terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Parentes de vítimas de outros massacres fortalecem movimento das Mães de Maio de São Paulo


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Brasília Confidencial


São 30 mulheres. Algumas moram na Baixada Santista, outras na capital de São Paulo e ainda outras em cidades do interior do estado. Todas convivem com a mesma tragédia – a morte de filhos – e perseguem um mesmo objetivo – saber quem os matou e ver punido(s) o(s) assassino(s). São, enfim, as “Mães de Maio”, autoras do manifesto publicado na internet desde 7 de dezembro, em busca de apoio para pedir ao governo federal que assuma e reabra as investigações sobre a matança que ocorreu em São Paulo durante o mês de maio de 2006.

O movimento foi iniciado ainda naquele maio, quando a polícia paulista matou indiscriminadamente quase 500 pessoas, a pretexto de reagir a uma ofensiva da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que atacou instalações policiais da PM, Corpo de Bombeiros e Guardas Civis Metropolitanos (GCM) em várias cidades. A maior parte dos assassinatos foi praticada em circunstâncias que evidenciam execução sumária: tiros pelas costas a curta distância, vestígios de pólvora e estilhaços de bala nas palmas das mãos, etc.

No litoral paulista, a violência policial causou a morte de 74 pessoas. E originou a criação da Associação Amparo de Mães e Familiares de Vítimas da Violência.

“Em São Paulo foram 453 execuções sumárias, na sua maioria de jovens, negros e pobres, que estão hoje com seus inquéritos policiais arquivados”, diz uma das Mães de Maio.

“Nem na ditadura militar ocorreu um massacre com esta quantidade de vítimas, sem que ao menos fossem localizados seus autores, que hoje circulam livremente pelas ruas, fazendo novas vítimas”.

Ao mesmo tempo em que acusam policiais militares e grupos paramilitares pelos assassinatos, as Mães de Maio acusam o Governo Serra de omissão.

“O governador Serra não quer negociar nada. Ele tem evitado qualquer atividade referente aos Direitos Humanos, porque sabe que o Estado de São Paulo terá que responder por estas mortes. Ele tem se omitido e, sequer os secretários de Segurança nos recebem”.

Agora, o movimento pela reabertura e a federalização das investigações sobre a matança paulista de 2006 está recebendo a solidariedade de familiares de vítimas de outros massacres, como os da Candelária, Acari e Vigário Geral, praticados por forças policiais e/ou paramilitares no Rio de Janeiro.

Naquelas três chacinas, policiais militares e ex-PMs assassinaram 40 pessoas – 11 em Acari, entre elas 7 menores, em 26 de julho de 1990; 8 na Candelária, incluídas 6 menores, em 27 de julho de 93; e 21 em Vigário Geral, em 29 de agosto de 93. Dos 52 PMs acusados pela chacina de Vigário Geral, apenas 6 foram condenados; outros três foram condenados pelo massacre da Candelária; e ninguém foi sequer indiciado, até agora, pela matança de Acari. Quase 30 anos depois, o inquérito não foi concluído ainda.



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