quarta-feira, 20 de junho de 2012

Violência contra moradores de rua deixa saldo de um assassinato a cada dois dias


Carlos Lacerda, na década de sessenta mandava atirar moradores de rua ao mar, além de incendiar favelas. Sua metodologia desumana segue viva no Brasil.


Coordenador do Movimento Nacional da População de Rua, Samuel Rodrigues, acredita que a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no país tendem a agravar a política de limpeza social dos centros urbanos.
A cada dois dias, um morador em situação de rua é assassinado no Brasil. De fevereiro de 2011 a maio de 2012, foram registrados 195 casos de homicídios contra moradores de rua em todo o país. Os dados são do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores (CNDDH).
Os números podem ser ainda maiores, pois as notificações de crimes contra os moradores de rua e o levantamento dessa informação são falhos.
O coordenador do Movimento Nacional da População de Rua, Samuel Rodrigues, explica o que gera esse quadro de violência.
“Como o número de pessoas vivendo nas ruas têm crescido por omissão do Estado, por ausência de políticas públicas voltadas para a população em geral, que têm gerado essas pessoas na rua; há uma repressão, uma higienização, que vem calcada em uma discriminação muito grande por parte da sociedade.”
Rodrigues acredita que a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no país tendem a agravar a política de limpeza social dos centros urbanos. Ele também comenta as formas de violação de direitos a que essa população é submetida cotidianamente.
“O simples fato de estar na rua já é uma violência, uma violação de direitos. Por exemplo, nós somos proibidos de entrar em espaços públicos, nós temos dificuldades de acessar os serviços básicos, como saúde – por conta da [falta de] documentação –, a própria educação. Enfim, tem uma discriminação social muito forte, como se nós fossemos os culpados por estar nessa situação.”
Em 2009, entrou em vigor a Política Nacional para População em Situação de Rua para garantir o acesso à saúde, educação, trabalho, moradia, entre outros direitos. O Movimento alega que sua implantação ainda não ocorreu de fato.

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