quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Valência há seis dias em “estado de sítio”. Desde a passada quarta-feira, os relatos de atos de violência contra estudantes por parte das autoridades valencianas têm sido uma constante. A manifestação realizada esta terça-feira juntou um número ainda maior de pessoas e os protestos já se alastraram a várias cidades espanholas.



Desde a passada quarta-feira, os relatos de atos de violência contra estudantes por parte das autoridades valencianas têm sido uma constante. A manifestação realizada esta terça-feira juntou um número ainda maior de pessoas e os protestos já se alastraram a várias cidades espanholas.
Foto de Kai Foersterling, EPA/Lusa.
Segundo divulga a Esquerda Anticapitalista espanhola no seu site, Valência, capital e maior cidade da Comunidade Valenciana e terceira maior da Espanha, encontra-se há seis dias em “estado de sítio”.
A escalada de violência contra os manifestantes teve início na passada quarta-feira, quando algumas centenas de estudantes se reuniram em frente ao Instituto Luis Vives como forma de protesto contra os cortes no ensino impostos pelo governo valenciano. As medidas de austeridade promovidas pelo executivo traduzem-se não só em cortes salariais como também na redução do apoio aos estudantes e inclusive, nas condições logísticas das salas de aulas, estando, neste momento, o aquecimento das mesmas a ser limitado. A situação das universidades públicas de Valência é já dramática.
Durante os protestos da passada quarta-feira terá sido cortado o trânsito em duas das principais ruas da cidade, o que despoletou uma intensa carga policial.
Desde então, os conflitos entre polícia e manifestantes têm-se intensificado, sendo que os protestos contam com estudantes de todos os institutos de Valência, pais, professores e até mesmo representantes sindicais e políticos.
Esta terça-feira, registaram-se mais 21 detenções, cinco das quais eram respeitantes a menores de idade. Ver vídeo da carga policial.
Autoridades estão a “encher as prisões de estudantes”
O presidente da Federação Valenciana de Estudantes e conselheiro escolar do Estado e da Comunidade Valenciana, Alberto Ordonez, que foi preso na passada quinta-feira, afirmou que as autoridades estão a “encher as prisões de estudantes" e que os estudantes só abandonarão as ruas quando forem libertos os estudantes detidos sem qualquer acusação.
"Mais educação e menos corrupção", ”Quanta mais violência usarem, mais seremos”, Por uma educação pública, laica e de qualidade”, “Estas são as nossas armas” (em alusão as livros que carregam consigo), são alguns dos motes a que recorrem os manifestantes.
Protestos ganham maior amplitude
Segundo noticia o El Pais, os protestos convocados para esta terça-feira foram os maiores desde que começaram os confrontos. Foi organizada uma marcha de apoio que saiu da faculdade de História e se uniu aos milhares de manifestantes concentrados em frente ao Instituto Luis Vives. Ver vídeo da manifestação.
Entretanto, têm-se multiplicado os pedidos de demissão da delegada do governo, Paula Sánchez de León. Vários partidos também já pediram a comparência do ministro do Interior no Congresso dos Deputados.
A maioria dos sindicatos de estudantes decidiram convocar uma greve conjunta para 29 de fevereiro, enquanto os partidos políticos da oposição anunciaram uma concentração de solidariedade para com os estudantes para esta quarta-feira.
Em comunicado, a Esquerda Anticapitalista espanhola reivindica a libertação dos detidos em Valência, a renúncia da delegada do governo e dos responsáveis pelas forças policiais e a retirada do decreto sobre as medidas urgentes do Conselho do governo valenciano e da Lei de Reforma Laboral.
Protestos alastram-se um pouco por toda a Espanha
Esta terça-feira, os protestos já se alastraram a outras cidades espanholas. Em cidades como Barcelona, ​​Sevilha, Málaga, Benidorm, Alicante, Cáceres, Granada, entre outras, os estudantes uniram-se aos protestos dos seus colegas de Valência, organizando concentrações em frente às delegações do governo e em frente à sede do PP. Em Madrid foi convocado um protesto denominado Primavera Valenciana para a Praça do Sol, e foi agendada uma concentração para as 20h em frente ao ministério da Educação.
Chefe da polícia de Valência chama estudantes de “inimigos”
As declarações do chefe da polícia de Valência também contribuíram para agravar o descontentamento dos estudantes. Antonio Moreno justificou o facto de não revelar o número de agentes que tinha nas ruas da cidade com o argumento de que "é imprudente revelar ao inimigo” quais são as suas forças.
O ministro da Justiça espanhol, Alberto Ruiz-Gallardón, já veio também defender esta terça-feira a ação das forças policias, alegando que os agentes policiais foram "violentamente agredidos".

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