quarta-feira, 9 de março de 2011

PSDB e DEM se devoram em São Paulo

A direita se devora, e a gente se diverte

Brasília Confidencial
    Os partidos de oposição ao Governo Dilma Rousseff inauguraram uma temporada antropofágica em seu principal reduto, o estado de São Paulo, onde o PSDB completará 20 anos no governo. Velhos parceiros, PSDB e DEM já não controlam os conflitos internos. Os dois partidos ensaiam uma reorganização, com eleições em março e maio. Enquanto se canibalizam, ameaçam engrossar as críticas depois que Dilma completar 100 dias na presidência da República.

    A movimentação aparentemente errática do principal aliado de Serra, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que esfacela seu partido, o DEM, para fundar o Partido da Democracia Brasileira e disputar o governo estadual em 2014, fez mais do que expor a divisão interna dos democratas. Kassab irritou profundamente o governador Geraldo Alckmin.
    Os alckmistas, que formam o chamado “núcleo caipira” do PSDB paulista e já se digladiavam com outras facções tucanas em busca de crescimento nacional, não se conformaram quando o próprio vice-governador, Guilherme Afif Domingos (DEM), declarou que seguirá Kassab no trampolim para 2014. Agora, há a certeza de que Afif apoiará Kassab caso ele concorra contra Alckmin em 2014. Embora jamais tenham se entendido com José Serra, os alckmistas recorreram a ele para deter Kassab, mas o ex-governador ainda não se movimentou nesse rumo.

RETALIAÇÃO

    A resposta de Alckmin a Serra começou dura e pode ser ampliada. O governador praticamente arquivou as principais promessas que Serra fez para os paulistas durante a campanha presidencial do ano passado.
    No Diário Oficial do Estado, mais divergências no ninho tucano: Alckmin  rescindiu o contrato de aluguel de carros blindados para transporte e escolta do governador e família. Em outra decisão oposta à Serra, decidiu vender o avião do Estado – jato que ele próprio tentara vender em 2006. Ao assumir, Serra cancelou o processo.
    No fim do mês, segundo a Folha de São Paulo, Alckmin reativará, na Assembleia Legislativa, projeto de criação da macrometrópole paulista, que Serra havia engavetado. O novo governo também identificou problemas técnicos em ações da gestão anterior. Trecho da linha 2 do Metrô, por exemplo, terá de ser redesenhado por questões ambientais. Para completar, na semana passada Alckmin pediu uma lista dos cargos de confiança de seu antecessor no governo, sinalizando que a briga com José Serra continuará pelas próximas semanas.
    Na Prefeitura, Kassab cozinha, em fogo lento, uma reforma no secretariado. Tem oferecido cargos para partidos aliados ao governo federal. O PDT já ganhou uma secretaria, o PSB negocia sua participação e o PCdoB parece disposto a aceitar um ou dois cargos no Governo Kassab, que abriga vários aliados de Serra.

GUERRA DE EGOS

No próximo dia 12, tucanos de todas as plumagens se encontrarão em São Paulo. Deverão discutir as propostas lançadas recentemente pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na tentativa de aplacar a guerra de vaidades, a disputa pela presidência nacional do PSDB marcada para maio e, de quebra, acalmar a disputa em torno de 2014, Fernando Henrique propõe, sobretudo, a formação de um colegiado para comandar o partido. Seria integrado pelo atual presidente, Sérgio Guerra, que teria o mandato renovado, mais o próprio FHC, Serra, Alckmin e Aécio Neves.
    A fórmula do Conselho Político foi usada pelo DEM e se tornou um dos principais motivos do racha no partido. Kassab preside o Conselho Político, mas o deputado Rodrigo Maia, que preside o partido, esvaziou o colegiado adulterando o estatuto interno para retirar-lhe poder decisório. Foi a gota d`água para Kassab criar o PDB, que seus ex- aliados passaram a chamar de Partido da Boquinha.
    Outra tentativa de jogar água na fervura das vaidades tucanas é a retomada da ideia de se fazer prévias internas para as eleições do comando. Mas se trata de mais um projeto que nunca passou disso mesmo.
    “O pior de tudo isso é que, enquanto o DEM e o PSDB praticam os seus canibalismos, o Brasil fica sem oposição respeitável. O eleitor brasileiro não gosta dessas brigas”, disse a Brasília Confidencial um líder tucano paulista.


Nenhum comentário:

Postar um comentário