segunda-feira, 5 de outubro de 2009

ONU: relatório desmonta mitos sobre imigração



Manifestação de imigrantes em Março de 2009. Foto de Paulete Matos




Algumas ideias feitas sobre a imigração no mundo são desmontadas pelo Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas divulgado esta segunda-feira, que mostra que apenas um terço das migrações internacionais se dá de um país em desenvolvimento para um país desenvolvido: menos de 70 milhões de um total de 200 milhões de migrantes. A maioria desloca-se de um país em desenvolvimento para outro, ou de um país desenvolvido para outro. Além disso, o relatório mostra que a maioria das migrações são internas aos próprios países e que menos de 1% dos africanos migraram para a Europa.

O relatório traz assim uma nova luz aos debates sobre a imigração na Europa, em que aqueles que defendem o endurecimento das políticas de controlo de fronteiras e o levantamento de verdadeiros muros em torno de uma Europa-fortaleza sempre argumentam que o continente europeu não pode receber migrações maciças da África. Mas o relatório da ONU mostra que os povos dos países mais pobres são os que menos mobilidade têm - e é por isso que menos de um por cento dos africanos se mudaram para a Europa.

De facto, diz o relatório, "a História e evidências contemporâneas sugerem que o desenvolvimento e a migração caminham de mãos dadas: o índice médio de emigração de um país de baixo desenvolvimento humano é inferior a 4%, comparado com mais de 8% em países de altos níveis de desenvolvimento humano." Isto é, há mais emigrantes de países ricos, em percentagem, que dos pobres.

O relatório também mostra que a maior parte das pessoas desloca-se dentro do seu próprio país e não além-fronteiras. Estima-se que aproximadamente haja 740 milhões de migrantes internos e 200 milhões de migrantes internacionais - dos quais menos de 70 milhões saíram de um país pobre para um rico.

A maioria dos migrantes obtém melhoria nas suas vidas, na forma de melhores rendimentos, melhor acesso à saúde e educação, e melhores perspectivas de vida para os filhos. Por isso, uma vez ultrapassadas as barreiras iniciais e estabelecidos no seu destino, os imigrantes aderem mais facilmente que os locais a sindicatos ou grupos religiosos e outros, e a maioria sente-se feliz com a sua situação. Isto é, desde que lhes seja dada a possibilidade de se estabelecerem, os imigrantes integram-se com facilidade nos países de acolhimento.

Os que migram devido a insegurança ou guerra são cerca de 14 milhões e representam 7% dos migrantes no mundo. A maioria mantém-se próxima ao país que tiveram de abandonar, na esperança de retornar.



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