Formado em 2005, na região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, o grupo de rap Veneno H2 se destaca pela origem incomum: surgiu em um assentamento da reforma agrária. O grupo caba de lançar o CD “Militante da Terra”, com letras que retratam as dificuldades da vida no campo e nas periferias das cidades.
Carlos Cesar (Cesinha), Paulo Eduardo (Mano Fi) e o John Miller (John Doido) são agricultores e vivem do trabalho nos lotes de seus familiares. Em entrevista à Radioagência NP, John Miller revela como o grupo se formou e explica que um dos objetivos é mostrar para a juventude a importância da organização, como forma de enfrentar os problemas em comum.
Radioagência NP: Jonh, qual é o público do Veneno H2?
John Miller: Principalmente a juventude da periferia. A gente vê que os jovens têm certa resistência em estar se organizando, até pela questão da disciplina. Então, a gente apresenta um contraponto para mostrar que essa disciplina e essa organização são necessárias.
Radioagência NP: Onde vocês se apresentam?
JM: Nos apresentamos em espaços de luta dos movimentos sociais. Já fomos para Brasília [DF], Niterói [RJ], Rio Grande do Sul, Paraná, várias cidades no estado de São Paulo, além das casas de show voltadas para o Rap. Tem o pessoal da universidade que trabalha com a gente por ser um Rap voltado para a questão da luta e o pessoal de grupo de Extensão se identifica.
Radioagência NP: Vocês vivem com que recursos?
JM: Na verdade, a gente não vive só em torno da música. Estamos começando agora e trabalhar com o Hip Hop dentro do movimento social é muito difícil. A gente trabalha com música, mas tem muito forte a cultura camponesa. Eu, o Fio e Cesinha trabalhamos na roça, a gente planta, trabalha com horta. Quando a gente não está em nenhuma atividade, a gente está nos lotes dos nossos pais. Trabalhamos para a própria subsistência, para a comercialização de verdura. Temos um vínculo bem direto com a terra.
Radioagência NP: Como surgiu o grupo? Como vocês se conheceram?
JM: O Veneno H2 começou com o Cesinha, Mano Fio e a Nina Paula. Eu estava passando um tempo no assentamento e comecei a me interessar. Eu fazia as bases no violão e eles cantam em cima. Nos primeiros encontros que a gente se apresentou, foi dessa forma. Tinha um microfone para o violão e para a voz. Então, a gente tinha que ficar de um jeito meio estratégico se não as pessoas não conseguiam escutar. A gente substituiu essa ideia do violão quando o Cesinha ganhou um CD de bases, muito antigo.
Radioagência NP: A que você atribui a identificação entre os membros do grupo?
JM: Foi até uma demanda de estar desenvolvendo algum trabalho dentro do assentamento, o que até então não tinha. E o Hip Hop era uma atividade muito forte porque eles eram da favela e eu tinha saído da periferia para um assentamento. E foi isso que fez a gente se identificar para fazer a formação do grupo.
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