quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Polícia promove espetáculo grotesco para programa (de Zé Povinho)de TV


Como se costuma dizer na quebrada, programas como esse Na Mira, de Salvador, ou o Brasil Urgente, do calamitoso Datena, de São Paulo, são programas de Zé Povinho. Zé Povinho, na periferia de São Paulo, é aquele tipo de gente que não tem um pingo de consciência de classe, são admiradores da polícia, apesar de serem pobres, ou de classe média baixa, acham bonito comprar o discurso das elites, sentem-se chiques ao reproduzirem os preconceitos expelidos pelo PIG. Em eleições invariavelmente votam em candidatos de direita ou de extrema-direita, mesmo sem ter muita noção a respeito das origens de tais candidaturas, e das implicações de seu discurso. O Zé Povinho é aquele que não respeita sua comunidade, seus vizinhos, seus colegas de serviço. O Zé Povinho é uma praga, que infesta nossas periferias. É esse tipo de gente que bate palma para programas como esse Na Mira, de Salvador.




No último dia 01/02/2010, foi a vez da comunidade rastafári de Cajazeiras 10, bairro da periferia de Salvador, sofrer o modo de intervenção da mídia e das instituições do Estado tipicamenta reservado às populações mais pobres: repressão e humilhação. Policiais da 13º Delegacia de Policia de Cajazeiras 10, após uma arbitraria incursão pela manhã invadindo as casas dos moradores sem mandato, a tarde com a equipe do programa Na Mira, à casa de um morador que cultivava dois pés de maconha, promovendo o típico espetáculo de horror utilizado para servir de exemplo. O homem e sua esposa foram obrigados a deitarem no chão e publicamente humilhados.

O Na Mira, é mais um desses programas sensacionalistas que tem o hábito de exibir incursões policiais, cadáveres, além de brigas (sempre de moradores da periferia) e entrevistas a presos com num tom de humor grotesco, fazendo o trabalho sujo que a impresa autoadjetivada "séria" não faz, mas sugere o tempo todo associando violência a pobreza e por isso, necessidade de repressão violenta pelo Estado.

Apesar dos seguidores da religião (ou filosofia) Rastafari seguirem um modo de vida discipinado e pacífico, são vítimas de enorme preconceito por serem negros e terem o hábito utilizar a maconha, como também o de "dredar" os cabelos, por motivos religiosos. Nada justifica esse espetáculo degradante promovido pela mídia e a polícia a não ser o preconceito e a naturalização da violência utilizada pelo estado para manter o controle da população mais pobre, onde sempre quem está "na mira" é o povo negro da periferia.

Quanto atual a situação do morador da casa invadida, sabemos apenas que pelo menos até o dia 08/02, ainda permanecia preso. Mesmo possuindo os tão exigidos "endereço fixo e profissão".


Legalize Já!



3 comentários:

  1. Taí por que nao querem o ranking de direitos humanos... esses programas policialescos fascistoides são uma forma de linchamento televisivo, e se não cria, amplifica um discurso de ódio contra os pequenos criminosos, que "não merecem direitos humanos".

    ResponderExcluir
  2. Oi Cappacete,

    Sou Sergio Vidal e estou acompanhando o caso de perto e prestando consultoria. Valeu por reproduzir a notícia. É muito importante toda mobilização. Tem outras notícias no nosso portal

    www.growroom.net

    Dá uma olhada lá no relato da soltura. Foi difícil, mas o irmão tá em casa

    http://www.growroom.net/blog/2010/02/11/apos-9-dias-de-prisao-injusta-finalmente-rastafari-volta-pra-casa

    Abraços

    ResponderExcluir
  3. Valeu Sérgio Vidal, meu chará, vou por no blog a reportagem com a soltura do irmão.
    Abraços!

    ResponderExcluir