sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Para entender o movimento anti-migração de São Paulo

Uma genuína manifestação cultural paulistana


É curioso esse manifesto em prol da cultura paulistana, acima publicamos uma entrevista com um dos signatários do texto, e disponibilizamos um link para a leitura do mesmo. O que me intriga é o que vem a ser essa “cultura paulistana” apregoada pelos membros do movimento supracitado. Moro nessa cidade praticamente a minha vida toda, e fico pensamento quais manifestações culturais autóctones estão sendo ameaçadas pelos nordestinos, principais alvos da sanha excludente da classe média bandeirante. Fala-se em subvalorização, invasão cultural, perda de identidade, sobreposição dos costumes nordestinos sobre os costumes locais. E continuo pensando que diabos será essa tal “cultura paulistana”.

Se existe alguma cultura típica nesse Estado, ela se encontra no interior, nas modas de viola, na catira, nas Festas de São João, nas quermesses, gincanas; na culinária caipira, etc. Pelo que eu saiba, os costumes do interior paulista seguem os mesmos de sempre, em cidades que souberam preservar sua cultura, e de certa forma não são lá muito abertas ao que vem de fora. Agora, na capital, o que há de efetivamente local em termos culturais? O tal movimento anti-migração é composto por paulistanos, assustados, com medo de perder sua identidade. Identidade? Vamos tentar especular sobre os tais nobres costumes paulistanos ameaçados pela barbárie nordestina.


Exemplos da cultura paulistana:


- Pedir uma pizza no fim de semana e assistir a um DVD do Jackie Chan

- Sair para comer um belo beiruth com esfihas de carne e queijo, humm...

- Dar uma relaxada num salão de ioga na Vila Madalena, ou uma massagem na Liberdade

- Ir tomar umas cervejas irlandesas em algum pub da Consolação

- Pegar um show de alguma banda indie na Augusta

- Chorar de rir com algum espetáculo stand-up comedy

- Pirar em alguma rave, com DJ´s israelenses e indianos


Como vemos, todas manifestações genuinamente locais, brasileiras e paulistanas, criadas pelo nosso povo, pela nossa gente. Essa é a cultura paulista defendida pelos ciosos defensores da pureza cultural bandeirante.

Convenhamos, esse pessoal ta de palhaçada, não existe cultura típica paulistana, São Paulo é uma metrópole, e assim se desenvolveu. É um caldeirão de povos e costumes, e nesse rol de influências, os nordestinos tem posição de destaque. Manifestações de fora tudo bem, desde que sejam européias ou estadunidenses. Não se vê chiadeira contra a dominação cultural Made in USA. Agora, manifestações vindas do nordeste, ou de outras regiões do Brasil, nem pensar.

Essa conversa de movimento anti-migração é balela, eles deveriam se assumir logo como anti-nordestinos, seria mais honesto. Deveriam assumir que possuem preconceito regional, de cor e de classe. Infelizmente, muita gente pensa assim aqui em São Paulo, o que é uma pena.


3 comentários:

  1. assino embaixo com seu texto.e pior:com essa"imprensa"q defende os EUA e Europa,até o gaucho,sofre ai em são paulo!

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  2. Cumpadi Cappacete, boa noite!

    É isso, aí! Uma tininda reflexão.

    Grande abraço!

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  3. O que existe de cultura paulista ou paulistana esses cidadãos que você descreve não valorizam: Quantos jovens hoje sabe cantar uma música do Adoniran Barbosa?
    São anti-nordestinos mesmo!
    Não conseguem enxergar que maior beleza do nosso país é a miscigenação, é tudo ser misturado!

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