sexta-feira, 11 de março de 2011

Com aval dos EUA, ditadura saudita reprime e esvazia protestos

Dois pesos e duas medidas

Vermelho

Chávez está coberto de razão quando afirma que os Estados Unidos usa um peso e duas medidas nos conflitos em curso no Oriente Médio. Isto fica evidente no silêncio cúmplice diante dos últimos acontecimentos na Arábia Saudita, dominada por uma ditadura entreguista e submissa aos interesses do império. Também não se vê na mídia capitalista reportagens editorializadas sobre o tema, como ocorre em relação à Líbia.

A monarquia saudita lançou às ruas das principais cidades da Arábia nesta sexta-feira (11) um gigantesco esquema policial de repressão para evitar o "Dia de Fúria", protesto programado por manifestantes antimonarquistas para pressionar por reformas no poder ditatorial que governa o país há 85 anos.

Em algumas localidades, a polícia chegou a disparar contra o povo. As manifestações estavam previstas para o meio-dia, depois das orações desta sexta-feira, dia considerado pelos islâmicos como "santo". Porém, enquanto as mesquitas se esvaziavam, as forças de repressão instauravam postos de controle em pontos-chave de várias cidades.

No estratégico centro comercial Olaya, na capital Riad, onde manifestantes foram convocados a se reunir, centenas de membros de segurança cercaram uma mesquita e examinavam os documentos dos motoristas.

Os manifestantes exigem a eleição de um novo Parlamento e de um novo governante na ditadura monárquica. Outros ativistas convocaram protestos nacionais para 20 de março.

O ministério da Informação levou jornalistas para um tour por Riad, que revelou apenas uma forte presença das forças de repressão, sem sinais de manifestações. A cidade portuária de Jidá, no Mar Vermelho, a segunda maior cidade saudita, também estava superpovoada de policiais.

Tiros em manifestantes

Nas cidades menores, onde a força policial não era tão grande a ponto de dissipar as tentativas de reunião, houve disparos por parte de policiais contra alguns manifestantes.

Em Catifa, na província oriental, três manifestantes xiitas foram atingidos por disparos da polícia, que dispersava um protesto na noite de quinta-feira. Os disparos foram feitos quando cerca de 800 manifestantes, todos xiitas e incluindo mulheres, tomaram as ruas de Catifa exigindo a libertação de nove prisioneiros políticos xiitas.

Um pequeno protesto pedindo reformas e a libertação de prisioneiros xiitas também foi realizado no local.

A Arábia Saudita, com cerca de um quarto das reservas de petróleo do mundo, é o satélite americano de maior significado para o imperialismo, pois dali são monitoradas todas as operações bélicas no Oriente Médio.

Diante da forte repressão, o reino tem se livrado de qualquer rebelião política. Para Fuad al-Farhan, um ativista que atua na área dos direitos humanos, o povo saudita quer mudanças, mas "não está pronto para se revoltar".

"Isto explica porque as convocações de protestos fracassaram miseravelmente", tenta explicar. Os manifestantes pedem reformas amplas, como a adoção de um governo representativo, um judiciário independente, a abolição da polícia secreta, a libertação de todos os prisioneiros políticos e garantia de liberdade de expressão.

Na área econômica, pedem um salário mínimo de 10 mil rials (US$ 2.667) e trabalho em um país onde a taxa de desemprego é de 10,5% e chega a cerca de 30% na população com idades entre 20 e 29 anos. A origem da inquietação deve-se em grande medida à distribuição desigual da riqueza derivada do petróleo, enquanto cerca de 40% da população vivem em relativa pobreza.

De acordo com fontes internacionais, os membros da família real saudita se apropriaram de milhões de dólares da riqueza nacional do país, incluindo as receitas do petróleo, para seu uso pessoal.

Segundo um relatório da Reuters, os membros da realeza saudita se apoderaram de cerca de US$ 2 bilhões, assim como outros intimamente associados ao rei saudita Abdullah bin Abdel Aziz, que gastam US$ 10 bilhões da receita do país anualmente para despesas pessoais.

A conduta do império, que se diz orientada pela defesa da democracia e dos direitos humanos, é de uma hipocrisia chocante. Valores humanos universais servem como cortina de fumaça para encobrir os reais objetivos da maior potência capitalista do mundo e seus aliados imperialistas. O único valor que conta, neste caso, tem um nome: petróleo. 



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