sábado, 11 de setembro de 2010

PSDB em SP acirra violência contra a classe trabalhadora

É pra esse povo que o PSDB governa



Radioagência NP


“A continuidade do governo PSDB no estado de São Paulo é a continuidade do projeto neoliberal e de criminalização do MST”. A avaliação é de Gilmar Mauro, integrante da Direção Nacional do MST que atua no estado de São Paulo.

Em entrevista a Radioagência NP, Mauro revisa as políticas do governo Jose Serra (PSDB) em relação à reforma agrária no estado, aponta o crescimento do processo de repressão das lutas sociais durante sua gestão e o estímulo dado ao modelo agrícola de exportação de commodities em detrimento da produção de alimentos nos últimos anos.

Para o sem terra, a continuidade da administração tucana no estado significaria a consolidação de um plano de privatização de vários serviços públicos, a piora da qualidade do ensino público e o acirramento da violência contra a classe trabalhadora.


Radioagência NP: Na sua avaliação, como o governo Serra tratou a questão agrária e o MST à frente do governo estadual?


Gilmar Mauro: Um primeiro aspecto é que nós nunca conseguimos fazer uma reunião com o Serra quando ele era governador, a única que fizemos foi com secretários de governo. Está tudo praticamente paralisado, todos os processos de arrecadação de terras, porque não há iniciativa nenhuma do governo do estado em arrecadar. Prova disso é que os trabalhadores do Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo) fizeram uma greve recentemente porque há um desmonte deste órgão por parte do governo Serra. Então no que se refere à reforma agrária não foi feito nada, esta é a verdade: nem quanto ao acompanhamento de assentamentos, nem quanto à arrecadação de terras. No estado de São Paulo, não avançamos em absolutamente nada.


RNP: Qual é a tarefa do Estado em relação à arrecadação das terras devolutas?


GM: São necessárias várias iniciativas. A primeira é a iniciativa política, de querer arrecadar, ir para a região, como no governo Covas acontecia: “é terra do Estado, vamos arrecadar e transformar em reforma agrária”. A segunda é através das Procuradorias de Justiça: estimular a Procuradoria do estado a entrar com os pedidos de reivindicação dessas áreas, para que possam tomar a medida chamada de reivindicatória. Antes disso ainda há uma série de tarefas que precisam ser tomadas do ponto de vista jurídico. E essas iniciativas são poucas no governo Serra. O que a gente sabe é que havia várias ações judiciais – inclusive, acabou de sair uma decisão considerando devolutas terras do Pontal do Paranapanema [interior do estado de São Paulo], mas isso é fruto de um trabalho anterior, feito há muito tempo atrás. O engraçado é que o governo, ao invés de fazer isso, mandou para a Assembléia Legislativa um projeto de lei para regularizar o grilo no Pontal e em todo o estado. Então, além de não arrecadar terras, o governo Serra buscou regularizar o grilo.


RNP: Qual foi o comportamento da polícia nas ações que envolveram trabalhadores do campo e da cidade sob o governo Serra?


GM: Primeiro, é preciso lembrar que não há interesse nenhum em fazer a reforma agrária por parte do governo Serra e do tucanato em geral. Eles são contra a reforma agrária. Depois, as ações policiais, nos últimos tempos (diferentemente de algum tempo atrás, quando havia algum tipo de diálogo), ultimamente têm acontecido de forma muito mais violenta, com um processo de repressão bastante intenso. Aliás, não só conosco, mas com professores, com a própria polícia civil, trabalhadores urbanos, das favelas etc.


RNP: Para a população paulista, o que significaria uma nova vitória da candidatura PSDB no estado?


GM: Seria a consolidação de um projeto de privatização de vários serviços públicos. O estado de São Paulo está cheio de pedágios, não tem mais por onde andar sem pagar. Esse é um processo de privatização das estradas, em que o direito de ir e vir está sendo retirado. Do ponto de vista da repressão e criminalização também existe uma intensificação, e a prova disso é a incapacidade do governador Serra em dialogar com os setores da classe trabalhadora em luta. Sei, inclusive, que os próprios prefeitos do PSDB dizem que têm muita dificuldade em dialogar com o Serra.


RNP: E a eventual vitória de José Serra, o que pode representar?


GM: A linha política do Serra é a do grande capital. O que agravaria a situação para o nosso lado é que o governo tucano é antidemocrático, que buscou no período Fernando Henrique Cardoso a criminalização dos movimentos sociais. Tomando como exemplo a política de Serra no estado de São Paulo, que nunca sentou conosco, imagino que em nível nacional isso se repetiria, e haveria um aumento vertiginoso do processo de criminalização da pobreza.



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