sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A autorização do Vaticano para a baixaria nas eleições


A saudação de Ratzinger
A declaração do chefe da igreja católica, Joseph Ratzinger, dada ontem no Vaticano se dirigindo a bispos nordestinos, foi muito mais do que uma reafirmação de princípios doutrinários da igreja, foi uma direta e clara autorização para que religiosos tentem interferir nas eleições presidenciais no Brasil, incluindo o uso de propaganda negativa e mentirosa contra a candidata Dilma Roussef.
O Papa é um chefe de estado, o Vaticano é um estado soberano. A declaração não pode ser vista apenas como uma manifestação política de um religioso, mas como a de um chefe de estado autorizando seus subordinados de se intrometerem em assuntos internos brasileiros. Para efeitos de comparação é como se o Obama declarasse que os funcionários de embaixada e consulados americanos no Brasil pudessem sair por aí imprimindo e distribuindo panfletos atacando candidatos.
Ratzinger não pode dizer que desconhece o que acontece no Brasil e da posição infeliz de setores da igreja católica nessas eleições. Ele foi procurado por bispos brasileiros que queriam autorização para difundir a campanha da desqualificação e do ódio, contrariando as campanhas de fraternidade e amor que a igreja católica costuma protagonizar. Ele autorizou mesmo sabendo que jogavam sujo, na surdina, como no caso da impressão de milhões de panfletos fazendo acusações que Dilma desmentiu publicamente por diversas vezes.
O alemão Joseph Ratzinger, que hoje é Papa, pertenceu no início dos anos 40 da juventude hitlerista, braço paramilitar do partido Nazista, que comandado por Hitler foi responsável pelo extermino de milhões de judeus. Hoje, Ratzinger diz que foi forçado a participar do grupo, no que ele tem todo o direito. Direito o qual que também reservo para dizer que não acredito, afinal, depois da condenação da humanidade ao nazismo ninguém é mais capaz de assumir que apoiava. Convenhamos que é irônico para alguém que apoiou e participou do regime que exterminou milhões de pessoas, venha hoje clamar para si o papel de “defensor da vida”.
A igreja católica não é só esse Papa, nem desse séquito de fanáticos que se apoderaram dela com a chegada dele ao poder. A igreja também é a do Frei Betto, de Leonardo Boff, das pastorais da terra que fizeram tanto pelos desprotegidos do campo. O problema é esse grupo que comanda hoje o vaticano e a CNBB no Brasil, que com seus métodos vem assustando e revoltando fiéis, tomando primeiro contato com uma face da igreja desconhecida por ter sido escondida durante o século 20.
A defesa cada vez mais agressiva do Vaticano e de setores conservadores da Igreja por valores dogmáticos tem como efeitos colaterais a morte de milhões de mulheres no mundo inteiro por problemas decorrentes de abortos não assistidos e pelo atraso no progresso da ciência para busca de novos métodos de cura utilizando células tronco, que poderia melhorar a vida de outros tantos milhões.
O verdadeiro motivo para tanta agressividade nada tem a ver com a enfática defesa de princípios, mas o de manter e conquistar poder que a igreja vem perdendo progressivamente a medida que perde fiéis por conta da defesa de posições controversas e dos escândalos envolvendo casos de pedofilia. Com relação a isso, as frequentes denúncias contra padres pedófilos colocam em xeque a confiança dos fiéis, principalmente porque as vítimas são crianças indefesas, deixadas pelo próprios pais sob os cuidados de religiosos sem imaginar que sofriam abusos sexuais por aqueles que se diziam servos do senhor.
Cabe lembrar ao Ratzinger e aos bispos reacionários da CNBB que a justiça eleitoral considerou ILEGAIS os panfletos assinados pela Regional Sul da organização eclesiástica. A lei leitoral é clara e, sem julgar o mérito da calúnia e difamação pelo uso de mentiras, ela diz que durante o período eleitoral qualquer referência impressa a candidatos, seja positiva ou negativa, é considerada material de campanha e tem de seguir modelo aprovado pela legislação que prevê a obrigatoriedade da inclusão de informações como o nome da coligação de partidos e o CNPJ.
A diocese de Guarulhos primeiro negou a autoria da impressão dos panfletos apreendidos, depois recuou e assumiu. Para imprimir os panfletos o bispo de Guarulhos assume que recebeu doações de empresas e fiéis, sem citar os autores, o caso está sendo investigado e o dinheiro pode ter vindo de caixa 2 da campanha de José Serra. Restou provado que pelo menos nessa ocasião, a Diocese de Guarulhos se uniu aos Monarquistas e Integralistas (estes últimos acusados de defender princípios fascistas e nazistas) para esta ação, o que torna o caso mais vergonhoso ainda para o católico que não reconhece mais a sua própria igreja.
Já tem padres dizendo que a polícia deveria devolver os panfletos apreendidos. Volto a dizer: a distribuição desse panfleto configura CRIME ELEITORAL, salvo nova manifestação em contrário pela justiça eleitoral, o que não aconteceu até o fechamento desse artigo. É no mínimo curioso ver religiosos vir agora a público defendendo o direito à opinião e manifestação, quando em 2006 e 2008 houve pregação efusiva nos templos exortando fiéis a boicotarem e censurarem os filmes: O Código Da Vinci e Anjos e Demônios.







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