A Universidade de São Paulo tornou-se o centro das atenções da mídia e da opinião pública do Brasil nos últimos dias. O motivo foi a agressão da Tropa de Choque do governo Serra aos professores, estudantes e funcionários da universidade ocorrida na terça, dia 09/06. A Tropa foi acionada pela reitora da USP Suely Vilela para reprimir uma manifestação pacífica. Pedíamos nesse ato a retirada da Polícia Militar da Cidade Universitária que desde 1° de junho está na USP para impedir o avanço da mobilização dos trabalhadores, em greve há mais de 40 dias. A PM utilizou balas e granadas de borracha, gás lacrimogêneo e cassetetes para machucar professores, funcionários e estudantes, deixando várias pessoas feridas.

O que está em jogo nessa luta é o destino do ensino superior público no Brasil. Nos últimos anos, sucessivas mobilizações têm sido travadas contra a destruição do ensino na USP. Em 2005, todas as universidades estaduais paulistas paralisaram suas aulas reivindicando mais verbas para a educação pública. Em 2007, a luta em defesa da autonomia universitária sacudiu o país com a ocupação da reitoria da maior universidade da América Latina.

Em 2009, antes da PM atacar as pessoas da universidade, os estudantes lutavam contra a Univesp, Ensino à Distância decretado por Serra, ou seja, telecursos como método quase exclusivo de ensino para vários cursos novos que serão criados. Os estudantes querem que todos - e principalmente a população pobre - possam ter professores de carne e osso ao invés de aulas por TV ou internet. Junto a eles estavam professores e funcionários técnico-administrativos, que reivindicavam reajuste nos seus salários e o fim da perseguição política ao movimento sindical.

Há uma queda de braço na USP em torno a dois projetos para a universidade. De um lado, há os que defendem uma universidade que esteja a serviço da população trabalhadora, que produza ciência e desenvolvimento para o país, que tenha suas vagas destinadas ao povo pobre e oprimido, que funcione com democracia e transparência. De outro lado, o governo e a reitoria que querem transformar a universidade num balcão de negócios para as empresas, com seu ensino atrelado aos interesses particulares das multinacionais, com truculência e politicagem.

Depois de sucessivas derrotas em aplicar esse segundo projeto nos últimos anos, a reitoria e o governo utilizam seu último recurso para garantir que sua vontade seja respeitada: a militarização da universidade, a agressão física à comunidade da USP, a violência como método. Isso é um absurdo! Por isso exigimos que a PM se retire e nunca mais volte à USP, imediata reabertura de negociações, a renúncia da reitora Suely e eleições diretas para escolha do novo reitor.

Com a repercussão nacional destes fatos, a luta da USP novamente se torna símbolo de resistência em defesa da educação, com apoio de intelectuais, artistas e movimentos sociais do Brasil e do mundo. É uma luta que deve ser apoiada por toda a população brasileira.

O projeto de universidade que nos é imposto pela polícia e pela reitoria não é exclusivo da USP. Diversas universidades pelo país passam por situações similares. Foi a partir deste entendimento que 2.000 estudantes de todo o Brasil, reunidos no Congresso Nacional de Estudantes, nesse final de semana, na UFRJ, aprovaram um calendário de lutas em defesa da educação que começa com a luta contra a presença da PM na USP. Amanhã nosso ato terá apoio em todo o Brasil, a partir da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre, a ANEL, a nova entidade nacional dos estudantes, criada nesse Congresso e edificada na luta que protagonizamos desde 2007 em defesa da educação e contra os ataques do governo. A ANEL começa a unificar o movimento estudantil nacional a partir da USP.

Convocamos toda a população para res-ponder a essa violência gritando nas ruas:
- Fora PM do campus! Reabertura das negociações!
- Fora Suely! Diretas para reitor já!
- Abaixo à UNIVESP!

QUINTA, DIA 18: GRANDE ATO NACIONAL CONTRA A AGRESSÃO DAS TROPAS DE SERRA À COMUNIDADE DA USP

10h - SAÍDA DE ÔNIBUS DOS CAMPI

12h - CONCENTRAÇÃO NO MASP, AV. PAULISTA



AMANHÃ VAMOS
TODOS À RUA

Fora PM – Fora Suely

Será a grande manifestação dos funcionários, estudantes e professores da USP, Unesp e Unicamp nas ruas de São Paulo.

Estaremos dizendo, através do caminhão de som e panfletagens, à população, que mantém as universidades estaduais de São Paulo e que na sua maioria não tem acesso à elas, o porquê da nossa luta em defesa da Universidade Pública, aberta aos trabalhadores e ao povo pobre.

Vamos denunciar a reitora da USP e o governo Serra, que além de implementar uma política de sucateamento da universidade pública com objetivo claro de privatização, trazem a tropa de choque para dentro da universidade para reprimir os trabalhadores e estudantes, em luta, com bombas e tiros de balas de borracha.
Vamos elucidar o porquê funcionários, estudantes e professores da USP aprovaram em suas
assembleias a saída da reitora Suely, pela absoluta falta de condições morais e políticas de permanecer no cargo.

11 horas: saída da caravana de ônibus em frente à reitoria rumo à Paulista;
12 horas:
concentração no vão do MASP;
13 horas:
saída em passeata pela Av. Paulista, Brigadeiro Luis Antonio até o Largo de São Francisco, onde faremos oGRANDE ATO.