segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O revolucionário Eduardo Collen Leite (Bacuri) recebe homenagem 40 anos após sua morte

Rede Brasil Atual


Bacuri recebe homenagem 40 anos após sua morte
Eduardo Collen Leite, conhecido como Bacuri, foi morto há exatos 40 anos (Foto: Reprodução/Vermelho)
A Câmara Municipal de São Paulo concede nesta terça-feira (7) o título de cidadão paulistano, in memoriam, ao militante Eduardo Collen Leite, conhecido como Bacuri, morto há exatos 40 anos. Foi assassinado com apenas 25 anos, em 8 de dezembro de 1970. Dois meses antes, a sua suposta fuga foi divulgada na imprensa, o que para os demais presos políticos que se encontravam no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) paulista significava que Bacuri estava condenado.
Segundo o livro Direito à Memória e à Verdade, editado em 2007 pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, o caso foi o primeiro a ser colocado em julgamento pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), "em função dos testemunhos e documentos que comprovam a premeditação de sua morte, conforme registrado no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos".
Bacuri militou na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e chegou a liderar uma outra organização, a Resistência Democrática (Rede), que em 1970 se incorporou à Ação Libertadora Nacional (ALN). Participou de dois sequestros de diplomatas, do cônsul japonês em São Paulo e do embaixador alemão no Brasil. Mineiro de Campo Belo, era casado com Denize Crispim, que estava grávida quando ele foi preso – a filha, Eduarda, nasceu meses depois na Itália.
Os órgãos de repressão divulgaram uma versão de morte durante tiroteio, desmontada após a abertura dos arquivos do Dops. Foram dois meses de torturas, após a prisão pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. Mas a notícia ganhou manchete, como na extinta Folha da Tarde, do grupo Folha, que estampou na capa: Terror: Metralhado e Morto outro Facínora.
Conta o jornalista Elio Gaspari no livro A Ditadura Escancarada: "Bacuri chegou ao forte dos Andradas, no Guarujá, dentro de um saco de lona. Trancaram-no numa pequena solitária erguida na praia do Bueno e depois levaram-no para um túnel do depósito de munições, a três quilômetros de distância. Era certo que se houvesse algum seqüestro de diplomata, ele entraria na lista de presos a serem libertados. No dia 8 de dezembro, passadas menos de 24 horas do seqüestro, no Rio de Janeiro, do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, uma Veraneio estacionou na entrada do depósito. Dela saltaram um major e dois tenentes. Foram ao banheiro onde Bacuri estava trancado e disseram-lhe que iam levá-lo ao hospital militar. Um soldado ajudava-o a encostar-se na pia para lavar-se quando o major mandou que saísse: ‘Escutei uma pancada. Não sei se era tiro ou o barulho de uma cabeça batendo na parede. Só sei que logo depois o corpo dele foi retirado do banheiro no mesmo saco de lona em que chegou’ (narrativa do soldado Rinaldo Campos de Carvalho). A polícia paulista informou que Bacuri, localizado, ‘ofereceu tenaz resistência a tiros’. Tinha 25 anos, e seu corpo foi abandonado no cemitério de Areia Branca, em Santos, com dois tiros no peito, um na têmpora e outro no olho direito”.
O projeto que concede o título de cidadão paulistano a Eduardo Collen Leite é de autoria dos vereadores Ítalo Cardoso e Juliana Cardoso, ambos do PT. A sessão está marcada para as 19h.

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