quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Caetano Veloso sempre foi um picareta



Caetano Veloso sempre foi um picareta, desde sempre. Nos anos sessenta levantava as bandeiras importadas do Maio francês; é proibido proibir! Os estudantes franceses lutavam por um futuro menos babaca, menos entediante e direcionado, não queriam o futuro engravatado que lhes estava destinado, queriam der vazão a todos os seus desejos numa sociedade que não fosse conservadora e reacionária, como era e continua a ser a sociedade francesa. Os estudantes brasileiros lutavam para ter FUTURO, não um destino menos babaca e menos entediante. Nossas demandas eram bem diferentes das dos estudantes europeus, e a luta de nossos jovens era mais concreta, voltava-se ao povo trabalhador, explorado e espoliado com os arrochos da Ditadura. Nossas demandas não eram abstratas como as da juventude do Velho Mundo. Em linhas gerais esse reboquismo chique norteou todo o movimento tropicalista. Os estudantes brasileiros de 68 perceberam isso, a vaia histórica que Caetano recebeu no Tuca não foi gratuita, não foi motivada por preconceitos ou por extremismo, o protesto foi contra o vazio alienante e divisionista das posições políticas de Caetano e sua turma.

Preconceituoso foi o exílio imposto pelos militares a Caetano e Gil, motivado por questões mais estéticas e sexuais que políticas, embora os tropicalistas digam o contrário, apontado para uma suposta subversão estético-cultural (enxergada pelos censores da Ditadura) a ameaçar a nossa juventude. Subversão de fato havia no tropicalismo, mas seus efeitos desestruturadores ameaçavam apenas a moral e os bons costumes da TFP.

Este é Caetano, sempre antenado a alguma moda que empolgue a elite branca do Leblon. Nos anos setenta nosso compositor mergulhou no desbunde e no sexo livre que rolava nas areias calientes de Ipanema. Nos anos noventa embarcou na onda da “consciência social” ao lado de Gil e lançou o rap Haiti, num “comovente” protesto contra o racismo, numa época em que pegava bem denunciar tal mazela social.

Os tempos atuais são de exaltação aos preconceitos, a moda é dar vazão sem pudor ao que existe de mais negativo em nossa sociedade. A elite Leblon-Daslu resolveu colocar o fascismo na ordem do dia, e empolgar as classes médias de norte a sul. Claro que Caetano não deixaria esta oportunidade de se aparecer passar em branco, e o fato deste se encontrar no ostracismo também deve ter pesado. Primeiro Caetano resolveu atacar as políticas de ação afirmativa do governo Lula, dane-se o Haiti. Agora faz coro com as “patrulhas gramaticais” que de uns tempos para cá assolam a nossa mídia. Caetano Veloso está atendo a realidade, a realidade do Leblon, falar o que classe média branca fascistóide quer ouvir garante no mínimo alguns dias de ibope, e para um artista decadente como ele isto conta muito.

Caetano Veloso nunca foi de esquerda, seus arroubos de rebeldia não iam além da ameaça a meia dúzia de esposas de generais histéricas. Seu discurso sempre se direcionou a elite branca e bacharelesca, que gosta de regurgitar falsa erudição. Sempre teve uma mentalidade pequeno burguesa grosseira, a forma como ele se refere ao presidente é provavelmente a forma como ele trata todos aqueles aos quais julga inferiores. E olha... Esse rol deve ser extenso, arrogante como é, 98% dos brasileiros não estariam a sua altura. Brasileiros, é claro, porque ser for europeu, ou, sobretudo, estadunidense, certamente cairá em suas graças.

Para mim não foi nenhuma surpresa a estupidez de Caetano contra o presidente Lula em sua entrevista ao Estadão, seu nome estará na vitrine por alguns dias, a pseudo-intelectualidade brasileira irá repercutir sua verborragia nas páginas da mídia corporativa, e depois nosso artista embolorado retornará a sua tumba. É necessário a mídia golpista recorrer a algum medalhão vez por outra, para fazer coro com as hienas que diariamente atacam o presidente Lula, e assim passar uma impressão de legitimidade a seu discurso. Semana que vem eles ressuscitaram outro, quem sabe a dupla Dom e Ravel.

Postado por Cappacete




4 comentários:

  1. Caro Cappacete. Boa noite, Cumpadi!

    As letras de Caetanos são de um poeta... A fala de Caetano Viana Teles Veloso é de um narciso... Sempre me incomodei com isso, mas esqueço pelas belas canções...

    Ele ainda vai ter o que ler... Estou incoformado com a sabujice do Senhor de Santo Amaro da Purificação... Será que ele diz que é de lá por charme, mas se envergonha disso? rsrsrs

    ABração!

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  2. Esse meu conterrâneo é o que chamamos aqui na maravilhosa Bahia: um grande artista que só fala merda, prefiro o artista ao merda.

    "Quando um verdadeiro gênio (Lula) se mostra ao mundo reconhece-se logo da seguinte maneira: todos os idiotas se juntam e conspiram contra ele".
    (Jonathan Swift)

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  3. Caetano é um poeta, e deveria continuar poetando... Mas pelo menos, isso ele faz muito bem. Gravíssimo equívoco é o sr. Chico Burque que nem isso faz direito. Ô entulho!
    Muito bem escrito Capacete.
    abs

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  4. Capas para Caetano fiz muitas. Para Gonzaguinha não tive este mérito. Saudade de Gonzaguinha... Sinto muito, sou grato.

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