Um deputado da extrema direita húngara propôs no Parlamento de Budapeste que os cidadãos judeus sejam registados em listas como ameaças à segurança nacional; o governo de Orban demorou 16 horas a condenar e Bruxelas mantém o silêncio sobre o assunto.
Marton Gyongyosi, deputado do partido de extrema direita Jobbik propôs que os cidadãos judeus sejam registados em listas como ameaças à segurança nacional - Bruxelas mantém o silêncio sobre o assunto
Marton Gyongyosi, de 35 anos e filho de um diplomata, deputado do grupo Jobbik que juntamente com a direita Fidezs do primeiro ministro Viktor Orban,assegura uma maioria superior a dois terços no Parlamento da Hungria, declarou posteriormente que "foi mal interpretado" porque fazia alusão aos húngaros que têm igualmente nacionalidade israelita e pediu desculpa aos seus "compatriotas judeus" no site do partido. Recusou, porém, demitir-se e declarou o caso como "encerrado".
Os comportamentos de índole nazi, e anti semitas – atingindo judeus e árabes – e racistas em geral, com perseguições às comunidades ciganas, têm vindo a subir de tom sobretudo desde que a direita nacionalista tomou conta do poder em Budapeste com uma ampla maioria absoluta.
Centenas de pessoas manifestaram-se nas ruas de Budapeste contra as declarações de Marton Gyongyosi, algumas delas sobreviventes dos campos de concentração usando as estrelas amarelas que foram obrigadas a usar durante o martírio. O primeiro ministro Orban só 16 horas depois da declaração emitiu um comunicado, que fez ler através de um porta voz, condenando o seu conteúdo. A Comissão Europeia, que continua a manifestar absoluta tolerância contra a reforma constitucional que transformou a Hungria num Estado confessional e violando princípios básicos em que a União Europeia afirma assentar, continua a guardar silêncio sobre este assunto.
Alguns deputados decidiram entretanto usar as estrelas amarelas das vítimas judaicas dos campos de concentração no interior do Parlamento protestando contra as declarações do seu colega de extrema direita.
O partido Jobbik, ao qual o deputado Gyongyosi pertence, tem 44 deputados, é o terceiro mais forte do Parlamento e chegou a esta posição através de uma campanha xenófoba contra judeus, árabes e ciganos. O grupo possui milícias à imagem das SS hitlerianas que, apesar de serem formalmente ilegais, atuam sem constrangimentos na Hungria.
Na declaração proferida posteriormente no site do partido e na qual afirma que foi mal compreendido, o deputado em causa afirmou que o conflito do Médio Oriente pode influir no comportamento das pessoas de origem judaica que vivem na Hungria, especialmente no Parlamento e no governo do país, "o que na verdade coloca riscos de segurança nacional para a Hungria".
Na altura em que o discurso foi proferido no Parlamento a presidência da sessão era assegurada por um vice presidente membro do Jobbik, que não fez qualquer reparo em relação às palavras do deputado.
Recentemente um deputado do Jobbik fez um teste de ADN, sancionado por um laboratório especializado, no qual pretendeu demonstrar que não estava "contaminado" com sangue judaico.
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