sábado, 8 de agosto de 2009

Pedra de Crack


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Em minha postagem número 100 resolvi publicar algo diferente, um poema, de minha autoria, feito há alguns anos atrás. Este poema retrata sensações acerca da cidade de São Paulo, impressões que infelizmente continuam atuais.



Pedra de Crack


O sol chega na hora marcada

Mas o cartão postal é paredão em concreto armado

Os prédios se voltam uns contra os outros aos palavrões

É violência!

Uma camada de vinte centímetros de pó sobre as neuroses

Um método moderno de otimizar a paranóia

É melhor morrer de câncer que de tédio

_ As 16:00 horas o suicida se atirou do alto do prédio

_ As 16:30 seus miolos fritavam no asfalto

É caos!

Uma sinfonia de ruídos voltam todos os insultos do homem a Deus

É megalópole!

Rotineira ânsia de vômito

Corriqueiro ódio ao sistema

Previsível sede de auto-destruição

Esses homens destruíram nossa cidade

Esses homens insistem em nos matar aos poucos

Um pouco por dia

Esses homens roubaram nossos sonhos

Não encontraremos rosas pelas esquinas

Quem sabe uma pedra de crack acelere um pouco o processo de solidificação de nossas almas

É São Paulo!

4 comentários:

  1. Noooossa detonou! Pior tudo continua igual, nada mudou.

    Abrs!

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  2. Parabéns poeta! Sinto mito, me perdoe, te amo, sou grato!

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  3. Ê terra da garoa danada, sô!!!
    O caos diário dessa cidade é insuportavelmente opressor. E o pior, quando algum grupo consegue reagir coletivamente, quando chega a gota d'água, que cada vez está transbordando menos o pote, mesmo com tanta enxurrada, leva bala de borracha, bomba de concusão, gás nos olhos e tapa os plenos pulmões. Eu, quando criança, ouvia o terror do regime comunista chinês, e até hoje ouço de Cuba, que obrigam a população a se submeter a filas imensas - pra pegar comida, transporte e utensílios de graça ou quase de graça. Em São Paulo, o símbolo capitalista brasileiro, quase morro todo dia, esmagado no metrô, no ônibus, nas ruas sem ar, nas filas de mercados, todos caríssimos e sem o mínimos respeito ao ser humano.
    Cadê os visionários, aqueles que não aceitam os "antiquados", "ultrapassados" esquerdistas???
    Mentirosos. Vivem em suas casas em Alphaville...
    "Bulllet"(documentário sobre São Paulo) neles.

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