sábado, 28 de novembro de 2009

Que Lua Nova que nada, o negócio é ver Deixa Ela Entrar



deixe+ela+entrar.<span class=


Isso mesmo, nada de perder tempo com o besteirol MTVesco Lua Nova, filme feito por encomenda para agradar as classes médias brancas mundo afora. Deixa Ela Entrar é um drama existencial, os vampiros são pessoas normais, podem ser aqueles vizinhos esquisitões do fim da rua, ou aquele tipo solitário que não fala com ninguém. Não há glamour, nem mansões, gente elegante, adolescentes de rostinho bonito. Apenas pessoas comuns, sob o imenso peso da realidade, que no fim das contas é o que impressiona de fato.



Deixa Ela Entrar

OUT


Com a febre "Crepúsculo" em seu auge, produções sobre vampiros podem ser vistas com uma certa desconfiança entre pessoas com mais de 20 anos. É compreensível, mas saiba que, se esta for a sua postura, você perderá obras interessantes protagonizadas pelos sugadores de sangue e uma delas é esta pérola sueca, "Deixa Ela Entrar".

"Deixa Ela Entrar" tem elementos de terror. Possivelmente, quando for lançado em DVD, ficará na seção específica desse gênero nas locadoras. Mas o filme de Tomas Alfredson é muito mais do que isso. É, na verdade, na mistura de gêneros, que ele subverte todas as expectativas de um filme de horror, já que, além dos momentos apavorantes, a produção é um romance e um triste drama sobre o amadurecimento.

Uma das metades do romance é Oskar, um solitário garoto de 12 anos. No início do filme, presenciamos Oskar ensaiando facadas que, provavelmente, no futuro, serão destinadas a alguém. Mas logo descobrimos que se trata de um ensaio para um tipo de vingança contra alguns colegas de escola que não perdem a chance de maltratar o garoto. Vingança que, possivelmente, nunca iria acontecer, já que Oskar é frágil e passivo demais para responder à altura. Um menino isolado na escola e que não parece ter muita conexão com os pais. Ele conhece e logo se afeiçoa a uma menina também solitária, mas por outros motivos. Ela só sai à noite, anda descalça na neve e, como a própria diz, não é exatamente uma menina e tem mais ou menos 12 anos. Você já sabe do que se trata a nossa amiga, certo?

O interessante de "Deixa Ela Entrar" é que Alfredson usa o terror para mostrar o surgimento de um romance e o desenvolvimento de um drama. Entre cenas causadoras de aflição, somos testemunhas do nascimento e crescimento da cumplicidade entre os protagonistas, muito por, através de motivos diferentes, se parecerem. Ele é o "
loser" da escola, e ela o completa, dá coragem ao garoto para revidar as provocações. E Eli recebe de Oskar a amizade, o desejo, que é tão difícil para ela, por ser uma vampira.

Apesar de contar com vários personagens, Alfredson e o roteirista John Ajvide Lindqvist (também autor do livro que deu origem ao filme) acertadamente se importam apenas com Eli e Oskar. Há um senhor que faz uma certa parceria com Eli, mas nós nunca sabemos o que ele é na verdade. Nem mesmo qual é o papel do pai de Oskar na vida do garoto. Se para algumas pessoas isto pode parecer estranho, afinal aparecem personagens que, no fim das contas, não tem uma razão e não são desenvolvidos, isso evita que "Deixa Ela Entrar" seja um filme simplório, de respostas fáceis ou didático.

Se você está cansado de vampiros, portanto, recomendo que faça um esforço e assista a este belo filme (no sentido estético também). Porque em "Deixa Ela Entrar", ser vampiro, ou não, não é o que realmente importa. É apenas um pretexto para falar, de uma forma profunda, sobre o amadurecimento.


Nenhum comentário:

Postar um comentário