quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O cotidiano fascista de SP. Vítimas de PMs imploraram pela vida


“Pelo amor de Deus, eu sou muito novo para morrer.” Essa e outras súplicas ecoavam na lembrança dos moradores de Parada de Taipas, na Zona Norte, até ontem, quando sete policiais militares foram presos sob suspeita de executarem Douglas Silva de Lima, de 18 anos, e os adolescentes Thiago Pereira Rodrigues e Emerson Felipe da Silva Solto, ambos de 16, há exatos cinco meses. Os PMs não se importaram com as diversas pessoas que presenciaram os rapazes implorar para não serem assassinados. E foi o relato dessas testemunhas que possibilitou a prisão dos policiais.
O bairro inteiro, na periferia da Zona Norte, viu os meninos serem encurralados em uma rua sem saída . Thiago já estava ferido e deitou na calçada. Douglas saiu do carro com as mãos na cabeça. Emerson correu para uma viela, mas foi ferido por um tiro nas costas.
A morte deles foi lenta. Os tiros, à queima-roupa, atingiram primeiro os braços e pernas. Depois, o tórax. Thiago foi o que mais sofreu. Gritou pela mãe, pelos vizinhos e implorou dizendo ser jovem demais para morrer ali, até dois policiais esticarem seus braços em posição de cruz e darem o tiro de misericórdia. Os relatos constam no inquérito da Polícia Civil e foram ouvidos ontem pelo DIÁRIO. As testemunhas viram também quando os policiais colocaram uma arma nas mãos de Douglas e atiraram contra a viatura. O rapaz já estava morto.
Os três jovens tinham passagem criminal. No dia em que foram mortos, foram flagrados em um carro roubado. Há meses estavam “na mira” dos PMs do bairro e, segundo familiares, Thiago foi ameçado um dia antes de ser morto. Leandra, mãe do rapaz, diz que sonhou com o caixão do filho em sua porta naquela noite. “Meu filho levava uma vida errada, mas quem tem direito de tirar a vida de alguém é Deus e não a polícia.”

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