O governo de Sarkozy decretou gerra aos cidadãos sem-abrigo e a todos quantos estejam a pedir nas ruas de Paris, ilegalizando a sua presença nas principais zonas comerciais e turísticas da capital francesa. O presidente da câmara acusa Sarkozy de, com estas "zonas livres de sem abrigos", estar a estigmatizar uma parte da população.
A riqueza e o brilho das montras dos Campos Elísios não vai ser “importunada” com imagens de pobreza ou de mendigos a pedir ajuda. Com o desemprego a crescer e a crise social a atirar para a pobreza um número crescente de pessoas, Sarkozy decidiu que o melhor mesmo é esconder a pobreza dos olhares dos turistas e de quem anda a comprar as prendas de Natal.
O ministro da administração interna, e um dos políticos mais influentes do consulado de Sarkozy, emitiu um conjunto de decretos a proibir a mendicância nas zonas mais turísticas e onde estão as principais artérias comerciais de Paris. De acordo com Claude Guéant, que o jornal “Libération” acusa de ser “a voz de Le Pen”, prender e multar os mendigos é uma medida fulcral para que os turistas não sejam importunados por “delinquentes” e gangs organizados.
Os Campos Elísios foram a primeira “zona livre de sem-abrigos”, numa lista agora acrescida de mais duas zonas comerciais, o Louvre e os Jardins das Tulherias. A guerra aos sem abrigo lançada por Sarkozy já levou mesmo ao choque com o presidente da capital francesa. Bertrand Delanoe, um dos políticos com melhor imagem nas varias sondagens realizadas em França, acusa Sarkozy de estar a "estigmatizar uma parte da população". Para o presidente da câmara de Paris, e dirigente do Partido Socialista Francês, “esperar que se combata a pobreza pela repressão e multas é ainda mais chocante quando é o próprio Estado que não está a cumprir as suas responsabilidades em garantir habitação aos mais pobres e jovens”.
A quatro meses das eleições presidenciais, o partido de Sarkozy tem vindo a centrar a sua campanha num crescente discurso populista sobre a segurança e o combate à criminalidade, dois temas caros à Frente Nacional de Marine Le Pen, com quem tenta disputar eleitorado.
A associação entre pobreza e criminalidade junta-se, agora, há que Sarkozy estabeleceu o ano passado entre imigração e crime. Na altura, a ameaça de expulsão dos cidadãos ciganos mereceu o repúdio internacional generalizado. Um ano depois, a população cigana em França não diminui, mas, de acordo com várias associações não governamentais, vive agora numa situação de maior pobreza e num clima de receio permanente pela sua segurança.
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