"Todos os servos que estão debaixo do jugo considerem seus senhores dignos de toda honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados. E os que têm senhores crentes não os desprezem, porque são irmãos; antes os sirvam melhor(...)". TIMóTEO [6]1
O governo israelense procura legalizar uma nova forma de exploração do trabalho dos imigrantes sem documentos que habitam o país.
Leia abaixo a tradução do artigo, feita pelo site Solidariedade com a Palestina:
Israel propõe campos de trabalho para imigrantes sem documentos. O governo está a considerar a possibilidade de criar campos de trabalho no Sul do país, em que imigrantes ilegais serão alojados, alimentados e receberão assitência médica, segundo referiu na 4ª feira a Rádio do Exército. Em contrapartida, os imigrantes ilegais levariam a cabo trabalho braçal fora dos campos, mas não receberiam salário.
por Dana Weiler-Polak, correspondente do diário Haaretz
Eles permaneceriam nos campos enquanto os seus pedidos de asilo fossem despachados, o que poderia demorar meses ou anos.
A proposta, que faz parte do esforço para enfrentar os problemas colocados pelos imigrantes ilegais, colocaria os candidatos a asilo em comunidades do deserto de Negev e Arava. Os seus salários seriam pagos ao Estado, para financiamento dos campos.
A questão dos imigrantes estrangeiros ilegais e dos refugiados fez manchetes devido aos esforços de organizações de direitos humanos para impedir a deportação das crianças de 1.200 trabalhadores estrangeiros. Um dos principais argumentos dos defensores da deportação, incluindo o Ministro do Interior Eli Yishai (do partido Shas, [da extrema-direita]), era que permitir-lhes permanecer iria atrair centenas de milhares de imigrantes ilegais além destes.
Eles trariam “uma série de doenças, como hepatite, sarampo, tuberculose e Aids, [bem como] drogas”, afirmou Yishai.
“Receio que tenhamos caído muito baixo”, afirmou o deputado Dov Khenin (do partido Hadash) ao reagir à proposta de campos de trabalho, e acrescentou que em sua opinião o plano encorajaria mais candidatos a asilo a tentarem entrar em Israel.
“O plano induziria refugiados a virem para Israel. Uma cama é um incentivo em comparação com os países de origem deles. Israel tem o direito de fechar as suas fronteiras, mas quando alguém vem para cá não se pode lutar contra esse alguém. Isto mostra que não aprendemos nada, como povo que vive num país criado por refugiados para refugiados”, acrescentou Khenin.
A acrescentar à oposição de grupos de direitos humanos, as comunidades do sul poderão tão-pouco responder favoravelmente ao plano. Em abril de 2008, durante uma audiência em tribunal sobre a política governamental de colocar demandantes de asilo nos subúrbios Norte e Sul, a Norte de Hadera e a Sul de Gedera, foi apresentado ao tribunal um memorando sobre as perspectivas de emprego dos imigrantes. No documento, Sigal Rosen, da Linha Vermelha para Trabalhadores Migrantes, declarou que os kibbutzim do Sul não tinham mostrado interesse em contratar os migrantes.
“Contatamos muitos kibbutzim num esforço para obter a libertação de demandantes sudaneses de asilo para trabalho agrícola”, disse ela. “Apesar de reconhecerem a sua desesperada necessidade de trabalhadores, a maioria dos coordenadores dos kibbutzim recusaram o meu pedido ao tomarem conhecimento de que teriam de pagar aos demandantes de asilo um salário mínimo estipulado por lei e que não poderiam fazer no seu salário deduções [de despesas] para além do que determina a lei sobre trabalhadores estrangeiros”.
Rosen contactou centenas de potenciais empregadores dos kibbutzim e das comunidades agrícolas moshav, mas muito poucos estavam interessados. No final, apenas 14 moshavim e dois kibbutzim concordaram em contratar imigrantes sudaneses como trabalhadores agrícolas.
Ontem também a Anistia Internacional criticou a proposta. O director do grupo em Israel, Itay Epstein, comentou: “A ideia louca de alojar à força refugiados em campos de trabalho no Sul é contrária ao direito internacional e a todos os tratados internacionais que Israel subscreveu”.
E acrescentou que “Israel está obrigado a proporcionar aos refugiados e demandantes de asil que lhe batem à porta um porto seguro, [bem como certos direitos], que incluem o direito a viver com dignidade, a trabalhar e a ganhar o seu sustento. Com certeza que eles não devem ser empregados à força, aproveitando nós da miséria dos sobreviventes de genocídios e de perseguições”.
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