Desirèe Luíse
Alegando autos de resistência, a Polícia do estado do Rio de Janeiro matou mais de dez mil pessoas em quase 11 anos – de janeiro de 1998 até setembro deste ano – média de 2,4 mortos por dia. A estatística foi divulgada pela Secretaria de Segurança. A Polícia usa o registro auto de resistência para caracterizar situações em que houve resistência do opositor resultando em sua morte.
O vice-diretor do Laboratório de Análise da Violência da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), o sociólogo Ignacio Cano, classificou o número de mortos como a radiografia da barbárie.
“É uma Polícia que age dessa forma é a que vive em condições semelhantes a de uma guerra. A redução desses números a um patamar civilizado deveria ser uma das prioridades da política de segurança.”
No entanto, os números mostram que está longe a redução das vítimas mortas em auto de resistência. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), a média de mortos em alegados confrontos saltou de um por dia no último ano do ex-governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB), para 3,3 por dia na atual gestão de Sérgio Cabral (PMDB).
Criado durante a ditadura militar, o auto de resistência encobre os casos de execução sumária, de acordo com o sociólogo Ignacio. Segundo ele, os indícios na maioria dos registros comprovam: as vítimas são assassinadas com disparos pelas costas, na cabeça e à queima roupa.
“Então, é claro que junto com os confrontos legítimos há também casos de execução sumária e todos são varridos para baixo do tapete sob o nome de auto de resistência.”
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