À medida que a população mundial abandona os campos e enche as cidades, novas formas de pobreza afetam cada vez mais as crianças. A vida nos bairros de lata, onde moram centenas de milhões de menores de idade, são “uma expressão de privação e exclusão”, denuncia a Unicef num relatório sobre as “crianças no mundo urbano".
O abandono dos campos e a progressiva urbanização da população mundial está a criar novas formas de exclusão e pobreza que afetam e fragilizam sobretudo as crianças. A denúncia parte da Unicef, que hoje apresenta o relatório"Situação mundial da infância 2012: crianças no mundo urbano".
Metade da população mundial, incluindo mil milhões de crianças, já vive em cidades, uma percentagem que continuará a aumentar até que, em 2050, sete em cada dez pessoas vivam num ambiente urbano.
Mas, se a tendência para a urbanização do mundo parece irreversível, os perigos de exclusão que lhe estão associados são potenciados facto de 60 por cento dos seus novos habitantes serem crianças. Dentro de muito poucos anos, calcula a Unicef, a maioria das crianças já vai nascer em cidades.
Mas se viver nas cidades costuma traduzir-se em melhores indicadores de saúde e educação, as infraestruturas e serviços “não estão a acompanhar o crescimento urbano em muitas regiões e as necessidades básicas das crianças não estão a ser satisfeitas”, dizendo a Unicef que “a cobertura global da vacinação está a progredir, mas permanece reduzida em bairros de lata”.
As disparidades sociais existentes dentro das cidades, nomeadamente nos bairros de lata que estão a florescer um pouco por todo o mundo para acolher grande parte das pessoas que abandonaram a vida no campo, são uma “uma expressão de privação e exclusão”.
O relatório da Unicef recorda que “muitas crianças beneficiam das vantagens que a vida urbana lhes oferece, incluindo o acesso a equipamentos como escolas, serviços de saúde e espaços recreativos. Mas a demasiadas crianças é negado o acesso a serviços básicos, como água potável, eletricidade e cuidados de saúde”, sustenta o relatório anual.
Uma em cada três pessoas a morar nas cidades de todo o mundo estão em bairros marginalizados, um número que sobe para os 60 por cento quando falamos das cidades de África. De acordo com a Unicef, em 2020, mais de 1400 milhões de pessoas deverão viver em acampamentos e bairros marginalizados.
"Muitos enfrentam também a ameaça constante de despejo, embora vivam já em condições muito difíceis, em casas precárias, bem como em acampamentos sobrelotados, altamente vulneráveis a doenças e desastres", pode ler-se no documento.
A Unicef, pegando nos números apresentados no relatório, considera urgente que os governos coloquem as crianças no centro dos processos de ordenamento urbano, bem como a melhorar a cobertura das prestações de cuidados públicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário