segunda-feira, 22 de junho de 2009

Pesquisa/MEC mostra que Escola educa para discriminação


Domingos Jorge Velho, o genocida de Palmares, símbolo de uma certa elite paulista que teima em continuar existindo


Pesquisa/MEC mostra que Escola educa para discriminação, não poderia deixar de ser de outra forma, principalmente num estado como São Paulo, a orgulhosa terra dos bandeirantes. Professores de História ensinam a exaustão nossos alunos a respeitarem e adorarem os bravos bandeirantes, desbravadores do sertão, responsáveis pelo alargamento do território nacional e pela descoberta do ouro no Brasil. Os bandeirantes tem papel de destaque em nossa educação (paulista), e como se não bastasse isso, há todo um culto neste estado afigura do bandeirante, marginais, avenidas, ruas, rede de TV, rádio; colégios que não acabam mais, praças, e para coroar todas estas homenagens, temos o Palácio dos Bandeirantes. Agora, com relação aos negros e seus heróis, vemos muito pouco. Os negros frequentam os livros de História até 1888, depois desaparecem, como que por encanto. Quando saem da escola, nossas crianças não vêem avenida Zumbi dos Palmares, praça Ganga Zumba, rodovia Luís Gama, rádio João Cândido, colégio Grande Otelo. Além dos famigerados bandeirantes, temos Tiradentes, herói completamente forjado, Dom Pedro, pai e filho; Marechal Deodoro, Duque de Caxias, Princesa Isabel. Estes são nossos heróis, brancos, forjados, a cara de nossa elite. Os verdadeiros heróis não estão nas placas, mas permanecem no imaginário popular, algo que não se ensina na escola, por professores que não investigam as origens dos mitos que propagam. Mas hoje em dia a coisa está mudando, há toda uma série de jovens professores de História antenados a historiografia crítica, a História real do povo brasileiro. O trabalho será lento, mas aos poucos vamos conseguir resgatar os verdadeiros heróis de nosso povo. Falo como professor de História, mas sei que em áreas como Literatura e Geografia também há elementos de preconceito racial, menos flagrantes que no ensino de História, e por isso mais difíceis de detectar, por isso os professores conscientes precisam estar atentos, pois o preconceito é sutíl, e como diz o ditado, o diabo mora nos detalhes. Segue abaixo uma pesquisa do MEC sobre preconceito nas escolas, publicada pela agência de notícias afropress. (www.afropress.com)

Pesquisa/MEC mostra que Escola educa para discriminação
Por: Redação - Fonte: Afropress: Foto: Roque de Sá - 19/6/2009

Brasília – Pesquisa inédita da Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe), patrocinada pelo Ministério da Educação, expõe com toda a nitidez que a Escola se tornou o lugar privilegiado para o aprendizado do racismo e da violência contra negros.

Segundo o levantamento, 94,2% dos entrevistas, entre alunos, pais de estudantes e funcionários de unidades municipais, estaduais e federais de ensino do país, alimentam preconceitos contra negros e outras etnias.

Entre as 18.600 pessoas ouvidas, 96,5% admitiram preconceito contra pessoas com deficiência, e 87,3% disseram evitar pessoas em virtude da orientação sexual.

A pesquisa mostrou ainda que, por meio das crenças, valores e atitudes, o preconceito contra negros é uma constante nas salas de aula. Os pequisadores sortearam 500 escolas públicas do país, incluindo as localizadas em regiões rurais.

Alimentando o racismo

Além de uma parcela de pais, diretores de escolas, professores e funcionários das instituições de ensino, foram entrevistados cerca de 15 mil alunos, com idades a partir dos 14 anos.

Os resultados não deixam dúvidas quanto ao fato de o ambiente escolar ser lugar privilegiado da cultura de discriminação que atinge 49,7% da população negra brasileira. Além de alimentar o preconceito – uma visão negativa de negros – os entrevistados admitiram evitar contato com as vítimas. Os negros – bem como os demais segmentos discriminados - são excluídos em brincadeiras, no recreio ou até em trabalhos na sala de aula e, por isso, a socialização entre todos é prejudicada.

As unidades que apresentaram índice de discriminação mais elevado mostraram também aproveitamento escolar mais baixo.


Uma face assustadora da pesquisa revela que 19% dos entrevistados responderam já terem visto algum aluno negro sendo humilhado ou agredido fisicamente simplesmente em função da cor da pele. Já 18,2% responderam o mesmo em relação aos estudantes pobres e 17,4%, aos homossexuais.

RETRATO DA VERGONHA
(Natureza do preconceito % dos que assumem preconceito)
Geral - 99,3%
Quanto a deficiência - 96,5%
Racial - 94,2%
De gênero - 93,5%
Entre gerações - 91%
Socioeconômica - 87,5%
De orientação sexual - 87,3%
Relativo ao local de moradia - 75,9%
Fonte: Jornal Recomeço/MG - Glória Reis/FIPE - Fundação de Pesquisas Econômicas


Um comentário:

  1. É complicado? É! Deveria ser banido? Sim! Mas, creio que o ser humano tenha por hábito tratar com diferença tudo aquilo que lhe é estranho ou que lhe foi ensinado como estranho. Continuo sustentando a opinião de que o preconceito em sua generalidade será eterno. É uma pena, mas é fato!

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