sábado, 24 de outubro de 2009

Henry Miller



Henry Miller


Por Allan Bratfisch - twitter.com/allanbrat


Um homem à frente do seu tempo


A inquietante busca pelos saberes traduziu a vida do escritor Henry Miller, considerado um dínamo da literatura contemporânea


Henry Miller[1] esteve à frente do seu tempo. Não apenas por consagrar-se como escritor no final do século XX, mas pela versatilidade com que empregava os pensamentos diante de várias questões. Debruçava-se diante de assuntos simples aos mais complexos da vida. Enquanto escritores tentavam espremer uma ideia, Miller despejava com naturalidade um fluxo prodigioso delas no papel.

Em uma torrente elétrica, produziu uma das mais importantes obras literárias de todos os tempos: a trilogia Sexus, Plexus e Nexus, à qual também intitulou A Crucificação Encarnada.

O artista destacou-se, sobretudo, como romancista autobiográfico ao ser influenciado pela literatura confessional de Santo Agostinho. Conseguiu captar a época que viveu e durante o período mostrou talento multidisciplinar, escrevendo ensaios e críticas acerca de cinema, religião, filosofia, pintura, teatro e comportamento humano.

Henry Miller nutria a influência oriental. Tanto que o nova-iorquino nascido em Manhattan, fantasiava ter nascido na Mongólia. E meditava noite e dia sobre a obra de Lao-Tse, o “Tao te Ching”. Buscava, incessantemente, por algo que talvez não tenha encontrado em toda vida. Não por acaso, a literatura de Jacob Boheme[2] o acompanhava num período em que a ciência desprezara os “outros saberes”: o misticismo e a metafísica.

Cultivando tais sabedorias, o escritor disse em seu livro Sabedoria do Coração (1941): “a postura de Howe[3]abarca visões conflitantes de mundo; nela há lugar para incluir Whitman, Emerson, Thoreau e também o taoísmo, o zen-budismo, a astrologia, o ocultismo, etc. É uma visão eminentemente religiosa da vida, uma vez que reconhece a ‘supremacia do invisível’. Enfatiza o lado escuro da vida, tudo aquilo que se considera negativo, passivo, mau, feminino, incognoscível.”

De acordo com o literato, a ciência apenas media cuidadosamente o observável, mas desdenhava o inobservável. Ideias obscurantistas como estas, faziam-no filosofar e o motivaram quando curiosamente se tornou “psicanalista”. Período rápido, aliás, que tratava quatro pacientes por dia com uma mistura de Santo Agostinho, Emerson, Velho Testamento, Freud e Lao-Tse. Esse ofício, porém, não era seu verdadeiro talento.


Marginal - Apesar do vasto repertório linguístico e cultural, para alguns ele foi considerado apenas artista mundano. O rótulo adveio ao escrever Trópico de Câncer (1934), pelo qual relatou um mundo vivido em Paris dos artistas e escritores marginais, da fome, da miséria, das prostitutas, dos cafés. Um retrato, no entanto, diferente daquela cidade-luz na qual Hemingway descreveu em Paris é uma Festa[4].

Em O Tempo dos Assassinos (1956), Henry Miller elegeu três estandartes de sua própria revolução paradigmática. Segundo ele, Cristo, Rimbaud e Van Gogh teriam revolucionado a humanidade - por meio do sacrifício, da poesia e das cores, respectivamente. Comparou-os como o Sol, que durante os dias nos ilumina e aquece, porém, é admirado somente quando vai desaparecendo à linha do horizonte.

Para Miller, portanto, os indivíduos mais representativos de uma época são aqueles que se situam no fluxo criativo. Por outro lado, eles são sempre e inevitavelmente rejeitados e “crucificados”. “Tais homens vivem no tempo sideral, que é a cronologia do poeta e não a do astrônomo. O visionário prediz as estrelas e os planetas que serão descobertos, porque estes indivíduos pertencem tanto à Terra quanto às estrelas”. (MILLER, Sabedoria do Coração, p-65).



[1] Henry Valentine Miller, escritor norte-americano (1891-1980).

[2] Jacob Böehme (1575-1624), de origem humilde e filho de luteranos alemães, escreveu livros como "Die Morgenrotte im Aufgang" (O vermelho Matutino), “Von der Drei Principien Gottliches Wesens" (Os Três Princípios da Natureza de Deus); entre outros.

[3] E. Graham Howe, psiquiatra inglês, autor dos livros I and Me, Time and Child e War Dance.

[4] Paris é uma Festa, livro de reminiscências do romancista norte-americano Ernest Hemingway



Um comentário:

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