O movimento Marcha da Maconha distribuiu drogas legalizadas como
tabaco, álcool, açúcar e energético no centro de São Paulo nesta
terça-feira 2 de abril. Eles protestavam contra o projeto de uma nova
lei de drogas que está pronto para votação no plenário da Câmara dos
Deputados. Segundo a polícia, cerca de 120 pessoas participaram da
manifestação.
Cigarros, trouxas de açúcar, cachaça, chimarrão, conhaque e outros
produtos foram colocados no viaduto do Chá. Lá, as pessoas poderiam
pegá-los gratuitamente. Substâncias ilícitas não foram distribuídas no
local.
A militante e jornalista Gabriela Moncau, de 23 anos, disse que a
ideia era escancarar a “hipocrisia das políticas sobre drogas”, que,
segundo ela, não é baseada em critérios de saúde ou de segurança
pública. “A guerra as drogas define algumas que podem e outras que não
podem ser consumidas. Esse critério não tem nada a ver com saúde, tem a
ver como questões políticas e econômicas,” diz Moncau.
Moncau diz que o movimento adotou um formato irônico para gerar mais
curiosidade sobre o assunto. “No momento em que distribuímos álcool,
queremos chamar a discussão que ele é uma das drogas mais prejudiciais e
que mais causam malefícios. Atinge muito mais pessoas, por exemplo, que
o crack. No entanto, ele é estimulado, naturalizado e tem até
propaganda.”
“Projeto de lei é retrocesso”
O grupo organizador da Marcha da Maconha critica o projeto de lei do
deputado Osmar Terra (PMDB-RS), que está pronto para ser votado no
plenário da casa. Segundo o movimento, a proposta é um retrocesso, pois
“mantém a falta de critérios para diferenciar usuário e traficante,
dando margem a interpretações subjetivas e preconceituosas.”
Entre os pontos criticados do projeto está a criação de um Cadastro
Nacional de Usuários da Droga. Para o movimento, isso aprofundaria o
preconceito já sofrido pelos usuários.
O projeto também deve aumentar o número de encarcerados no país, já
que estabelece penas maiores para quem portar substâncias com “alto
poder de causar dependência”.
Outro ponto criticado na lei é o aumento do investimento em
equipamentos privados e religiosos. Para os militantes “trata-se da
privatização da saúde e de violação do estado laico”.
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