Deu no Último Segundo
SÃO PAULO - Um ônibus foi queimado e outros cinco depredados durante protesto realizado pelos moradores da comunidade Vila Reis, localizada na zona leste de São Paulo, na madrugada desta quarta-feira.
AE |
Durante protesto, manifestantes queimaram um ônibus |
O protesto foi motivado, segundo informações da Polícia Militar, pela morte de Sérgio dos Santos, encontrado enforcado dentro de uma cela depois de ser preso pela acusação de tráfico de drogas.
Ainda de acordo com a polícia, cerca de 150 manifestantes participaram do protesto. Testemunhas contaram que dois adultos em uma moto e um grupo de adolescentes a pé abordaram o cobrador, que faz a linha 2460 (Cemitério da Saudade /Parque Dom Pedro), anunciaram um roubo e em seguida atearam fogo no veículo.
O cobrador, o motorista e a passageira que estavam dentro do ônibus conseguiram fugir correndo. Antes da chegada dos bombeiros, o fogo se alastrou por uma árvore, atingiu a guarita do ponto e uma casa em frente. O fiscal da cabine também conseguiu fugir.
"Tive de tirar o carro da garagem com medo de uma explosão", contou o correspondente bancário Fábio dos Santos, de 23 anos, um dos moradores da casa atingida pelas chamas. Segundo a São Paulo Transportes (SPTrans), outros cinco ônibus foram depredados, mas não houve vítimas em nenhuma das ações.
Depois de atearem fogo no ônibus, os manifestantes fizeram uma barricada na Avenida Maria Santana, montada com lixo e entulho incendiados, e lançaram vários coquetéis molotov na direção da PM.
Segundo policiais civis, um coquetel molotov também foi lançado contra o 63º DP. O artefato explodiu em um matagal na parte de trás da delegacia e não chegou a danificar o prédio nem a ferir ninguém. O protesto terminou às 2h30 com a chegada da Tropa de Choque da polícia, que dispersou os moradores.
Santos, de 39 anos e conhecido como Sapinho, foi preso por policiais militares na porta de casa, no final da tarde de terça-feira. Segundo a Polícia Militar (PM), com ele foram encontrados cocaína e R$ 270. Familiares do suspeito afirmaram que ele já teria passado dez anos na cadeia por roubo.
Levado a uma cela no 63º Distrito Policial (Vila Jacuí), Santos foi encontrado morto, segundo a polícia, enforcado com o cadarço do próprio sapato. Conforme a polícia, Santos teria cometido suicídio. Porém, os familiares e os moradores da comunidade não acreditaram na versão.
Não parece uma outra História
Mas as semelhanças param por aí, pois o Wladimir Herzog era um grande jornalista e o sapinho apenas um ex-presidiário , essa máxima vale sobretudo numa sociedade excludente e elitista como a nossa. O que fica patente no "suicídio" de sapinho é a manutenção de uma velha prática, de vez em quando os torturadores exageram na dose e aí tem que apelar para esse velho subterfúgio, é possível que eles até tenham alguma terminilogia para essa medida, pois os militares adoram nomear suas práticas com códigos, como "dá um caldo nele", "alisa ele um pouco", "despacha o presunto", "aperta que ele geme", expressões que ultrapassaram os muros dos quartéis e das delegacias e se tornaram comuns em nossa sociedade, até no jornalismo, principalmente o esportivo, repleto de ex-colaboradores da ditadura.
O fato é que a ditadura acabou para os intelectuais, para os jornalistas, para os estudantes (mesmo assim vira e mexe vemos estudantes tomando borrachada da polícia). Vá falar em democracia no Jardim Ângela, na Cidade Tiradentes, na Brasilândia, no Morro da Babilônia, na Baixada Fluminense, ou nas periferias de BH, de Salvador, de Porto Alegre. Nesses lugares prevalece a lei do pau, ou da bala, a tortura nunca deixou de ser praticada SISTEMATICAMENTE nas delegacias de nosso país, as execuções são diárias, nossa polícia é A QUE MAIS MATA NO MUNDO. Sapinho e só mais um, e de uns tempos para cá a violência tem aumentado. Porém nossas classes médias adoram esse tipo de polícia, Conte Lopes e Bolsonaros que o digam, adoram ver pobre sendo espancado, polícia invadindo favela, chacinas, cadeias super lotadas. "Bandido bom é bandido morto!" Quem nunca ouviu esse frase de algum tio velho e reacionário, que assiste diariamente ao programa do Datena, tiete da Rota, ou do BOP.
Numa sociedade onde a propriedade vale mais que a vida humana isso é normal, o problema é quando os bandidos também incorporam essa lógica e passam a matar vitimas que se quer reagiram ao assalto. Aí vem toda aquela comoção orquestrada pela mídia, aí vem "queremos pena de morte"; "maioridade penal já! É todo um ciclo de violência, e geralmente quem paga são os inocentes. Nossa sociedade sempre foi violenta, mas depois de 64, e de 68, a expiral de violência se intensificou. Depois de 1988 adotamos um arremedo de democracia voltada a elita branca, e para os demais continuou a vigorar o AI-5.
Mil ossadas na vala comum de Perus, mas o grupo Tortura Nunca Mais se tranquliza pois algumas dezenas poderam ser reconhecidas pelos familiares dos desaparecidos políticos. MIL OSSADAS, mas os antepassados do sapinho não importam. Reparação para quem? Democracia para quem?
O que me alegra hoje em dia é ver que as comunidades começaram a reagir a selvageria da polícia, vide Paraisópolis, alguns dias atrás na Penha e agora novamente na Zona Leste, é o povão que agora começa a se levantar, espero que dentro em breve ele nos ensinem, a nós classes médias "progressistas", a como lutar por uma sociedade mais justa para TODOS!
qual é a principal diferença entre os intelectuias e os da linha dura?????
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