Estatísticas extra oficiais situam em 10 mil civis mortos as vítimas da fracassada política do ex-presidente estadunidense George W. Bush herdada por Barack Obama
Manuel Navarro Escobedo
Incapacidade das forças estadunidense e a OTAN, corrupção em Cabul e massacre da população enfatizam a fracassada política do ex presidente George W. Bush herdada por Barack Obama, oito anos depois no Afeganistão.
Depois de seu bombardeio, invasão e ocupação, Estados Unidos e a Organização do Atlântico Norte (OTAN) prosseguem emperrados e sem esperanças algumas em eliminar à resistência islâmica, supostos objetivos de sua permanência nessa nação centro-asiática.
A ação "vingança" executada pela Casa Branca contra o governo de Cabul do mulláh Mohamed Omar dirigiu-se para essa meta sob o pretexto de cobiçar a Osama Bin Laden, a quem acusou pelos ataques a Nova Iorque e Washington, no 11 de setembro.
Com esse propósito, Washington empregou seu mais sofisticado arsenal de destruição em massa para tirar do poder a Omar e Bin Laden, a quem treinou e equipou durante as décadas de 1980 e 1990 contra a antiga União Soviética, ainda que os mísseis e bombas caíssem sobre cidades, hospitais, mesquitas e povoados civis em 7 de outubro de 2001.
No dia escolhido às 16:30 UTC aproximadamente 50 mísseis Tomahawk foram disparados de aviões, navios e submarinos dos Estados Unidos e Grã-Bretanha contra Cabul, Jalalabad, Kandahar, Herat, Kunduz, Farah e Mazar-el Sharif no que se denominou Operação "Liberdade Duradoura".
Neste contexto, estatísticas extra oficiais situam em 10 mil civis mortos as vítimas desses indiscriminados bombardeios iniciais contra o território afegão da aviação norte-americana e britânica. Agora essa quantidade ultrapassa os 60 mil.
Idêntica cifra se contabilizou entre os lutadores muçulmanos estudantes do Al Corão (Talibán), entre mortos, feridos e prisioneiros, dos quais mais de oito mil foram assassinados durante viagens em conteiners fechados à prisão nortenha de Shiberghan, como denunciou um relatório da ONU.
Outros 800 prisioneiros morreram em decorrência de um motim em um cárcere- fortaleza próxima a Mazar-I-Sharif, sufocado por tropas especiais estadunidenses e britânicas.
Ao qual se somam os transladados em vôos aéreos secretos por vários países europeus, entre eles Espanha, Polônia, República Checa e Hungria, e detidos em prisões de alta segurança e tortura como a ocupada no território cubano de Guantánamo, no Oriente do Arquipélago.
Até aí, para os chefes e estrategas políticos e militares em Washington e Londres tudo estava concluído.
Antes dessas "vitórias", a Casa Branca preparou, organizou e instalou sua administração em Cabul e treinou como polícia a combatentes mujaidines da Aliança do Norte, pertencentes a ditas etnias.
Também, conseguiu que a ONU recrutasse cinco mil soldados de 20 países em uma Força Internacional de Segurança (ISAF) e convocou a uma Loya Jirga (Assembléia de Notáveis), que santificou a seu candidato Hamid Karzai e uma Assembléia Nacional. Agora somam 40 mil sob comando da OTAN.
Porém, mais de oito anos depois, é incrível que Estados Unidos e seus aliados da OTAN fracassem ao neutralizar o Afeganistão, e, pelo contrário, se encontram atolados em suas operações e confinados em várias bases em províncias desse território, em especial no sul e leste.
Do outro lado, Karzai manda só em Cabul e é protegido por uma guarda pretoriana de escolhidos integrantes das tropas especiais do Pentágono, os quais velam por sua segurança dentro e fora do Palácio Presidencial onde reside.
Isto demonstra que Karzai também fracassou em suas pretensões de encher o vazio político que ficou depois da queda do governo Talibã, e a fragilidade de seu regime, que agora tenta salvar mediante tentativa de negociações com o mullah Mohammad Omar.
Tal situação possibilitou uma reorganização das forças do Talibã, e outras etnias nas regiões fronteiriças, devido à incapacidade das tropas ocupantes e a administração de Karzai de controlar o Afeganistão.
Esses combatentes islâmicos, agrupados na resistência contra o invasor como em séculos anteriores, se deslocam agora livremente pelo território protegidos pelas tribo pathúne.
Eles atacam com seus foguetes, ataques suicidas e balas as instalações do Pentágono, da OTAN e colaboradores afegãos nas regiões em conflito.
Os ataques acontecem diariamente desde janeiro de 2007, apesar do ruidoso envio de mais de 100 mil soldados estadunidenses, britânicos e canadenses, entre outros da OTAN, que com pomposa denominações às suas operações tentam os capturar ou aniquilar-los.
Desde 2001 essas tropas expedicionárias contabilizaram 1.445 mortos , deles 869 dos Estados Unidos. Até agora o ano mais sangrento é o de 2009 com 400 mortos.
Essa é a realidade imperante no Afeganistão oito anos após a invasão dos Estados Unidos para castigar ao mulláh Omar por cobiçar a Bin Laden, que ainda estão com paradeiros desconhecidos, apesar das multimilionárias somas de dólares oferecidas por sua captura vivos ou mortos.
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