segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Movimento popular egípcio convoca Greve Geral indefinida para esta terça-feira

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O povo egípcio não quer deixar passar o momento para dar cabo da ditadura de Mubarak e incrementa a pressão nas ruas.
O objetivo é levar um milhão de pessoas às ruas da capital, Cairo, nesta terça-feira, numa jornada de greve geral ao cumprir-se o sétimo dia de mobilizações crescentes, que ainda não conseguiram a queda de Hosni Mubarak.
Para dar mais força à jornada, manifestantes de Alexandria vão juntar-se aos do Cairo, numa convocatória dos sindicatos que quer paralisar a atividade no país. De fato, os bancos e parte do comércio levam dias paralisados no meio do movimento insurreccional que percorre as principais cidades do Egito.
Nas últimas horas, ficaram livres vários jornalistas da al Jazeera que tinham sido detidos pela polícia egípcia, diante da cada vez maior pressão popular nas ruas e a parálise do exército.
Os governos imperialistas estão já ocupando posições para a eventual queda de Mubarak, retirando-lhe o apoio e apelando a uma "transição ordenada". Estados Unidos e Israel são os mais interessados em evitar uma deriva anti-imperialista da situação institucional no Egito, consoante as aspirações do povo que ocupa as ruas do país. Também a União Europeia mostra preocupação pelo perigoso exemplo que a revolução egípcia pode supor para toda a região árabe e, portanto, da correlação de forças no palco internacional de um capitalismo mundial em grave crise.

Nota do Blog: o exército egípcio passou para o lado do povo e anunciou que não reprimirá mais as manifestações contra a ditadura Mubarak. Informações, clique aqui.


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Ativistas prometem mais dois protestos nesta semana contra aumento da tarifa do ônibus em SP



Vereadores tentam intermediar reunião entre MPL e secretário dos Transportes


Ativistas prometem mais dois protestos nesta semana contra aumento da tarifa do ônibus em SP
Manifestantes cruzam Avenida Ipiranga na última quinta (Foto: Jéssica Santos/RBA) – Manifestantes contrários ao aumento da tarifa de ônibus em São Paulo prometem dois atos nesta semana. Nesta quarta-feira (2), haverá protesto em frente à Câmara Municipal para pressionar os vereadores pela convocação de uma audiência pública com o secretário de Transportes, Marcelo Cardinale Branco. No dia seguinte, o palco deve ser a Avenida Paulista.
Para pressionar os vereadores, a concentração está marcada para as 15h. Uma comissão de vereadores se comprometeu a promover uma reunião entre representantes do Movimento Passe Livre (MPL) e o secretário. O encontro para definir a melhor data para a convocação da audiência pública deverá acontecer depois do encerramento dos trabalhos na Câmara.
Na última quinta (27), o presidente da Câmara, José Police Neto (PSDB), e os vereadores Cláudio Prado (PDT), Jamil Murad (PC do B), Claudinho de Souza (PSDB), Netinho de Paula (PC do B), Marco Aurélio Cunha (DEM), Eliseu Gabriel (PSB) e José Américo (PT) receberam uma carta do MPL reivindicando a revisão da tarifa de ônibus e o pedido de discussão sobre o passe livre para os estudantes no transporte público municipal.
Na próxima quinta-feira (3), para o protesto na Avenida Paulista, a concentração se inicia no vão livre do Masp e os manifestantes sairão em passeata até a sede da Prefeitura no centro da capital, a partir das 17h. Na página do ato no Facebook, 1.088 pessoas confirmaram a sua participação no ato até as 14h30 desta segunda-feira (31).
Na semana passada, uma manifestação na região central reuniu 4 mil manifestantes. Desde a efetivação do reajuste, no dia 5 de janeiro, os ativistas realizam protestos.


domingo, 30 de janeiro de 2011

Cada vez mais jovens aderem à extrema-direita francesa



Infelizmente, na Europa de hoje, é mais fácil surgir um novo Hitler que um novo Lenin

















































David Rachline, 23 anos, coordenador nacional do FNJ: jovens compõem importante parcela da extrema-direita francesa. Foto: Divulgação
Rachline, 23 anos e coordenador nacional da FNJ: jovens compõem importante parcela da extrema-direita

Eles rejeitam o rótulo de extrema-direita - o consideram "degradante" - e admitem sem medo a admiração pelo líder Jean-Marie Le Pen, o maior representante do conservadorismo francês e que recém deixou a presidência do partido Frente Nacional, após tê-lo fundado há 38 anos. Uma adoração que antigamente era mantida em anonimato, agora não é mais tabu entre os jovens militantes do partido, cujo líder ficou conhecido por negar o Holocausto e fazer campanha pela expulsão dos muçulmanos da França.
A Frente Nacional da Juventude (FNJ) é responsável por quase a metade de um total de 22,4 mil militantes associados ao partido. As impressionantes 10 mil adesões de militantes com entre 16 e 30 anos começam a se aproximar dos cerca de 25 mil jovens militantes do principal partido de direita, o UMP - o mesmo do presidente Nicolas Sarkozy. Em uma pesquisa recente do instituto TNS/ Sofres, 22% dos franceses afirmaram que concordam com os principais argumentos do FN - contra 18% há um ano. Além disso, nada menos do que 43% dos eleitores do UMP desejam uma união com o partido da extrema-direita nas próximas eleições presidenciais.
Nos últimos anos, o UMP registrou uma perda de 6 mil jovens militantes, e estima-se que 12% deles tenham adquirido imediatamente uma carteirinha da Frente Nacional. Com o slogam "a França para os franceses", a página da FNJ no Facebook já reúne 4,6 mil fãs, que usam o espaço para reclamar da ineficiência do governo Sarkozy em combater a imigração e os efeitos da crise econômica - com frequência, a segunda é atribuída à primeira. "Eu trabalho desde os 18 anos e não ganho nenhuma ajuda social. Já os meus vizinhos africanos pagam apenas 50 euros de aluguel por mês. É insuportável", escreve Quentin, 22 anos.
"Nós estamos convencendo os jovens e os eleitores em geral de que não somos um partido de extrema-direita, mas sim um partido de direita nacionalista e soberana, que defende os interesses da França", justifica o coordenador nacional da FNJ, David Rachline, 23 anos.
Rachline - filho de um pai que vota à esquerda e de uma mãe indiferente à política - não tem o menor pudor em afirmar que concorda "100%, de A a Z" com as posições de Jean-Marie Le Pen, que em 1987 disse que a existência das câmaras de gás destinadas à eliminação massiva de judeus, ciganos, homossexuais durante a Segunda Guerra foi "um detalhe da história". Outro alvo constante do ex-presidente da sigla são os imigrantes. "É preciso distinguir na lei de imigração os estrangeiros de origem europeia, fáceis a se integrar à cultura francesa, e os oriundos do terceiro mundo", disse Le Pen. "Existe uma desigualdade das raças, assim como existe desigualdade de civilizações".
Para Rachline, alinhado desde os 15 anos ao partido, a imigração "é uma questão central, mas não é responsável por todos os problemas da França". Apesar da pouca idade, o jovem sustenta um discurso agressivo - embora populista -, sempre na defensiva. Acostumado a enfrentar as perguntas diretas e nem sempre agradáveis da imprensa francesa, Rachline gosta de interrompê-las para defender o partido. Ele aborda o tema da insegurança da cada instante, sempre logo após tratar do "problema da imigração". "A questão é que se continuarmos deixando as portas abertas para todo mundo, o verdadeiro povo francês vai desaparecer".

Admiração por Chávez


Rachline define os jovens que assumem a adesão às ideias da Frente Nacional como patriotas. "São jovens cansados de só ouvir promessas dos políticos de esquerda e direita e só ver a situação social e econômica da França piorar nos últimos anos", disse o militante, cujas convicções anti-globalização e protecionistas o tornam também um admirador de símbolos esquerdistas, como o presidente venezuelano Hugo Chávez. "É um homem forte, que resiste a todas as pressões, e que acredita, como eu, que o neoliberalismo e imperialismo americano são nefastos para todo o mundo". É importante lembrar que, nas eleições presidenciais de 2002 - que levaram Le Pen ao segundo turno -, a maioria dos jovens franceses votou na Frente Nacional. Foram 17% de votos para Le Pen, contra 14% para o candidato da direita tradicional (UMP), Jacques Chirac.

Outra liderança jovem do partido de extrema-direita, Jérémy Thébault, presidente da FNJ na região de Paris, defende que a Frente Nacional é o único partido da França que não tem medo de defender os direitos dos franceses "da gema". "É o único partido que decreta guerra contra os perigos que ameaçam o futuro dos franceses. É também o único que nos permite dizer que somos orgulhosos de ser franceses", defende Thébault, 24 anos. O universitário argumenta que, por ter a coragem de falar o que os outros partidos tergiversam a dizer, o FN tem conquistado cada vez mais o voto dos jovens. "Só o FN trata abertamente sobre a ligação estreita entre a insegurança e a imigração".
Na opinião do jovem, a juventude e o "espírito renovador" de Marine Le Pen, filha de Jean-Marie e herdeira do trono de líder do partido há duas semanas, vai atrair cada vez mais jovens militantes para a sigla. "Não existe mais essa hipocrisia de se definir como eleitor de direita, mas não assumir a opção pela Frente Nacional. Hoje, as problemáticas que nós apontamos na França acabaram virando problemáticas nacionais, até mesmo para a esquerda".

No processo de escolha de locais para depósito de resíduos perigosos, nos EUA (e no mundo), o factor mais determinante continua a ser a “raça” dos habitantes.

E no Brasil, é diferente?


Eco-racismo: quando a injustiça gera injustiça

No processo de escolha de locais para depósito de resíduos perigosos, nos EUA, o factor mais determinante continua a ser a “raça” dos habitantes. A nível global, o racismo ambiental traduz-se nas práticas de dumping ambiental.

Foi em 1987 que um relatório científico divulgado pelo Comité para a Justiça Racial da Igreja Unida de Cristo denunciou as ligações entre a degradação ambiental e a discriminação racial. O estudo utilizava dados estatísticos para demonstrar que a localização de lixeiras com resíduos tóxicos coincidia com a das comunidades de negros, hispânicos e asiáticos. Trata-se de um marco histórico, fortemente ligado com o surgimento de movimentos de justiça ambiental nos EUA que relacionaram a luta anti-racista com a defesa do meio ambiente.
Vinte anos depois, os dados foram revistos por peritos da área da Sociologia Ambiental, os quais refinaram a pesquisa inicial introduzindo novas técnicas de análise dos dados mais precisas, nomeadamente através da utilização de Sistemas de Informação Geográfica aplicados ao território dos EUA. O estudo “Toxic Wastes and Race at Twenty” veio reforçar a descoberta original ao demonstrar que, no processo de escolha de locais para depósito de resíduos perigosos, o factor mais determinante continua a ser a “raça” dos habitantes. Pior ainda, esta relação tornou-se ainda mais forte nos últimos 20 anos. Assim, à medida que nos aproximamos destes locais poluídos, não só o rendimento médio diminui, a par do valor das casas, como a percentagem de negros, hispânicos e asiáticos aumenta.
Foi com base nestas descobertas que se forjou o conceito de racismo ambiental. Mas a discriminação racial presente nos sucessivos governos norte-americanos não se fica por aqui. As “pessoas de cor” também são discriminadas nas políticas de mitigação dos danos provocados por desastres ambientais, como ficou bem demonstrado na reacção do governo dos EUA à destruição de bairros negros de Nova Orleães pelo Furacão Katrina, e são frequentemente negligenciadas no acesso à saúde quando sofrem as consequências da exposição a poluentes perigosos.
A nível global, o racismo ambiental traduz-se nas práticas de dumping ambiental. Diariamente milhares de toneladas de resíduos tóxicos são exportados dos países ocidentais para países sub-desenvolvidos. Indústrias poluentes, como as da extracção de cobre e ouro ou de siderurgia, podem desenvolver a sua actividade em países pobres, aproveitando-se da fragilidade destes países na criação e fiscalização de leis ambientais. Mas ainda mais ilustrativo é o que acontece com o lixo exportado para os países menos desenvolvidos, nomeadamente o lixo electrónico: enquanto que a Nigéria recebe diariamente milhares de componentes e aparelhos electrónicos em fim de vida para os depositar em aterros, na China e na Índia fábricas de desmantelamento deste tipo de resíduos operam sem qualquer respeito pelo meio ambiente ou pela saúde dos seus trabalhadores. Para que nós, os mais ricos, possamos mudar regularmente de computador, de telemóvel e de PDA, eles, os mais pobres, são forçados a carregar o fardo da produção de lixo electrónico.
Num mundo dividido por um falso “choque de civilizações”, a distribuição da água é igualmente marcada por atitudes xenófobas. A poluição provocada pelas maquilas (fábricas mexicanas localizadas junto da fronteira com os EUA cuja produção se destina à exportação) apenas começou a ser preocupação para o governo dos EUA quando resultou na contaminação das suas águas, extravasando a fronteira mexicana. Da mesma forma, não constitui motivo de preocupação para Obama que a Coca-Cola explore os rios da Índia de forma tão intensiva que põe em causa a sobrevivência das populações que se vêem privadas de água potável.
Os movimentos pela justiça ambiental representam uma ruptura com a ideia de que as questões ambientais não são questões sociais, ao pôr em causa um sistema produtivo que condena os mais pobres e marginalizados a suportar o custo ambiental do consumismo próprio dos mais ricos. Longe de alinhar com políticas equitativas que visam minorar os impactos sociais da poluição distribuindo-a de forma mais dispersa pela população, estes movimentos evoluíram para a reivindicação de modos de controlo democrático dos riscos ambientais aos quais a população se encontra exposta. Por outro lado, a sua avaliação da distribuição dos riscos ambientais tornou ainda mais clara a relação entre a “raça” e as condições sócio-económicas de vida. Ou seja, a cor da pele é um bom indicador do lugar de classe e ambas as variáveis são determinantes na exposição a riscos ambientais.







sábado, 29 de janeiro de 2011

Investigação de crimes da ditadura militar depende de “boa vontade” do Congresso

Elza Fiúza/03.jan.2011/Agência Brasil
Proposta que cria Comissão da Verdade está parada na Câmara desde maio e gera polêmica

Quando a nova ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, em seu discurso de estreia, pediu ao Congresso que aprovasse a criação da Comissão Nacional da Verdade, ela lançava uma primeira tentativa de destravar um processo estagnado há quase um ano, desde maio de 2010. 



Foi nesta data que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou ao Legislativo o projeto de lei que institui o órgão, ao qual caberá apurar violações dos direitos humanos ocorridas durante a ditadura militar (1964-1985).

De lá para cá, o texto permanece na Câmara dos Deputados, primeira etapa do trâmite, onde uma comissão especial deve ser ainda formada para analisá-lo. Em seguida, caso passe pela Casa, o projeto precisará do aval do Senado para somente depois ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff, que na juventude integrou movimentos armados de resistência à ditadura, foi presa e torturada por militares.



Além de não ter mobilizado os parlamentares nos últimos meses, o tema é polêmico e já causou atritos neste ano. No mesmo dia em que Maria do Rosário discursou em favor da Comissão da Verdade, o general José Elito Carvalho Siqueira, escolhido pela presidente para chefiar o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), minimizou a importância da entidade e disse que o Brasil deveria “pensar para frente” em relação ao que ocorreu na ditadura. A postura custou ao militar um puxão de orelhas de Dilma, que o repreendeu.

Das filas militares, emergem vozes que insistem na tese de que revirar o passado pode dar margem a uma onda de “revanchismo” por parte de ex-presos políticos e familiares de vítimas do regime. O risco é de que o clima de embate tome conta da Câmara, onde o debate sequer foi iniciado.



A deputada Luiza Erundina (PSB-SP), uma das principais defensoras da investigação dos crimes da ditadura, prevê dificuldades.


- É uma questão muito polêmica. Há parlamentares empenhados em integrar a comissão especial para inviabilizar a proposta.

Segundo ela, que pretende participar das discussões, a melhor forma de evitar que o diálogo seja travado é mobilizar a sociedade por meio de audiências públicas. No fim do ano passado, a Câmara dos Deputados organizou um seminário internacional sobre o tema.

- A ideia é trazer entidades e pessoas para que [a discussão] seja bastante plural, aberta, democrática, para ouvir o maior número de pessoas, sejam elas a favor ou contra.

Erundina diz querer um debate com “muita tolerância, paciência e compreensão de ambos os lados”, mas adianta que defenderá o projeto com “firmeza”. Em sua opinião, o Brasil precisa “sair da estaca zero” em relação aos crimes da ditadura, pois somente com o resgate da memória será possível “concluir o processo de redemocratização”.

- Enquanto outros países, como Chile e Argentina, que passaram por ditaduras até mais radicais que a brasileira, já chegaram à verdade sobre aquele período, o Brasil ainda questiona se permite ou não abrir os arquivos. No caso da Argentina, chegaram a punir ex-presidentes.

“Comissão da covardia”

Do outro lado, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) promete complicar o surgimento do que chama de “comissão da covardia”, cujo objetivo, em sua opinião, seria “desmoralizar as Forças Armadas”. Ele questiona o fato de que caberá exclusivamente ao presidente da República indicar os sete integrantes da comissão.

- Não pode haver uma comissão em que os sete membros são indicados pela presidente. E logo ela [Dilma], que é parte interessada.

Bolsonaro quer que “pelo menos três” dos sete membros da Comissão da Verdade sejam indicados pelas Forças Armada, e diz que o grupo deveria, além de investigar violações dos direitos humanos cometidas por militares, dedicar-se também a apurar os crimes dos grupos armados que os combatiam.

- Dizem que vão apurar tortura, morte, desaparecimento forçado e ocultação de cadáver, mas deixam de fora justiçamento, latrocínio, atentados a bomba, sequestro de autoridades estrangeiras, sequestro de avião e assalto a banco.

Caso saia do papel, a Comissão da Verdade terá dois anos para realizar seus trabalhos. Ao término do prazo, terá de apresentar um relatório com conclusões e recomendações.

O órgão, que ficará vinculado à Casa Civil, terá poderes para solicitar a entrega de documentos de seu interesse, inclusive os que sejam considerados sigilosos. Sua criação está prevista no PNDH-3, a terceira edição do Programa Nacional de Direitos Humanos, que é de dezembro de 2009.


Nota do Blog: É bom lembrar ao viúva da ditadura Jair Bolsonaro que as atividades revolucionárias das organizações guerrilheiras em combate a ditadura já foram punidas pelos gorilas, com torturas, prisões e assassinatos.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Cárceres dos Estados Unidos: imigrantes são negócio

E depois falam do Stalin


Revista Fórum

Uma investigação sobre a Lei Arizona encontrou nexos entre empresas que administram prisões nos Estados Unidos e personagens que impulsionam iniciativas para criminalizar a migração de indocumentados.


As leis anti-imigrantes nos Estados Unidos –como a SB1070, do Arizona-, têm um objetivo: que centenas de sem documentos sejam presos, visto que isso gera lucro. Entre os impulsionadores dessas legislações está a Corrections Corporation of America (CCA), empresa privada que administra 65 cárceres e centros de detenção de migrantes e que, somente por estes últimos, obteve lucros aproximados de 74 milhões de dólares em 2010.

Em entrevista ao El Universal, a especialista em temas migratórios, Andrea Nill revela o resultado da investigação que realizou junto com seus colegas do Center for American Progress –organização não governamental e de análise política, em Washington-, que expõe os supostos nexos da CCA com personagens próximos à governadora do Arizona, Jan Brewer, e o senador Russell Pearce, e que levam a questionar o interesse real de ambos em criminalizar a migração.

Além do fator econômico representado pela CCA –que cotiza na Bolsa de Nova York-, há também um fator ideológico: uma rede de advogados que integram o Immigration Reform Law Institute, um grupo orgulhoso de sua posição radical anti-imigrante ao qual pertence o republicano Kris Kobach, que redigiu a SB1070 e cobrou 13 mil dólares ao Arizona. Juntamente com sua equipe, colocou seus conhecimentos legais a serviço de outros Estados da União Americana para replicar esta norma.

Nill reconhece que não há nada ilegal nisso; porém, diante dos interesses em jogo, "é importante informar ao público, pois não sabe quem está escrevendo suas leis e talvez acredite que seus representantes têm seus melhores interesses em mente quando estão aprovando essas normas. Se todos tivessem conhecimento dessa situação, a Lei Arizona e suas similares não teriam um tão alto percentual de apoio”.

Um relatório da Secretaria de Relações Exteriores (SER) revela que desde que a SB1070 foi aprovada, em menos de dois meses –entre o dia 28 de abril e o dia 10 de junho de 2010-, em oito Congressos Estatais dos Estados Unidos legisladores republicanos apresentaram iniciativas que, em alguns casos, são cópias na íntegra da Lei Arizona, e que permitiriam que qualquer suspeito de estar sem documentos seja detido e encarcerado.

O poder por trás da lei

Em 2010, o Center for American Progress iniciou uma investigação sobre a Lei Arizona, com a participação de experts, como Andrea Nill. Em setembro passado, entregou um relatório final, que concluiu que por trás da norma de corte racista e discriminatório não havia somente um propósito de política migratória.

O documento revelou que, em dezembro de 2009, o Conselho de Intercâmbio Legislativo (ALEC, por suas siglas em inglês), grupo de enlace entre empresários e legisladores estadunidenses ao que pertence a administradora de prisões CCA, entrou em contato com o senador do Arizona, Russell Pearce, que desde 2005 contava com uma proposta anti-imigrante para dar forma final a um projeto de lei que desse amplos poderes à polícia local para deter qualquer pessoa suspeita de ser imigrante sem documentos.

Depois, na edição de janeiro-fevereiro de 2010 da revista publicada pelo ALEC, foi divulgado um texto que poderia ser considerado uma versão preliminar da SB1070 e, em abril desse ano, Pearce apresentou a versão final.

O Center for American Progress documentou também que a governadora do Arizona tinha em sua equipe de colaboradores de campanha e em sua administração pessoas ligadas a CCA, que, supostamente, haviam influenciado em sua decisão de aceitar a SB1070, como Pablo Senseman e Chuck Coughlin, identificados como gestores da corporação carcerária.

Inclusive, meios estadunidenses, como KPHO Arizona-TV e a radifusora NPR deram seguimento a essa investigação e documentaram –entre outros nexos- que a empresa Pershing Square Capital, com uma importante participação financeira na CCA, reconheceu que a rentabilidade da corporação "depende de um número crescente de imigrantes nas prisões”.

A investigação foi além do Arizona e encontrou que legisladores em outros Estados supostamente também têm sido financiados por ALEC-CCA para impulsionar leis similares a SB1070 no Tennessee, Oklahoma, Colorado, Flórida ou Pennsylvania.

A partir da informação obtida pelo American Progress, Andrea Nill tem claro que o objetivo da CCA ao promover leis anti-imigrantes é evidente: "É uma corporação de prisões privadas a quem interessa esse sistema que lhe permita ter mais prisioneiros, mais imigrantes sem documentos em suas prisões, o que leis como a SB1070 permitiriam”.

Lucros milionários

A CCA, que cotiza na Bolsa, em seu relatório anual na Nasdaq –cuja cópia está em poder de El Universal- revela que somente em 2009 obteve ingressos acima de 1 bilhão 660 milhões de dólares pela administração das prisões e centros de detenção migratória; porém, reconhece que a perda de qualquer uma das prisões estatais que administra –como a da Califórnia, cujo contrato vence em junho desse ano- teria um impacto negativo em suas finanças.

O documento indica que "o retorno dos reclusos da Califórnia para o controle estatal poderia ter um impacto adverso significativo sobre nossa situação financeira, resultados de operações e fluxos de efetivo. Uma diminuição nos níveis de ocupação poderia causar uma diminuição nos ingressos e na rentabilidade (...). Uma parte significativa de nossos ingressos é gerada em virtude de contratos de gestão de instalações que preveem dietas baseadas na ocupação diária”.

Andrea Nill afirmou que a governadora do Arizona declarou que a CCA não influiu em suas decisões; "porém, é muito difícil dizer isso quando pessoas que ocupam altos cargos, que trabalharam para ela têm conexões com a CCA”.

Comentou que a CCA também nega qualquer influência para impulsionar a legislação; "porém, não pode negar que se reuniram com Russell Pearce, pois é um fato público que todos sabemos, apesar de que não querem tomar responsabilidade; da mesma forma, não podem dizer que não têm interesse nesse tipo de lei e nos benefícios que essas lhes trarão. O certo é que essas leis vão resultar em aumento no número de prisioneiros imigrantes”.




quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Polícia vai apurar maus tratos contra criança negra no Extra



A Polícia de S. Paulo já tem as características do principal suspeito da prática de maus tratos e ameaças contra o menino negro, de 10 anos, tomado por suspeito de furto de mercadorias e levado a uma salinha na loja do Hipermercado Extra, da Avenida Marginal do Tietê, na Penha. O caso aconteceu no dia 13 de janeiro - uma quinta-feira - por volta das 17h15. 

O garoto foi obrigado a se despir para comprovar que não levava nada no corpo. O inquérito para apurar o caso já foi aberto e será presidido pelo delegado Marcos Aníbal Andrade, do 10º DP da Penha, onde a ocorrência foi registrada pelo pai do garoto, o reciclador, Diógenes da Silva.

O principal acusado tem aparência oriental – é descrito como japonês no Boletim de Ocorrência – e foi o mesmo que pegou um canivete e ameaçou o garoto. Outros dois homens teriam participado da agressão à criança.

Na sala para onde foi levado e ameaçado – além de chamado de “negrinho sujo” – outros dois menores, conhecidos porShireck e Dau - também foram interrogados sob ameaça. Todos foram obrigados a abaixar as calças e levantar as blusas.

O que mais revoltou o pai, além da violência sofrida pela criança, que chegou em casa chorando e permanece traumatizado, é que o garoto foi abordado depois de ter passado no caixa e exibido aos seguranças a Nota fiscal provando que havia pago pelos biscoitos, salgadinhos e refrigerantes. A Nota foi conferida por um dos seguranças, constatando que o garoto nada devia. “Mesmo assim, foi levado para uma salinha”, conta o pai.

“Chamaram meu filho de neguinho sujo, fedido. Esse japonês pegou um canudo de papelão e ficava batendo na mesa. E aquele chicote está lá? Perguntava a outro segurança. Chegaram a comentar que o meu filho ia tomar três e os outros dois meninos doze chicotadas. Meu filho é apenas uma criança, não devia ter sido tratado assim, até porque ele não furtou nada no estabelecimento. Tenho o cupom fiscal, o que ele comprou pagou”, acrescentou o pai do garoto, que mora com a mulher e uma filha num apartamento financiado na Rua Kampala, na Penha.

Ameaças

O mesmo homem, segundo o relato do menino, pegou um papelão enrolado e começou a bater na mesa dizendo, em tom ameaçador: “isto é bom para bater”. Também teria perguntado a um outro homem, igualmente de aparência oriental, onde estava o chicote.

Nesta quinta-feira (27/01), o advogado Dojival Vieira, constituído pelo pai do garoto, se reunirá com o delegado Marcos Aníbal Andrade para acompanhar as investigações da Polícia. Para o encontro foram convidados o presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE), Ivan Seixas, e o Presidente da Comissão do Negro e Assuntos Anti-discriminatórios da Ordem dos Advogados do Brasil de S. Paulo (CONAD), Eduardo da Silva, além do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem, Martim de Almeida Sampaio para acompanhá-lo.

O advogado disse que pedirá ao delegado que requisite as imagens do circuito interno da loja, solicite aos responsáveis pelo Extra a apresentação dos nomes dos seguranças que estavam de serviço e o nome da empresa contratada. Ele também disse que, além de acompanhar as investigações, entrará com Ação de Indenização por danos morais contra o Pão de Açúcar.

Segundo o advogado, além da violação aos artigos 230 e 232 do ECA, foram cometidos ainda os crimes de cárcere privado, previsto no artigo 148 do Código Penal, e mais a injúria racial prevista no parágrafo 3º do artigo 140 do CP. As penas podem chegar a até oito anos de prisão para os responsáveis.

Rotina

As denúncias envolvendo seguranças de supermercados e lojas em shoppings tem sido freqüentes, em especial, envolvendo pessoas negras. 

No ano passado, o vigilante da USP, Januário Alves de Santana, foi tomado por suspeito do roubo do próprio carro – um EcoSport – numa loja do Carrefour de Osasco – e espancado por cerca de trinta minutos. O caso teve forte repercussão no país e no exterior e a empresa acabou por fazer acordo extra-judicial, pelo qual indenizou o vigilante em condições consideradas satisfatórias. O Inquérito Policial – que tramita no 9º DP de Osasco - está para ser concluído. 

Providências

A Assessoria de Imprensa do Grupo Pão de Açúcar – a quem pertence o Hipermercado Extra –, em Nota, negou que tenha havido violência e garantiu que “os funcionários agiram de maneira respeitosa e ética”. Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, porém, a própria Nota é contraditória porque não nega os fatos ocorridos na loja, embora afirma que não se passaram conforme o relatado.

Logo após o encontro com o delegado, o advogado, os pais do garoto e os presidentes do CONDEPE e da CONAD, darão entrevista coletiva às 16h, na sede do CONDEPE (Páteo do Colégio – centro de S. Paulo) para falar sobre as providências que serão adotadas visando o acompanhamento das investigações e a cobrança de providências junto à empresa e às autoridades. 

Veja vídeo - Programa Manhã Maior, de 20/01/2011- Rede TV


Egipto: Mubarak em xeque

Imaginem como devem estar os sionistas de Israel, o levante está se espalhando por todo mundo árabe, clique aqui para conferir. O mundo está mudando, está aberto um novo ciclo revolucionário, quando é que a Europa vaio entrar nessa? Alô Portugal, está na hora de tirar aquele velho cravo da gaveta!

Protestos não param nem de noite, apesar das mil prisões e seis mortes. Facebook é principall ferrramente da mobilização. El Baradei diz que vai ao Cairo participar dos protestos. Esquadra de polícia incendiada. EUA pedem calma.
Nem de noite pararam os protestos. Foto Al Jazira, FlckR
As manifestações no Egipto não deram trégua ao governo e, apesar da proibição e das prisões efectuadas pela polícia – terão sido mais de mil pessoas detidas – prosseguiram durante toda a noite e nesta quinta-feira. Pelo menos seis pessoas já morreram devido à repressão da polícia.
Há relatos de confrontos durante a noite em bairros próximos à região central do Cairo, onde se concentram os grandes protestos que exigem a renúncia do presidente, Hosni Mubarak, há 30 anos no poder. Na cidade de Suez, manifestantes incendiaram um posto de polícia.
Os protestos no Egipto começaram na terça-feira e foram inspirados no levante popular na Tunísia que, há duas semanas, derrubou o presidente, que estava no poder havia 23 anos.
A rede social Facebook está a ser a principal ferramenta usada para convocar os protestos. “Filhos do Egipto, tomem as ruas”, é a mensagem que se espalha pela rede, impulsionada pelo grupo Jovens de 6 de Abril. O twitter, outra ferramenta essencial, foi bloqueada pelas autoridades, mas na manhã de quinta já voltou a funcionar.

Baradei diz que apoia manifestações

O opositor egípcio Mohamed El Baradei, ex-director da Agência Internacional de Energia Atómica e Nobel da Paz em 2005, que vive em Viena, afirmou que vai ainda esta quinta-feira juntar-se à vaga de protestos
“Vou voltar ao Cairo e às ruas porque, na verdade, não há eleições. Temos toda esta gente nas ruas e esperamos que as coisas não fiquem feias mas, até agora, parece que o regime não entendeu a mensagem”, afirmou El Baradei em declarações ao site “The Daily Beast”.
El Baradei criou no Egipto em Fevereiro passado a Associação Nacional para a Mudança – uma plataforma política lançada para a campanha presidencial deste ano. Para ele, “muitos egípcios já não toleram mais o Governo actual”, nem mesmo por um período de transição.

Boatos sobre Mubarak

Entretanto, circulam os mais desencontrados boatos sobre o paradeiro do presidente Mubarak, que ainda não foi visto desde o início dos protestos.
O filho do presidente, Gamal Mubarak, de 47 anos, apontado como sucessor do pai Hosni, de 82 anos, foi visto numa reunião partidária no Cairo, não se confirmando a sua fuga. Mas ninguém sabe onde está o presidente – se no Cairo ou na residência de Verão de Sharm el-Sheikh.
Apenas o primeiro-ministro, Ahmed Nazif, apareceu para dizer que o povo pode manifestar-se pacificamente, mas que a polícia intervirá com força para proteger a segurança nacional.
Esperam-se grandes manifestações nesta sexta-feira, depois das orações, que já estão a ser convocadas.

EUA apelam à calma

Em Washington, a secretária de Estado Hillary Clinton, que considera Mubarak um aliado vital no Médio Oriente, apelou à calma e pediu ao governo egípcio que promova reformas que vão no sentido exigido pelos manifestantes.
“Acreditamos que o governo egípcio tem uma importante oportunidade neste momento de implementar reformas políticas, económicas e sociais para responder às legítimas necessidades e interesses do povo egípcio”, disse Clinton.
O Egipto recebe anualmente dos EUA uma ajuda militar de 1.300 milhões de dólares, apenas inferior à que a Casa Branca dá a Israel.
A população do Egipto é de 80 milhões de pessoas, e cresce à razão de 2% ao ano. Dois terços da população têm menos de 30 anos, e é nessa faixa etária que estão 90% dos desempregados. Cerca de 40% da população vive com menos de 2 dólares por dia.

Protestos espalham-se nos países árabes

Nesta quinta-feira também houve manifestações no Iémen, onde milhares de pessoas foram às ruas da capital Sanaa para exigir a renúncia do presidente, Ali Abdullah Saleh, no poder há mais de 30 anos.
Relatos vindos do país dão conta de que há manifestações em quatro diferentes pontos da cidade.
Organizadores convocaram estudantes e a sociedade civil para protestar contra a corrupção e as políticas económicas.
Jordânia e Argélia também vêm enfrentando manifestações, embora em menor escala, reprimidas pelas forças de segurança destes países.