domingo, 10 de julho de 2011

Mais de 120 militantes pró-palestinos detidos em Israel


Activistas de vários países europeus foram impedidos de entrar em Israel por dizerem que viajavam a convite de palestinianos. Activista portuguesa conseguiu passar e relata a experiência.
No programa “Benvindos à Palestina” está a visita a famílias palestinas, a partilha da sua vida diária por uma semana, a visita a cidades, vilas e campos de refugiados

Cento e vinte e quatro militantes da causa palestina chegados da Europa e cuja entrada em Israel foi proibida estavam detidos este sábado, à espera de serem expulsos, informaram os serviços de imigração israelitas.
"O acesso ao território israelita foi proibido a 124 militantes pró-palestinos chegados da Europa. Atualmente se encontram detidos em prisões israelitas", declarou à agência de notícias France Press a porta-voz dos serviços de imigração, Sabine Hadad.
"Eles serão expulsos quando houver lugares e voos disponíveis para esse efeito. Hoje, dia de shabbat(descanso semanal), não há muitos voos e o processo de expulsão pode demorar um pouco", acrescentou.
O “crime” dos militantes foi declarar aos funcionários da polícia de fronteiras que lhes perguntavam “Onde vão em Israel?” o seguinte: “Honramos o convite dos nossos amigos da Palestina. Eles estão à nossa espera em Belém”.
Os militantes detidos fazem parte da iniciativa “Benvindos à Palestina”, que tem como objectivo mostrar que, se os governos não parecem estar interessados no destino dos palestinianos que sofrem a ocupação há tanto tempo, há homens e mulheres de todos os países que estão prontos a trazer-lhes apoio moral, utilizando uma semana das suas férias para ir ao encontro deles.
Todos os visitantes têm os passaportes em ordem. Não levam nada de perigoso. Estão protos a se submeter aos controlos em vigor em todos os aeroportos do mundo. Mas rejeitam as práticas arbitrárias.
No programa “Benvindos à Palestina” está a visita a famílias palestinas, a partilha da sua vida diária por uma semana, a visita a cidades, vilas e campos de refugiados, a descoberta das dificuldades enfrentadas pelos seus habitantes, também a sua cultura e as suas expectativas.
O programa inclui em especial o intercâmbio com o Centro Al-Rowwad do campo de refugiados de Aida (Belém), a ajuda à plantação de oliveiras em torno de Ramallah, uma visita de solidariedade aos organizadores do Teatro Liberdade Jenin, cujo director, Juliano Meir Khamis, foi brutalmente assassinado recentemente.

Representante portuguesa passou
Entretanto, uma militante do Grupo de Acção pela Palestina (GAP) do Porto, conseguiu passar a fronteira e já está em Belém.
“A minha chegada no dia 8 ao aeroporto de Ben Gurion e a passagem pela polícia das fronteiras fez- se sem problemas, o que não foi o caso de muitos outros activistas que foram ora impedidos de saírem dos aeroportos de origem, ora deportados na chegada a Telavive”, relata ela aqui. “O meu voo vinha de Zurique e encontrei companheiros belgas, um grupo de cerca de 25 pessoas, entre as quais apenas passaram três”.
As perguntas que foram feitas à activista do GAP eram tão gerais “que não tive que mentir sobre os objectivos da minha estadia, pois desde o início que a ideia era ir para a Palestina e não ser detida logo à chegada.”
Eis o relato:
“Depois de passar este breve interrogatório, ao que respondi que vinha em visita, que tinha amigos e cujos nomes dei ao polícia, fizeram-me seguir, passei por um grupo de jovens raparigas que me ofertaram uma rosa e indicaram-me o caminho para a saída.”
“Permaneci bastante tempo à espera dos outros companheiros, terá sido provavelmente mais do que uma hora e já estava a desesperar quando de súbito fui assaltada por uma série de jornalistas que me viram ali parada e começaram a questionar-me. Ao início respondi com alguma prudência , mas depois vendo que os companheiros não saíam, respondi mais assertivamente às questões relativas à missão. Os jornalistas estavam nitidamente à espera de algo muito importante, uma grande manifestação e muito mais, posto que vários meios de comunicação relatando as palavras dos dirigentes israelitas falaram em perigos de imolação, em hooligans, etc.”
“Finalmente, três companheiros belgas que conheci no avião saíram e disseram que todos os outros tinham sido levados para uma sala à parte para serem interrogados. Sabemos que estão presos em Israel.”
“Entretanto, tinha havido uma grande manifestação de israelitas anarquistas para nos acolher da parte da manhã, que foram igualmente presos.”
“Um contacto discreto da missão chegou finalmente e reunimo-nos todos com ela no café do aeroporto à espera de mais alguém. Chegaram mais três activistas franceses que também viram os seus companheiros presos e outros impedidos no aeroporto francês de Charles de Gaulle.”
“Parece que uma simples ida de pessoas à Palestina de forma abertamente assumida assusta as autoridades e leva-as a tomarem as devidas medias junto dos outros países, para impedir as pessoas de se deslocarem à Palestina. Com efeito, nenhum dos activistas que passou disse que vinha para a Palestina, mas apenas disseram ser turistas, que vinham visitar Belém, Jerusalém e Telavive.
Esperamos até às 19 horas e vendo que não chegava mais ninguém partimos para Belém, onde chegamos estafados e tristes pelo sucedido.”


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