ASSUNÇÃO, (ANSA) - A Vanguarda Colorada, um setor interno do Partido Colorado, que governou o Paraguai por 60 anos, aderiu ao movimento que pede um julgamento político contra o presidente do país, Fernando Lugo. Liderado pelo ex-vice-presidente da República Luis Castiglioni, a Vanguarda Colorada decidiu, em reunião realizada ontem, mudar a sua postura e apoiar a iniciativa contra o mandatário. Para Castiglioni, existe a necessidade de iniciar um "debate sério" sobre "os méritos para a realização de um eventual julgamento político". A presidente do Partido Colorado, Lílian Samaniego, "celebrou a decisão" da Vanguarda e afirmou que "até o momento [Lugo] não buscou diálogo e há sérias suspeitas de irregularidades em sua administração". A Constituição paraguaia só permite que o presidente da República seja submetido a um julgamento político "por mau desempenho, delitos cometidos no exercício do cargo ou crimes comuns". Os defensores dessa medida estão divididos quanto as possíveis causas para a abertura do processo. Uma parte deles cita o suposto caso de corrupção na compra de terras superfaturadas para a reforma agrária, enquanto outros apontam a má imagem do país depois das denúncias de paternidade contra Lugo. No último domingo, o vice-presidente do Paraguai, Federico Franco, em entrevista ao jornal La Nación, acusou o mandatário de "traição" e se disse "preparado" para assumir a Presidência caso fosse necessário. O chefe do Gabinete Civil da Presidência, Miguel López Perito, assumiu que o governo está preocupado com a situação. No entanto, o chanceler paraguaio, Héctor Lacognata, não acredita que a oposição conte com os votos necessários para impulsionar o julgamento político, "porque se tivesse, já teriam começado [o processo] há algum tempo". Para que o julgamento político seja iniciado, necessita do apoio de dois terços ou 53 dos 80 deputados da Câmara. Assim, o Senado se converteria em tribunal para julgar o presidente.
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