assassinados em Honduras
Há pilhas de cadáveres de ativistas em Honduras. A mídia está calada, em Honduras e em todo o mundo, enquanto crescem as redes de amigos e conhecidos que se unem pelo boca a boca, com notícias de mais uma morte, e são muitas, de compañeros e compañeras.
O mundo foi "informado" pelo jornalismo dominante das grandes cadeias comerciais, como o The New York Times, de que houve eleições “limpas e justas” dia 29 de novembro (eleições e noticiário orquestrados pela junta de golpistas apoiados pelos EUA atualmente no poder), mas a violência só fez aumentar, mais rápida do que temida.
Os alvos específicos da matança têm sido os que o establishment golpista vê como maiores ameaças ao golpe. Os mais ousados e, claro, os mais vulneráveis: membros da Resistência Popular contra o golpe. Seus amigos. As famílias. Todos quantos oferecem comida e abrigo à Resistência. Professores, alunos, cidadãos comuns que apenas veem a falácia de haver regime não eleito no governo do país. Todos os associados à Resistência têm enfrentado violência crescente contra a coragem de protestar contra o golpe.
Depois que a comunidade internacional recebeu luz verde dos EUA – porque a ordem democrática teria sido restaurada via eleições –, foi aberta a temporada de caça, para as mais violentas forças que há em Honduras, e que trabalham para romper, a qualquer preço, a unidade da Frente de Resistência contra o golpe. Os assassinatos estão acontecendo em velocidade maior do que se pode registrar.
Em um domingo, 7/12, um grupo de pessoas foi metralhado quando andava por uma rua de Villanueva, arredores de Tegucigalpa. Segundo testemunhas, uma van sem placas parou em frente ao grupo, quatro mascarados saltaram da van e obrigaram o grupo a deitar-se no chão. Ali foram fuzilados. As cinco vítimas são:
· Marcos Vinicio Matute Acosta, 39
· Kennet Josué Ramírez Rosa, 23
· Gabriel Antonio Parrales Zelaya, 34
· Roger Andrés Reyes Aguilar, 22
· Isaac Enrique Soto Coello, 24
Uma mulher, Wendy Molina, 32, recebeu vários tiros e fingiu-se de morta quando os assassinos a puxaram pelos cabelos para verificar se sobrevivera. Foi hospitalizada e sobreviveu.
El Libertador, jornal hondurenho independente noticiou que todos os mortos eram militantes da sociedade civil e trabalhavam contra o golpe. Segundo outro militante do mesmo grupo na região, “Os rapazes organizaram comitês para que os vizinhos pudessem trabalhar também pela Frente de Resistência.”
Essa matança foi um dos eventos de uma série de assassinatos de membros da Resistência, só nas últimas semanas. Dia 3/12, Walter Trochez, 25, ativista conhecido na comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) foi puxado da calçada e jogado numa via, também por quatro mascarados, no centro de Tegucigalpa. Em depoimento que depois prestou às autoridades locais e nacionais, Walter contou que foi interrogado durante horas, por mascarados que queriam informações sobre membros e atividades da Resistência; que foi espancado com um revólver, por recusar-se a falar. Disseram-lhe que seria assassinado, falasse ou não. Trochez conseguiu escapar, abrindo a porta da van e jogando-se na rua, de onde conseguiu correr.
Não foi a primeira vez que Walter recebeu esse tipo de ameaças. É militante conhecido e respeitado contra o golpe, e há meses trabalhava documentando casos de violações de direitos humanos, sobretudo na comunidade gay. Walter acaba de publicar dois artigos. Um, imediatamente depois das eleições, intitulado “O Absenteísmo venceu” – sobre o bem-sucedido trabalho da Resistência, encorajando os cidadãos a não votarem e protestarem contra as eleições. E outro, cujo título fala por si: “Escalada dos Crimes de Ódio e Homofobia contra a comunidade de LGBTT: ação do golpe de Estado civil-religioso-militar em Honduras”.
Nos dois artigos, a mesma conclusão: “Como revolucionário, sempre estarei na linha de frente com meu povo, hoje, amanhã, sempre, mesmo sabendo que isso pode custar-me a vida.”
Dia 13/12, uma semana depois, Walter foi baleado no peito, quando caminhava para casa, por pistoleiro que passou num carro. Morreu a caminho do hospital.
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