Longe de ser mais um caso de indisciplina contra professores, a ocorrência revela alguns problemas que tornaram-se crônicos nas milhares de escolas da rede estadual paulista durante as gestões tucanas: a violência,a superlotação de salas de aula, o caráter precário da carreira docente e os baixos salários. Como não há um sistema oficial de registro da violência escolar, o número de ocorrências não é conhecido. O Sindicato dos Professores, Apeoesp, criou em seu site um canal para dar voz aos professores, mas o medo de represálias ainda inibe as denúncias. Páginas policiais
Desde 1995, o Estado de São Paulo teve cinco secretários da Educação - Rose Neubauer, Gabriel Chalita, Maria Lucia Vasconcelos, Maria Helena Guimarães e Paulo Renato Souza. Neste período, as escolas ganharam as páginas policiais e a superlotação também tornou-se um problema.
A Assembleia Legislativa aprovou no final de 2005 um projeto de lei que limitava o número máximo de alunos em sala de aula da rede oficial. O projeto, de autoria do deputado petista Roberto Felício, foi barrado pelo então governador Geraldo Alckmin.
O PL determinava que as salas de aula deveriam ter, no máximo, 25 alunos nas turmas das quatro primeiras séries do ensino fundamental; 30 nas classes de 5ª a 8ª série, e 35 nas turmas de ensino médio.
Para agravar ainda mais a superlotação, o número de novas escolas e equipamentos como as salas ambiente de informática também diminuíram durante os anos Alckmin. Segundo levantamento da Bancada do PT a partir da execução do Orçamento do Estado, a construção de novas escolas, por exemplo, foi 34,25% menor do que o previsto, entre os anos de 2003 e 2006.
Desvalorização
Além da falta de infra-estrutura, os professores enfrentam a precariedade imposta à categoria. Aproximadamente 101 mil dos que lecionam hoje estão na mesma condição da professora agredida em Itaquaquecetuba: são admitidos em caráter temporário. E ganham muito mal. Quando o assunto é salário, a rede estadual paulista ocupa a 14ª posição entre os 27 Estados brasileiros.
A remuneração inicial dos docentes da rede estadual paulista com nível superior, que lecionam para as quatro últimas séries do ensino fundamental e ensino médio, os chamados PEB II, é de R$ 1.188,37 para 30 horas/aulas mensais, segundo o Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.
Ainda segundo o Dieese, São Paulo tem a segunda cesta básica mais cara do País, o que agrava ainda mais a situação do Magistério Público.
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