A série de assassinatos ocorridos na Grande São Paulo em apenas
quatro horas na noite de segunda (8) para a terça-feira (9) veio
acompanhada de relatos de execução, cenas de terror e muito medo.
Segundo testemunhas, pelo menos dois homens foram assassinados por
policiais fardados das Rondas Ostensivas Com Apoio de Motocicletas
(Rocam) quando já estavam rendidos no chão. Em outros casos de mortes,
parentes e amigos das vítimas também suspeitam da participação de PMs
tentando vingar a morte do soldado Hélio Barros em Taboão da Serra.
Às 22h30, menos de uma hora depois da morte do policial, dois
suspeitos de roubo foram mortos pelos policiais da Rocam. Segundo a
versão da PM, soldados encontraram a dupla após receber denúncia de
roubo a pedestres. Os rapazes teriam reagido e atirado ao tentar fugir. E
caíram da moto na Rua Babilônia. Um deles, Rodrigo Neves de Oliveira,
de 20 anos, morreu no local. “Policiais viram que ele estava caído e
deram vários tiros na cara”, disse um vizinho.
Já André Felipe Oliveira Lima, de 16, foi levado ao hospital, mas não
resistiu. “Policiais mandaram todo mundo sair da rua. Quem ficou
apanhou”, disse outra testemunha. A PM informou que apreendeu com a
dupla dois revólveres e a bolsa pertencente a uma mulher assaltada
minutos antes. Em nota, a corporação informou que “não compactua com
irregularidades praticadas por seus integrantes” e inquérito vai apurar o
caso. Na resposta ao Estado, solicita que testemunhas procurem a
Corregedoria.
Mais violência
Após a morte do PM, dois carros, um prateado e um escuro, também
aterrorizaram moradores de Taboão da Serra durante a madrugada.
Testemunhas contam que passava da meia-noite quando homens em um Fiat
Stilo prata atiraram em três pessoas na esquina da Rua Tereza Montez
Sanches. Elas tentaram escapar pulando muros de casas. O desempregado
Fernando Pereira de Melo, de 23 anos, foi achado morto na lança do
portão de uma residência. Ele não tinha antecedentes criminais. Já os
outros dois baleados, que sobreviveram, tinham passagem por roubo.
Um pouco mais tarde, também em um Stilo prata, atiradores atacaram na
Rua Sati Nakamura. Um homem se machucou tentando fugir, outro foi
baleado na perna.
À 1h30, quatro pessoas que estavam na Rua Nicolau Gentile, também em
Taboão, foram baleadas por homens em um Logus preto. Fabio Julião
Santos, de 32 anos, e José Gomes, de 31, com passagem por porte de
drogas e irmão de um PM, não resistiram.
O último caso em Taboão foi às 2h. Dois homens sem antecedentes, Alex
Sandro Pereira, de 29, e Ricardo Evangelista Pereira, de 31, foram
mortos na Rua João Antonio da Fonseca. Novamente, foi visto um carro
preto.
Para familiares e amigos das vítimas, policiais promoveram o comboio
de assassinatos. “Estão matando para se vingar e não estão matando só
bandido. Estão indo na rua e matando qualquer um”, disse um amigo de
Santos. Uma sobrinha de Ricardo Pereira disse que ele não era criminoso.
“Só estava na frente de casa conversando.”
Colegas de batalhão do soldado Hélio Barros também acreditam que a
morte tenha sido ação do crime para vingar outros casos de morte.
“Tivemos vários casos de resistência neste ano. Todos de criminosos. Foi
um contra-ataque dessa guerra urbana”, disse um PM no enterro do
colega. As informações são do jornal “O Estado de S.Paulo”.
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