quinta-feira, 21 de maio de 2009

Dividir para conquistar

O jovem Alexandre coletava o que hoje se chamaria inteligência econômica, regional ou estratégica, e o conhecimento que acumulou lhe foi de grande utilidade quando iniciou a invasão do império persa, de enorme extensão e composição altamente diversificada. O motivo do triunfo de Alexandre foi levar ao campo de batalha uma força combatente aguerrida, composta de guerreiros tribais pessoalmente dedicados à monarquia macedônia; mas ele também dividiu o império persa em partes, atacando seus pontos fracos e explorando suas dissensões internas. 

Desde a antiguidade os impérios vem desenvolvendo formas de aprimorar seu potencial militar, neste sentido é fundamental o poder bélico, mas este não é nada sem uma estratégia e uma tática muito bem definidas, e estas devem se adequar a cada conquista. Todo mundo está careca de saber que no mundo atual as corporações exercem o papel de impérios, sempre prontos a expandir seus territórios, saqueando, rapinando, e divindo o butim entre os seus. Atualmente estamos assistindo em solo brasileiro uma batalha que começou faz tempo, repleta de avanços a recuos táticos, é difícil saber se essa luta está no fim, mas ao que tudo indica o derrotado da próxima batalha terá dificuldades em se levantar. De um lado da trincheira estão o grande capital internacional, capitaneados pela infantaria tucana, com os generais Serra, FHC, Jereissati e afins, com seus pombos correios (Folha, Estadão, Veja e Globo) e do outro estamos nós, o povo brasileiro. A praça a ser defendida é a Petrobrás, quem viver verá.

Abaixo texto de Elton Leão, publicado pelo Correio da Cidadania, que mostra a tática inicial dos tucanos, dividir a Petrobrás em pequenas empresas, para depois ir vendendo aos poucos, comendo pelas beiradas até minar o adversário, tática suja.


O PSDB e suas visões da Petrobras



ESCRITO POR ELTON LEÃO   
19-MAI-2009

 

Sou empregado da Petrobras há 19 anos e venho através deste espaço comentar a minha visão do que foi o idealismo do PSDB para com a Petrobras no período de FHC.

 

De início, como todos sabem, o PSDB implantou no país um vasto programa de privatizações, colocando prioridades em setores de pouca relevância e posteriormente avançando sobre os braços fortes das empresas brasileiras.

 

Bancos estaduais, ferrovias, siderúrgicas, telecomunicações, energias entre outras. Banco do Brasil, CEF, Petrobras e Previdência Social eram as próximas instituições a serem negociadas. Graças à entrada do presidente Lula neste meio, e dos partidos de oposição, o processo foi interrompido.

 

Mais especificamente com a Petrobras, o processo foi iniciado. Porém, o PSDB pensava em como poderia privatizar a empresa sem que a população criasse resistência ao processo. Como fazer, então, com uma empresa símbolo nacional desde a década de 50?

 

Tarefa difícil, porém, nada impossível para o grupo de FHC. Em 1997, Joel Rennó, que era o presidente da Petrobras na época, aquele francês naturalizado brasileiro, contratou uma consultoria internacional para orientar a empresa sobre como privatizar sem que a população percebesse a manobra. Aliás, tentou até mudar o nome da Petrobras para Petrobrax, para que os gringos pudessem pronunciar melhor o nome da empresa.

 

Esta consultoria orientou o seguinte: 1) transformar a empresa numa holding; 2) não privatizar a empresa no todo, mas dividi-la em unidades independentes, a que chamaram de "Unidades de Negócios-UN", as quais, aí sim, poderiam ser privatizadas; ou seja, não seria a "Petrobras" que estaria sendo privatizada, mas a Unidade A, B ou C. Foi o artifício que a consultoria sugeriu.

O processo foi iniciado, e a Fronape (Frota Nacional de Petroleiros) foi uma das primeiras a serem preparadas. Mas, neste caso, o processo não chegou a ser concluído. Hoje ela existe com um CNPJ paralelo, com a denominação de Transpetro. A refinaria de Porto Alegre, Alberto Pasqualini (REFAP), foi negociada com a Repsol argentina/espanhola, e assim as demais seriam pulverizadas.

 

Se se observar o organograma da empresa, é possível verificar que o que antes eram "superintendências" hoje são "Unidades de Negócios" (passíveis de vendas). Temos UN-Reduc (RJ), UN-Replan (SP), UN-Regap (MG), UN-Revap (SP), UN-AM (AM), UN-RNCE(RN), UN-BA(BA), UN-BC (Bacia de Campos-RJ), UN-Rio (Macaé) e a mais recente UN-BS (Bacia de Santos), onde se encontram as reservas do pré-sal.

 

Para que as privatizações das UN fossem efetivadas, o "excesso" de contingente teria que ser minimizado, e com isto a empresa terceirizou o máximo que pôde a força de trabalho. Reduziu-a de 60 mil empregados em 1990 para 32 mil em 2000. A mão-de-obra terceirizada era despreparada e, junto com a falta de repasses de recursos para manutenção preventiva, observaram-se os maiores acidentes da história recente da Petrobras: o derrame de óleo da baía da Guanabara, o derrame de óleo em Paranaguá e o mais crítico, pelas perdas humanas, o afundamento da P-36.

 

Portanto, esta é a minha visão do que o PSDB e afins pensam da Petrobras e do mercado de petróleo brasileiro. Espero ter contribuído.

 

Elton Leão é empregado da Petrobras.

 


Quartel general inimigo

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