sexta-feira, 29 de maio de 2009

Bolsonaro: a viúva que não foi

Deu no site da Revista Fórum

Bolsonaro faz troça com desaparecidos políticos

Por Redação [Quinta-Feira, 28 de Maio de 2009 às 13:31hs]

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) de novo desrespeitou as vítimas da ditadura militar. Um cartaz afixado no gabinete do parlamentar desde 2005, segundo sua assessoria, provocou a reação de congressistas de esquerda. Com os dizeres "quem procura osso é cachorro", a peça ironiza a busca de desaparecidos na guerrilha do Araguaia, organizada nos anos 1970.

 

A parlamentar Jô Moraes (PCdoB-MG) promete entrar com um processo no Conselho de Ética contra o deputado por falta de decoro. “É o cúmulo da falta manifestou-se o diretor de Comunicação Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo, Delson Plácido, em carta enviada ao Presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP).

 

O deputado é notório pelas declarações estapafúrdias e grosseiras. Em agosto de 2008, ao sair de um evento, disse que o erro da ditadura foi "torturar e não matar" em um bate-boca com manifestantes.

 

No ano de 2005, em uma sessão solene na Câmara dos Deputados, o parlamentar homenageou militares que participaram da repressão à Guerrilha do Araguaia. Entre outras excrescências do seu discurso, se referiu à ministra Dilma Roussef, que foi presa e torturada, dizendo: “não falarei do seu passado particular nesta Casa. Se tentar reagir, exporemos seu passado. A tortura que V. Exa. sofre foi fruto de abstinências”. À época, não houve reações indignadas da grande imprensa, embora o fato tenha sido tema do editorial da Fórum.

Redação.


 Bolsonaro é uma das viúvas das ditadura, mas nem tão viuva assim, pelos seus insistentes depoimentos fica patente sua frustração em não ter desfrutado do sadismo das forças repressivas da ditadura brasileira (nada branda). Bolsonaro nasceu em 1955, em 64 tinha nove anos, não devia entender muito bem de política (se é que algum dia ele entendeu). Em 68 já tinha 14 anos, já dava para ter alguma noção (se é que algum dia ele teve isso), deve ter achado legal o AI-5, toda aquela repressão, aqueles moços de verde esparramados pela cidade. Certamente formou sua personalidade política nos anos de chumbo, devia admirar boquiaberto as instruções de tortura e sadismo na academia militar em que estudou, mas esse "prazer" ele não teria, a abertura se inicia em 78, e o jovem aspirante Bolsonaro não pode desfrutar a contento do Estado policial protofascista do AI-5. Na entrevista abaixo Bolsonaro diz que nunca matou ninguém, e é bem provável que seja verdade, nosso deputado tem toda pinta de cachorro raivoso que late mas não morde. É uma viúva frustrada, daquelas que enviuvaram antes de lua de mel, por isso reza dia e noite por uma nova ditadura, para tavez, assim, poder por em prática seu sadismo retórico. Contudo Bolsonaro é uma idéia fora do lugar, não há mais espaço em nossa sociedade para uma ditadura como a de 64, ao menos nos mesmos moldes. Bolsonaro banca o tigre sem nunca ter pertencido aos orgãos de repressão da ditadura. Banca o Charles Bronson sem nunca ter dado um tiro fora dos treinamentos do quartel. Banca o carioca marrento tendo nascido em Campinas. Bolsonaro é um meninão bobão portando uma pistola, ainda assim é bom estar vigilante com relação a um tipo desses, afinal ele teve mais de cem mil votos nas últimas eleições, cem mil pessoas comungam de suas idéias. Hitler, no começo de sua atividade política, era visto como um sujeito excêntrico, um palhaço, um fanático...

Entrevista: Jair Bolsonaro - ISTOÉ GENTE (?), Fev. 2000

"Eu defendo a tortura"
O deputado que defende fuzilamento de FHC ficou 28 anos sem falar com o pai alcoólatra

Cláudia Carneiro


Entre os companheiros de quartel no Rio de Janeiro, o capitão reservista do Exército Jair Messias Bolsonaro era conhecido como "cavalão". Seu porte atlético, em 1,86 metro de altura e 75 quilos, desenvolvido nos exercícios da Escola de Educação Física do Exército, garantiu-lhe o título de pentatleta das Forças Armadas. Mas foi a língua solta que o ajudou a ganhar fama nacional, quando começou a questionar governos, há mais de uma década, para defender a corporação à qual pertenceu. Nas últimas semanas, manteve o hábito de causar polêmica ao propor o fuzilamento do presidente Fernando Henrique Cardoso. No terceiro mandato federal, eleito com 103 mil votos, o deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ), 44 anos, abre fogo contra colegas da Câmara dos Deputados que combateram a ditadura militar, defende a tortura, a censura e a pena de morte e não se arrepende de ter pregado o fuzilamento do presidente. Pai de três filhos adolescentes com a primeira mulher, Rogéria Bolsonaro, e de um bebê com a segunda, Cristina, 32 anos, Bolsonaro revela em entrevista a Gente que sonha disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro. "Mas eu não estou preocupado em ser prefeito. Eu quero é espaço."

Teme algum dia ser cassado por suas declarações?
Não. Se um soldado está na guerra e tem medo de morrer, é um covarde. Se eu fosse cassado, seria o parlamentar cortando seu próprio direito de opinião, palavra e voto. Tenho poucos inimigos dentro da Câmara.

Ainda acha que o presidente deveria ser fuzilado?
Eu não errei em falar isso naquele local, naquela oportunidade e naquele momento. E acho que tenho o direito de falar. Eu não xinguei o presidente, nem disse que ele não conhece o pai dele. Acho que o fuzilamento é uma coisa até honrosa para certas pessoas.

Isso não é incitação ao crime?
Se eu estivesse conspirando, não falaria isso. Não é difícil matar o presidente. Só tem que ter coragem. O esquema de segurança dele é falho. Por exemplo, tenho uma casa no litoral em Mambucabinha, próxima do local onde ele passeia quando vai a Angra dos Reis. Sou primeiro lugar no curso de mergulho do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Bastava planejar. E as chances de sucesso de se cumprir a missão são grandes. Não é difícil eliminar uma autoridade no País. Isso até serve para alertar o presidente.

Como isso seria feito?
Tudo depende de planejamento. Pode-se pegar uma arma com mira e matar o presidente em Brasília. Com uma besta (espécie de arco e flecha) dá para eliminar uma pessoa a 200 metros. Até com um canivete dá para chegar no cangote do presidente. Mas quero deixar claro que não estou incitando ninguém a fazer. E não tenho nenhum plano para eliminar o presidente. Eu não partiria para uma missão suicida.

O senhor fuzilou alguém?
Não. Eu já saquei arma uma vez. Estava indo a pé para o quartel, no Rio, por volta da meia-noite, e vi que estava sendo perseguido. O elemento então saiu correndo. Devia ser um ladrão barato.

Seus colegas de Congresso o consideram uma pessoa truculenta. Como o senhor é em casa?
Nunca bati na ex-mulher. Mas já tive vontade de fuzilá-la várias vezes. Também nunca dei um tapa num filho. Gosto de chamar para conversar, contar piadas.

O que levou ao fim seu casamento de 19 anos?
Meu primeiro relacionamento despencou depois que elegi a senhora Rogéria Bolsonaro vereadora, em 1992. Ela era uma dona-de-casa. Por minha causa, teve 7 mil votos na eleição. Acertamos um compromisso. Nas questões polêmicas, ela deveria ligar para o meu celular para decidir o voto dela. Mas começou a freqüentar o plenário e passou a ser influenciada pelos outros vereadores.

Não era uma atitude impositiva de sua parte?
Foi um compromisso. Eu a elegi. Ela tinha que seguir minhas idéias. Acho que sempre fui muito paciente e ela não soube respeitar o poder e liberdade que lhe dei. Mas estou muito feliz na minha segunda relação. Vivo muito bem com a Cristina.

O que o senhor acha da legalização do topless?
Não sou contra, não. Desde que seja com a mulher dos outros. Depois que todas as mulheres estiverem usando, aí a minha poderá usar. O fio dental foi um escândalo e hoje é normal. Tudo é evolução.

E sobre a legalização do aborto? 
Tem de ser uma decisão do casal.

O senhor já viveu tal situação?
Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó. (Bolsonaro aponta para a foto no mural de seu filho mais novo, Jair Renan, de 1 ano e meio, com Cristina.)

O senhor segue alguma religião?
Eu acredito em Deus. Sou católico. Mas é coisa rara ir à Igreja. Eu já li a Bíblia inteirinha, com atenção. Levei uns sete anos para ler. Você tem bons exemplos ali. Está escrito: "A árvore que não der frutos, deve ser cortada e lançada ao fogo". Eu sou favorável à pena de morte.

Pena de morte é a solução?
Acho que um elemento que pratica um crime premeditado não pode ter direitos humanos. O José Gregori (secretário nacional dos Direitos Humanos) fala em indenizar os familiares dos 111 mortos no Carandiru. E ele não dá uma palavra às viúvas e órfãos que os 111 fizeram em sua vida de marginalidade.

A polícia agiu corretamente no Carandiru? 
Continuo achando que perdeu-se a oportunidade de matar mil lá dentro. Pena de morte deve ser aplicada para qualquer crime premeditado.

Isto inclui tráfico de droga?
Aí é outra história, aí eu defendo a tortura. A pena de morte vai inibir o crime. Nunca vi alguém executado na cadeira elétrica voltar a matar alguém. É um a menos.

Em que outras situações o senhor defende a tortura?
Um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem que ser colocado no pau-de-arara imediatamente. Não tem direitos humanos nesse caso. É pau-de-arara, porrada. Para seqüestrador, a mesma coisa. O objetivo é fazer o cara abrir a boca. O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico.

E a tortura praticada pela ditadura militar? 
Admito que houve alguns abusos do regime militar, mas a tortura não foi em cima de um simples preso político. Aquelas pessoas estavam armadas e matavam. Só na Guerrilha do Araguaia perdemos 16 militares.

O senhor disse que o deputado José Genoino (PT-SP) era mentiroso e delatou seus companheiros da Guerrilha do Araguaia. O senhor tem provas?
Tenho informações seguras. Eu tenho orgulho de dizer que não fui um Genoino da vida, um deputado mariposa. O Genoino fala que pegou em armas por dois anos. O que ele fez nesses dois anos? Assaltou bancos, seqüestrou? Quantos ele matou?

O que pensa sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo?
Eu sou contra. Não posso admitir abrir a porta do meu apartamento e topar com um casal gay se despedindo com beijo na boca, e meu filho assistindo a isso.

Tem algum homossexual na família?
Graças a Deus, não. Eu desconheço. Se tivesse, nem quero pensar.

E como o senhor trata da liberação sexual com seus filhos?
Certas coisas não se pode ser contra ou a favor. Prefiro que um filho meu leve uma namoradinha para dentro de minha casa, num dia que eu não esteja lá, do que ele ser rendido na rua e assassinado dentro de um carro.

Como foi que o senhor perdeu a virgindade?
Com 17 anos de idade. Meio tarde, né? Meus filhos vão pegar no meu pé por causa disso. Eu estava na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas. Ninguém tinha dinheiro. Juntávamos uns 20 alunos, fazíamos um sorteio, íamos para o baixo meretrício e os cinco sorteados faziam fila com a mesma mulher.

Seu pai era agressivo em casa?
Eu não conversava com ele (Percy Geraldo Bolsonaro, morto em 1995) até os 28 anos de idade. Ele bebia descaradamente e brigava muito em casa, com minha mãe e os filhos. Mas nunca bateu em filho. Um dia constatei que não iria mudá-lo. Resolvi pagar uma pinga para ele. Nos tornamos grandes amigos.

Por que decidiu ser militar?
Por causa do Lamarca. Eu tinha 15 anos de idade, usava cabelo com gumex, calça boca-de-sino, sapato "cavalo de aço", quando o Lamarca passou por Eldorado Paulista, em 1970. O Exército chegou lá. Eu então conheci e me apaixonei pelo Exército brasileiro.

Pretende disputar nova eleição para a Câmara?
Tenho que ficar com os cabelos mais brancos para um dia tentar um cargo no Executivo. Na Prefeitura do Rio de Janeiro, para eu fazer meu nome. Daí, quando perguntarem sobre enchente num debate, eu vou responder sobre reservas indígenas. Não estou preocupado em ser prefeito, eu quero espaço, quero mostrar o que a mídia não mostra.


Em nota: Jair Bolsonaro é da mesma estirpe que o Reinaldo de Azevedo e o Diogo Mainard, todo mundo ta careca de saber que essa gente vai votar no Zé Pedágio, um motivo a mais pra não votar no vampiro, vá de retro Satanás!


 

 Serra 2010

 

2 comentários:

  1. O fato de uma pessoa deste nível e caráter ser ovacionada de maneira indiscriminada por uma parte da nossa sociedade me assusta. Como também me assusta constatar que este deputado foi eleito de forma democrática, por mais que ele não acredite, ou nem saiba do que se trata a democracia.Bjo Cappacete.

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